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Disparates sem sentido

por Tempos Modernos, em 28.06.17

António Barreto é um dos mais insuportáveis comentadores nacionais. Verborreico, pedante, elitista. E sem fibra.

 

A João Miguel Tavares (cujas qualidades comerciais passaram e passam, no essencial, por dizer mal de Sócrates como se não houvesse amanhã e por se comportar de modo bastamente parvinho - atributos que muito se apreciam na imprensa a que chegámos) ocorreu propor o ex-funcionário da fundação do merceeiro holandizado para chefiar uma comissão de investigação independente aos fogos de Pedrógão Grande.

 

Foi o que de independente ocorreu ao jornalista na coluna que lhe deram no Público. E propôs Barreto sem se rir. O que deve afastar a intenção piadística que cultiva.

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publicado às 10:14

A caminho do fim

por Tempos Modernos, em 28.06.17

 

 

Fere os ouvidos de tão óbvio: É inconcebível a não existência de um convite do Governo para o PSD participar na ronda de reuniões com o primeiro-ministro acerca da floresta. E não seria necessária qualquer declaração do Executivo para se saber que o PSD estava inevitavelmente convidado para essas reuniões.

 

Depois de Passos Coelho ter dito o que disse, parece revelar-se uma inultrapassável inaptidão dos actuais representantes do partido para fazerem sentido político. Sem se deterem vão do indizível e do intolerável aos joguinhos florais mais irrelevantes.

 

Morais Sarmento já fala como sucessor de Pedro Passos Coelho. Com Durão Barroso, de quem é amigo e de quem foi ministro, e com José Luís Arnaut, o ex-ministro integra um grupo de peso dentro do partido. Pelo que representam e pelas vidas políticas conhecidas isso está longe de ser bom para o futuro do país.

 

Mesmo que seja Sarmento a afastar Passos Coelho, isso está longe de ser benéfico para os portugueses.

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publicado às 09:55

Alienar o Estado

por Tempos Modernos, em 27.06.17

Conto de memória e sujeito a erros. Há uns anos no Instituto de Defesa Nacional, onde fazia um curso de Segurança e Defesa para Jornalistas, contava um dos formadores que em determinada altura se tinha entregue a alimentação das forças da NATO na ex-Jugoslávia a empresas civis de catering. Queria-se poupar e o concurso foi vencido por uma companhia italiana.

 

Todavia, talvez nem tudo tenha corrido tão bem como o lado financeiro. A tropa portuguesa, por exemplo, já tinha pouca paciência para tanta massa. E as marinhas mundiais já há muito que perceberam a importância da boa alimentação a bordo para manter o moral.

 

Mas nem é a questão dos apetites que interessa por aí além. Todos os problemas fossem esses. Em determinada altura, uma qualquer unidade militar de um qualquer país acabou uns dias largos cercada e sem abastecimento. Por causa dos riscos, os funcionários das empresas civis recusaram-se a ir alimentar os homens. Coisa que não aconteceria se em vez de companhias de catering, tivessem enviado companhias de administração militar.

 

Lembro-me sempre destas histórias quando vejo histórias como as do fecho ou alienação do Laboratório Militar, dos hospitais militares, da Manutenção Militar, das Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento e de vários estabelecimentos fabris militares, como os Estaleiros Navais do Alfeite.

 

Há algum laboratório farmacêutico interessado em desenvolver medicação para o paludismo quando os medicamentos para a queda de cabelo dão mais dinheiro? Tem-se preferido fechar, privatizar, em vez de procurar modelos de gestão, produção e de investigação mais modernos. Lembrei-me de tudo isto por causa dos custos e falhas do SIRESP, que talvez com contratação de meios civis e outra organização das coisas, pudesse ter sido desenvolvido pelos armas, classes e especialidades de transmissões e comunicações das Forças Armadas.

 

Não é que as coisas não falhem. A minha confiança é até relativamente baixa. Mas os Estados Unidos da América há muito que perceberam a importância para a economia do desenvolvimento de equipamentos. Nem tudo tem de ser aplicado em material de guerra e boa parte dos inventos tem aplicações civis.

