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Mais remodelações aguardam vez

por Tempos Modernos, em 18.10.17

As mortes nos comandos não permitiam a continuidade do CEME, nem do ajudante-general do Exército e da chefia do Serviço de Saúde Militar, nem das chefias do regimento.

 

O alegado assalto a Tancos não permitia a continuidade do CEME, nem do quartel-mestre general, nem dos comandantes das cinco unidades que garantiam a segurança do paiol.

 

A condução política que permitiu tantas continuidades (alguns saíram por divergências com o CEME, entretanto) não permite a continuação do Ministro da Defesa (e nem do CEME).

 

Com a esperada e inevitável queda da ministra da Administração Interna, o reajuste devia seguir noutra das pastas de soberania.

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publicado às 09:31

Estratégia de desgate

por Tempos Modernos, em 10.02.17

Mário Centeno vem frustrando sucessivos avisos catastrofistas acerca da economia portuguesa feitos pelo PSD, CDS, Comissão Europeia, OCDE, FMI e eurogrupo.

 

Os partidos da oposição esperam fazê-lo cair com os contornos trapalhões da nomeação de António Domingues para a administração da Caixa Geral de Depósitos. Mas o Governo de Pedro Passos Coelho e de Paulo Portas deixou o banco público armadilhado. Apesar da surpresa deixada por aqueles dois governantes, o ministro das Finanças do Governo de António Costa conseguiu negociar uma solução aprovada por Bruxelas.

 

A estratégia da oposição é de desgaste - quer do titular das Finanças, quer do banco público - mas está-se mesmo a ver a vontade que António Costa, PS e as esquerdas parlamentares terão de deixar cair o ministro.

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publicado às 13:08

A coluna vertebral mordida

por Tempos Modernos, em 31.12.16

Francisco Assis não tem (nem nunca teve) um programa exaltante para o PS.

 

Todavia, um par de reparos na caixa de comentários de uma notícia que se lhe refere é o grau zero da política e da inteligência crítica.

 

Acusam-no de estar a morder a mão que lhe dá de comer quando contestar a solução governativa do seu próprio partido.

 

Que a utilizem num contexto - o da luta política - que se deseja participativo e plural diz muito das convicções democráticas e cidadãs.

 

Também já a ouvi da boca de uma jornalista, lá na revista. O que diz bastante das qualidades para o exercício da função.

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publicado às 08:48

Traição para o Natal

por Tempos Modernos, em 23.12.16

No final do ano passado, um grupo não dispiciendo de jornalistas de política deu Vieira da Silva como um ministro que agradaria à Esquerda.

 

A afirmação é apenas mais uma das muitas que expõem as fragilidades de análise de um grupo maioritariamente pouco capaz de dizer coisas que colem com a  realidade.

 

Vieira da Silva já em tempos tinha mexido o Código de Trabalho de Bagão Félix a favor dos patrões, o que não era de molde a deixar a esquerda descansada. Medidas nascidas e propostas pela direita e amplamente criticadas à esquerda, acabam reequacionadas por Vieira da Silva.

 

Recentemente, mostrou-se incapaz de pensar fora do esquematismo liberal, quando solicitado a fazê-lo pelo Reitor da Universidade de Coimbra - o que mais vincava a alienação de grande parte do grupo dos jornalistas de política.

 

Agora, Vieira da Silva volta a aproveitar uma ideia da Direita e entrega um catita cabaz de Natal aos patrões da CIP, CCP e CAP, ao pôr os contribuintes a subsidiarem-lhes (através da redução da Taxa Social Única) um muito atrasado aumento do salário mínimo nacional.

 

António Costa pode dar voltinhas, falar de Natal e pôr os tuítes oficias do PS a dizer que fecharam 2016 com chave de ouro.

 

No essencial e na substância, fecha o ano com uma traição dos acordos que lhe têm mantido o Governo, disse-lhe a esquerda parlamentar com todas as letras, aquiaquiaqui. Entre a tentação da maioria absoluta e da aliança com o sucessor de Passos Coelho, o PS balançará?

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publicado às 17:10

A indignação impensada e ruidosa (reeditado)

por Tempos Modernos, em 11.12.16

Está na casa dos vinte ou dos trinta anos. Aguarda na reprografia da Biblioteca Nacional que lhe acabem de copiar várias páginas de uns grandes e grossos volumes de lombada oitocentista e estragada.

 

E indigna-se. Onde é que já se viu fazer na Biblioteca Nacional a cerimónia da entrega do espólio de José Saramago, que terá a presença de António Costa. Devia ser no Centro Cultural de Belém, que aquilo está cheio de salas vazias, onde se gastaram milhões e a que não se dá o uso prometido aquando da construção, assevera.

