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Cavaco quer a salvação dos credores (e já agora do seu partido), mas chama a isso "salvação nacional".
Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão cujos conselhos tanto sucesso têm trazido aos portugueses, vem mais uma vez defender a flexibilização laboral nos países do sul da Europa.
O processo de fleixbilização dos despedimentos foi iniciado com o código de Bagão Félix, sob o Governo de Durão Barroso; aprofundado com Vieira da Silva, já com Sócrates; e complementado sob Passos Coelho, num processo que o PS aceitou.
O argumento é velho: "Quando a protecção contra os despedimentos é alta, os mais velhos não podem ser despedidos e isso está bem, mas então os jovens não têm acesso" ao mercado laboral, diz Schauble e todos os inúmeros defensores da flexibilização dos despedimentos.
O que a prática continuada de dez anos prova é que desde que a taxa de desemprego teve um crescimento continuado desde que o código Bagão entrou em vigor. Os mais velhos são despedidos, não encontram emprego e os mais novos continuam sem acesso ao mercado de trabalho
A dívida sobe, a incerteza prossegue e mesmo assim há dias em que os tão sensíveis mercados mostram saber portar-se como uns homenzinhos (aqui e aqui).
Quando forem notados os resultados apresentados no boletim económico de Verão do Banco de Portugal (pdf) ficará mais clara a actuação do Governo que ainda aí está.
Em larga medida, explicam o ímpeto crescente da chantagem para manter o Executivo PSD/CDS-PP. Há (aqui e aqui, por exemplo) quem não queira perder os rendimentos.
Deixar que os resultados tornem claro o valor das políticas da coligação, da tróica e da União Europeia pode contribuir para a pasokização do PSD. Eleições a realizar ainda este ano, preferencialmente entre Setembro e Outubro seriam talvez clarificadoras.
Em contrapartida, a pasokização pode atingir o PS caso este partido assuma um acordo - a ver o que sai da já marcada reunião da Comissão Política Nacional onde têm assento figuras críticas do consenso para a "Salvação Nacional" tão desejado pelo parcialíssimo Cavaco - e admita ir às eleições no prazo fixado por Belém, 14 de Junho de 2014.
Como já muita gente disse, Gaspar sai reconhecendo a derrota das suas políticas e perante a iminência do segundo resgate. Portas tentou fazer o mesmo, pondo corpo e reputação fora do navio cercado pelas inúmeras sereias que pedem que o acorrentem mais uma vez a políticas inviáveis e inevitáveis.
E, depois, os principais defensores da estabilidade governamental (PSD, CDS-PP, Cavaco), sempre prontos a chamar irresponsáveis aos que pedem eleições antecipadas, não se preocuparam nada em lançar o país numa sucessão de demissões (Gaspar, Portas), reuniões, adiamentos, escalada de
juros e pressão dos mercados.
Lembra a história do parricida que pede ao juiz para se condoer da sua sorte de pobre órfão.
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