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publicado às 10:10

O indizível

por Tempos Modernos, em 26.06.17

O primeiro-ministro que mandou os portugueses emigrarem e deixarem de ser piegas resolveu cavalgar o incêndio de Pedrógão Grande falando de um suicídio ocorrido por falta de apoio psicológico.

 

Mesmos queitinhos, seria complicado que Passos Coelho e o PSD não fossem politicamente beneficiados pela catástrofe.

 

A voracidade com que o presidente laranja se atirou à oportunidade que viu nascer da tragédia ilumina um carácter.

 

Escusa de pedir desculpas e dizer que se enganou. Há coisas indizíveis.

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publicado às 20:15

O estado da arte

por Tempos Modernos, em 25.06.17

Há excepções. Mas isto é a regra no jornalismo português.

 

Se se quiser informação asseada não é com os jornalistas e editores que hoje estão no terreno e nas redacções que a teremos. Viram os fogos de Pedógão Grande? Vêem a informação política, económica ou desportiva?

 

Também não será com o que se ensina nas faculdades e escolas de comunicação que se terá informação com real valor informativo. O produto intelectual que sai das universidades e que se reproduz nelas e fora delas não é adequado à função jornalística. É, até, jornalística e informativamente incompetente.

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publicado às 14:39

Deontologia pela manhã (acrescentado)

por Tempos Modernos, em 25.06.17

Entrevistados pelo canal Q, dois jornalistas, desses mais divertidos, contam histórias sem sequer darem conta de que estão a confessar atropelos deontológicos.

 

Num caso, confessa-se o interesse de um patrocinador na cobertura de um evento desportivo-radical por determinado jornalista.

 

No outro caso, confessam-se responsabilidades de uma redacção na exibição ao estilo apanhados da entrevista de uma mulher - com evidentes défices culturais - que nunca foi para o ar.

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publicado às 13:55

Assinalar a data

por Tempos Modernos, em 19.06.17

Os dias não recomendam a escrita.

 

Apenas assinalo a data de hoje para depois voltar ao tema.

 

Recebi pelo correio, hoje, dia 19 de Junho, a Jornalismo & Jornalistas, nº 64 Jul/Set 2017.

 

Esta edição da revista do Clube dos Jornalistas é dedicada ao 4ª Congresso dos Jornalistas - que se realizou em Janeiro (e que depois teve de ser esticado para mais umas pinguinhas em Março).

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publicado às 16:58

Que vias na social-democracia?

por Tempos Modernos, em 12.06.17

Animam-se muitos (aqui e aqui, por exemplo) à esquerda com os resultados do trabalhista Jeremy Corbyn nas legislativas do Reino Unido. Acreditam mesmo que poderá ditar reversões a nível internacional nas tendências liberalizantes da social-democracia.

 

Em França, o candidato do PSF à presidência, Benoît Hamon, também veio da franja esquerda do partido socialista e acabou copiosamente derrotado. Ficou até atrás de Melenchon, o candidato presidencial apoiado pela esquerda da esquerda. Talvez tenha sido afectado pelo efeito Hollande que, militante do PSF e após a chegada ao Eliseu, depois de derrotar Sarkozy, deitara por terra as esperanças de muitos eleitores numa França governada à esquerda.

 

Depois, muitos socialistas um pouco por todo o lado garantiram que em França teriam votado em Macron, que fora ministro de um Executivo do PSF. Hamon pode não ter conseguido sobreviver à espargata entre Melenchon e Macron e à fuga de eleitores habituais provenientes das franjas esquerda e direita do PSF.

 

Jeremy Corbyn não tem contra si os efeitos erosivos de uma governação recente como teve Hamon, mas ainda assim talvez seja complicado antecipar mudanças definitivas de rumos políticos e de resultados.

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publicado às 10:49

Uma que não deixa saudades no jornalismo

por Tempos Modernos, em 11.06.17

Raquel Abecassis terá deixado o jornalismo para concorrer a uma junta de freguesia lisboeta nas listas do CDS-PP e de Assunção Cristas. Talvez seja melhor no exercício do cargo do que no exercício jornalístico.