 

Pouco interessa ao indignado que se trate da entrega do espólio do Nobel da Literatura de 1998 à Biblioteca Nacional de Portugal. Onde tinha de se realizar a cerimónia era no CCB. Lá nessas salas do centro cultural lisboeta é que tinha de ser entregue o espólio à nacional biblioteca, que era para dar uso ao equipamento alegadamente parado.

 

Por acréscimo, achará, talvez, que uma biblioteca é um depósito de livros. Uma coisa sem vocação para mais nada. Ao indignado, também não ocorreu a contenda entre Saramago e Cavaco. Ou o que a construção do Centro Cultural de Belém significa na política cultural cavaquista.

 

Podem passar-se horas com livros à frente e não se dizer coisa com coisa.

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publicado às 12:27

Prioridade, mas só de alguns

por Tempos Modernos, em 27.11.16

Esta, das 18:54, onde Marcelo Rebelo de Sousa dizia que a "estabilidade do sistema financeiro" é "prioridade nacional" era para ser lida com esta, das 19:59, acerca da demissão de António Domingues da administração da Ciaxa Geral dos Depósitos.

 

Aparecem contratempos, dizia o Presidente da República, "uns dias de manhã", "outros diàs à tarde", "outros à noite" ou "à noitinha."

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publicado às 20:05

Os supremos critérios editoriais

por Tempos Modernos, em 07.11.16

Há jornalistas que recebem em mão, papinha feita, o documento com a privatização da TAP que vai no dia seguinte ao último Conselho de Ministros de um Governo à beira de ser substituído por outro que já avisou que irá reverter qualquer privatização da transportadora aérea. Remetem a coisa para um rodapé mal-amanhado da primeira página, de tal modo que a bomba será aproveitada por outros ao longo do dia. É o que se chama estragar lagosta da melhor.

 

Há jornalistas que ouvem alguém do Governo dizer haver obrigação de toda a gente declarar rendimentos e património, na sequência da polémica com a administração da Caxa Geral de Depósitos. Sem outra citação, concluem que essas palavras querem dizer que o ministro das Finanças, que tem a tutela da CGD, sairá do Governo em Janeiro. É o que se chama fazer croquetes de raspas de carne para os cães.

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publicado às 16:49

Leixa-prem informativo

por Tempos Modernos, em 05.11.16

O jornal Sol noticia a saída do ministro das Finanças em Janeiro. E outras publicações vão atrás. António Costa reagiu dizendo ser “um disparate completo que o ministro esteja para sair”. Mas o facto está criado e o Público conclui que “Costa segura Centeno”, como se tivessem garantias cruzadas de que a hipótese de demissão de Centeno é um facto insofismável – é o que sugere o verbo escolhido pelo diário. Num Governo só se segura aquele que está para cair.

 

Infelizmente, este tipo de notícia, as que dão conta da dissolução iminente do Executivo do PS, têm sido uma tendência nas publicações do grupo editorial deste que o Governo tomou posse. Têm tido demasiadas manchetes e títulos a confundir desejos próprios com a realidade.

 

Desta vez, pelo que está disponível online, pouco se conclui quanto à consistência da informação veiculada. As fontes estão por identificar. E as declarações citadas que o jornal considera não poderem ser mais explícitas nada têm que ver com a saída de Centeno – que é o título da notícia e manchete do semanário. Falam sim da entrega das declarações de rendimentos e património da administração da Caixa Geral de Depósitos.

 

Às tantas, parte volumosa da informação política portuguesa assenta em factos criados e alimentados pelos jornais como se correspondessem à realidade. Um deixa cair e o outro apanha. Ainda se trata de jornalismo? Fica informado quem só leia as gordas e não esteja preparado para a hermenêutica do que é publicado pelos jornais?

 

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publicado às 19:58

Equação sem soluções à vista (acrescentado)

por Tempos Modernos, em 07.08.16

Portugal escapou às sanções e será preciso ver se consegue evitar os cortes nos fundos estruturais cuja decisão foi diferida para Setembro.

 

Se a execução orçamental vai andando dentro das metas, há outras questões preocupantes em termos financeiros. A dívida e a estagnação económica são decisivas. E ainda vem aí a queda dos bancos italianos e alemães a dificultar (ou a impedir) a retoma.

 

O país está obrigado pela União Europeia a cumprir um determinado défice. De contrário, é castigado de acordo com os compromissos e regras acordadas. Vê-se pois forçado a gastar com a Administração Pública apenas uma percentagem muito baixa do PIB.