 

Fez parte durante anos dos quadros da Rádio Renascença, um canal de referência noticiosa, onde chegou a directora-adjunta, e fez muitas vezes análise política nas televisões. Nos últimos tempos escreveu no digital da estação artigos contra a pós-verdade, embora nada a recomendasse para se insurgir contra as ideias falsas propaladas como verdadeiras.

 

A seguir às últimas legislativas, Raquel Abecassis insurgiu-se contra a Constituição que retardava a formação de Governo. A Lei Fundamental é um suspeito habitual, mas o prolongar do tempo para a entrada de um Governo em funções deveu-se mais à acção lenta e ressentida de Cavaco - em quem provavelmente Raquel Abecassis votou - do que ao que está escrito nos vários artigos do capítulo acerca da Formação e Responsabilidade do Governo.

 

Nada do que ali vem impede que um Governo entre em funções num prazo de duas semanas, no máximo de três, após as eleições. O Presidente da República tem de ouvir os partidos, o que pressupõe que estes falem primeiro entre eles, a remoer resultados, durante um par de dias após as eleições. Isso dá depois outro par de dias para o PR ouvir os partidos, outro tanto para para tomar uma decisão. E entretanto estamos no sábado seguinte. O PR nomeia, o Governo tem dez dias para apresentar o programa à Assembleia da República, o Parlamento três para o discutir. E o Governo entra em efectividade de funções. Está tudo escrito entre os artigos 187º e 192º da Constituição.

 

Mas Raquel Abecassis resolveu lançar-se à Constituição e opinar contra o que lá vem realmente escrito, sem que nas semanas seguintes isso a impedisse de criticar a chamada pós-verdade noticiosa - uma coisa que ela própria vinha ajudando a construir.

 

Olhe-se por onde se olhe nada recomendará muito Raquel Abecassis como jornalista e analista política.

 

Raquel Abecassis pode não ter lido a Constituição e pode ter falado de cor, o que revela uma prática jornalística medíocre.

 

Raquel Abecassis pode ter lido a Constituição e não ter percebido o que leu, o que também não lhe revela especiais dotes no exercício da profissão.

 

Raquel Abecassis pode ter lido a Constituição, ter percebido o que lá vem escrito e mesmo assim ter opinado como opinou. E isso arrasa quaisquer qualidades jornalísticas.

 

Olhando à volta, para a classe, acredito bastante que Raquel Abecassis caiu numa das duas primeiras possibilidades. A classe tem as qualidades, competências e capacidades de reflexão que tem. Chamam-se uns aos outros e reproduzem-se. E então nas chefias a mediocridade directamente proporcional aos egos é confrangedora. E isso reflecte-se dramaticamente na qualidade da informação produzida.

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publicado às 11:07

Um que se devia enxergar

por Tempos Modernos, em 11.06.17

José Gomes Ferreira, que logo na escolha do nome profissional não evitou confundir-se com o poeta, continua por aí, director-adjunto da SIC, a querer confundir o que faz com jornalismo. Será entretenimento, será até opinião, mas sem o lado da análise jornalística, sem verdadeiro contraditório e sem pluralismo, mas jornalismo não é.

 

Esta semana, José Ferreira mais que do uma entrevista terá entrado num debate com o primeiro-ministro António Costa, "o António" como tratou o governante em plano de igualdade. Depois, após as críticas que choveram, que o pessoal tornou-se mais atento, veio escrever um lençol digital onde acusa os críticos e as redes sociais de pulsão censória

 

José Ferreira é parte bem visível da má moeda jornalística, a  moeda da lei de Grisham, que Cavaco celebrizou. A moeda má que afasta a boa. O jornalismo é infrequentável por causa dos Josés ferreiras - e de muitos outros com quem partilho carteira profissional, mas não espaço nas redacções - que a má moeda evacou-as de asseio jornalístico.

 

Ferreira até pode indignar-se como uma virgem ofendida com as críticas que lhe fazem. Mas se José Ferreira quiser mesmo falar de calar pontos de vista e de pulsões censórias talvez devesse olhar em redor, olhar para o jornalismo português e perguntar-se onde estarão e em que quantidade e em que cargos os que têm pontos de vista diferentes dos seus. O proveito lúbrico está mostruosamente longe de estar do lado dos que o criticam.

 

 

 

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publicado às 10:46

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