 

Para evitar as despesas o Estado evita fazer investimentos. Mas sem investimentos, o país não melhora a situação económica. E assim, não aumenta o Produto Interno Bruto, que permitiria, com a mesma despesa na administração, continuar a baixar o défice tal como previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento, Tratado Orçamental e nos compromissos europeus.

 

Uma pescadinha de rabo na boca e uma equação irresolúvel. Até porque a Dívida não pára de subir. Até porque se torna necessário pagar os juros que foram relativamente diferidos e se vão vencendo entretanto.

 

Governos sucessivos atiraram para o futuro os juros de empréstimos - boa parte dos quais contraídos por necessidades de desenvolvimento. Piores foram os contraídos junto da tróica, que serviram para pagar a especulação financeira e as apostas de risco da banca. Tal como está, a dívida portuguesa é impagável.

 

Ou se põe fim ao Tratado Orçamental ou se renegoceia a dívida. O ideal seria fazer as duas coisas. O que acabará por suceder, porventura a mal. Continuar a fazer de conta não resolve nada. Mas é ainda essa a perpectiva de muitos dos próximos do PS.Se bem que não de Pedro Nuno Santos ou João Galamba - o futuro socialista.

 

Da banda empresarial pede-se investimento, mas continuam a fazer-se as mesmas exigências de cortes no Estado e no Trabalho - sem perceberem como não bate a bota com a perdigota.

 

A solução de experiência económico-social que o país gozou durante os quatro anos de Passo Coelho e Paulo Portas conduziu ao atraso e a um retrocesso do desenvolvimento  e não resolveu nenhum problema real do país.

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publicado às 17:04

Há umas quantas semanas, jornalistas da secção de política de um dos periódicos nacionais queixavam-se das instruções diárias das chefias para fazer notícias que indiciassem cisões entre os partidos que apoiam o Governo de António Costa.

 

É um tipo de registo informativo que fala mais dos estados de alma dos jornalistas que o promovem que da realidade dos factos. Durante a última campanha eleitoral, só se viu um jornalista a acertar no Governo que aí viria, caso a coligação de Passos Coelho e Paulo Portas não chegasse à maioria absoluta.

 

O resto ignorou essa opção. Com desdém, desenhou cenários de menosprezo da capacidade de entendimento dos partidos da esquerda parlamentar. Bem se lixaram. E pagaram com um erro evitável a informação que deram aos leitores.

 

Mas a falha grosseira não teve grandes consequências a nível da consciência jornalística. Pelo menos, nada que afectasse por aí além um certo tipo de raciocínio. No Expresso, grande jornal político, persiste-se na análise de sondagens a partir do paradigma mental que determinou o espanto com a coligação parlamentar entre PS, BE e CDU.

 

Nova sondagem do semanário faz título com "PS e BE à beira da maioria absoluta". E continua-se na entrada com um "PS poderia dispensar CDU de um entendimento à esquerda para conseguir governar". Fazem-se, pois, contas com base na possibilidade de correr com um dos partidos de esquerda, procuram-se portas de entrada para o minar da confiança entre parceiros de uma coligação que tem funcionado.

 

A leitura de quem faz a análise é formalmente inatacável. Os números não deixam de poder ser lidos como foram. Infelizmente, confunde informar com estados de alma pessoais e colectivos da corporação activa e evita pôr outros dados na mesa.

 

A força da coligação que apoia o Governo PS decorre também da amplitude de forças que a constituem. Tem mais peso só por si uma solução com os três partidos que uma solução que contasse apenas com um deles. Não é indiferente me termos simbólicos ter o apoio de toda a esquerda parlamentar ou ter apenas o apoio de parte desses partidos. Os ganhos desta solução são muitos. Já as perdas não as conheço.

 

Ter BE e CDU na equação permite ao PS jogar um com o outro (e até com um contra o outro, nas muitas circunstâncias em que ambos se queiram emular). Ter  o BE permite ao PS justificar muitas das chamadas medidas fracturantes e modernizantes. Ter a CDU permite trazer para a solução governativa uma massa específica sindical e autárquica que o BE não tem.

 

Depois, para o PS, a CDU é uma enorme garante de fidelidade ao acordado. O BE garante aos socialistas uma combatividade e uma vivacidade não despiciendas.

 

Deitar fora um dos parceiros da coligação parlamentar, minaria a confiança dos parceiros. Quando chegará a minha vez, perguntaria o outro. E, enquanto isso, o que ficasse de fora só dificilmente se voltaria a mostrar disponível para entendimentos. Mesmo que tenha sido apanhado num momento irreptível, António Costa sabe que fez História ao unir as esquerdas.

 

Duvida-se que esteja disposto a deitar fora o que conquistou.

 

 

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publicado às 17:06


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