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Do ponto de vista do interesse português, mais essencial que o passa-culpas pela responsabilidade do défice será escapar às sanções. Mas há um certo discurso jornalístico que insiste em penalizar o Governo apoiado pela esquerda parlamentar por não estar a aplicar outro Orçamento em 2016.

 

Dizem jornais (não podem dizer que não sabem) que Portugal e Espanha "irão ser alvo de sanções por não terem adoptado «medidas eficazes» para corrigirem os défices excessivos". Dizem mais. Dizem que os dois países não terão "tomado medidas suficientes para reduzir o défice em 2014 e 2015".

E, no entanto, quando ontem António Costa prestava declarações acerca das conclusões saídas do Ecofin, uma jornalista perguntava-lhe se conseguia "garantir que os argumentos a apresentar à comissão europeia das boas intenções do governo não passarão por medidas adicionais".

 

Costa respondeu-lhe, mas a resposta é tão evidente que não se percebe o sentido da pergunta: Que medidas adicionais em 2016, poderão reduzir o défice até 2015, aquele  que a Comissão, o informal e ambíguo Eurogrupo e o Ecofin disseram querer sancionar?

 

O discurso várias vezes repetido pelos responsáveis europeias fala das metas falhadas de 2015, mas um grupo grande de jornalistas insiste em sanções que dizem respeito à execução em curso para 2016.

 

Terão as suas fontes? Se assim é, constituirá ingerência de entidades externas na política portuguesa e nas escolhas democráticas de um governo e do seu apoio parlamentar. E essa é uma questão que nesses exactos termos parece passar ao lado de muitos jornalistas portugueses - pelo menos dos que mandam a estas coisas.

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publicado às 11:03

Os amigalhaços

por Tempos Modernos, em 03.07.16

"Temos de punir os pecados do passado, mas com o olho numa futura redenção”, justifica uma fonte da Comissão Europeia a antecipar três semanas que Bruxelas dará a Portugal e Espanha para tomarem medidas que lhes permita cumprir o défice de 2015.

 

O articulado traz ranço protestante, uma linguagem de castigo e provação. Uma crença fundamentalista no divino do velho Testamento que lhes justificará a ideia omnipotente de que dois países possam actuar retroativamente sobre contas passadas.

 

Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa afirmava não se dever aplicar nenhuma sanção ao "Governo de Passos Coelho, porque não merece", nem ao "Governo de António Costa porque, na pior das hipóteses, ainda não merece, ou nunca merecerá".

 

O que a Comissão Europeia promete é castigar o actual primeiro-ministro pela governação daquele que lhes seguiu (com gosto) as imposições. A juntar à vontade várias vezes anunciada, há as estranhas declarações de Maria Luís Albuquerque: Se fosse ela a ministra das Finanças o país não sofreria sanções.

 

Como foi sob o seu exercício que o país falhou o défice que pode provocar as sanções, não deve ser de especial competência que Maria Luís se gaba. Do que a ex-ministra se fia é de a Comissão Europeia ser constituída maioritariamente por parceiros europeus do PSD e do CDS-PP. E esses preferem ajudar os seus e fazer a folha a um governo apoiado por uma maioria de esquerda que tem apresentado bons resultados em termos de execução orçamental.

 

 

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publicado às 18:57

Danças e conselhos de concertação anti-sociais

por Tempos Modernos, em 30.06.16

Subir Lall falhou sem explicações a reunião que tinha marcada com o Conselho de Concertação Social (CCS). No seu lugar mandou uns senhores que ninguém sabia quem eram, mas que ouviram e tomaram nota.

 

Da próxima, o chefe de missão do Fundo Monetário Internacional corre o risco de que - ao menos uma das centrais sindicais - mande um dos seus administrativos à reunião. Lall bem se pode justificar com uma falha de comunicação. Quem acredita que tanta gente, e de interesses tão divergentes, tenha ido ao engano a uma reunião do CCS que afinal era outra coisa?

 

Todavia, nem tudo foi tempo perdido em mais uma actuação do FMI em Portugal. Enquanto por aí andava, Subir Lall aproveitou para deixar recados acerca da política económica e social do governo. Com um sentido de oportunidade curioso, antecipava o tom e conteúdo das declarações de Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão. E vincava a vontade sancionatória da comissão bruxelense.

 

 

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publicado às 12:31

Desnortes europeus II

por Tempos Modernos, em 27.06.16

Bruxelas quer impor sanções a Portugal e Espanha por causa do falhanço do seu próprio plano de ajustamento - um regime de empobrecimento e de tranferência de riqueza que é soberana, económica e socialmente criminoso.

 

Logo no seguimento do Brexit, ameaçaram o Reino Unido com retaliações e deixaram claro ser eles os donos da Europa. De modo cobarde, esperaram pelas eleições em Espanha - não fossem prejudicar o PP, partido que lhes fez os fretes.

 

Oito anos de crise espalhada e ainda não perceberam nada da Europa que criaram nem das consequências da hostilidade, humilhações e ressentimentos que teimam em cultivar. Se têm mesmo vontade de manter o projecto de pé, não se nota muito.

 

O referendo proposto ontem por Catarina Martins na convenção do Bloco de Esquerda, pode não ter cobertura constitucional, mas possivelmente já antecipava a notícia desta segunda-feira. Alguma coisa terá de fazer-se. E se a coisa não é reformável por dentro, bem se pode criar algo de limpo e asseado ao lado.

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publicado às 15:05

Enganam-se sempre nos sebastiões

por Tempos Modernos, em 29.09.12

 

Cúmplice de poderes maiores, o génio da Finança, cuja dicção e ciência muitos saudaram nas últimas páginas dos diários, vai falhando estrepitosamente o cumprimento do défice. E não foi por falta de avisos. Só páram quando os pararem.

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publicado às 10:40

A julgar pela fotografia escolhida para ilustrar esta notícia foram os dois meses de Gaspar como ministro das Finanças (Passos Coelho tomou posse a 21 de Junho) que conduziram à quebra de 22 por cento no défice de Estado.

 

Há opções editoriais que até parecem propaganda.

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publicado às 20:32

Petição para correr com o cretino

por Tempos Modernos, em 11.09.11

 

Que um antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Medeiros Ferreira, troque a sua omnipresente ironia para chamar "cretino" ao comissário europeu da Energia deve querer dizer alguma coisa.

 

Quem quiser escrever ao comissário alemão exigindo-lhe a demissão (ou lembrar-lhe que há motivos piores para um país se tornar conhecido do que a violação de um défice artificial) pode usar esta ligação. Eu já o fiz.

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publicado às 19:13

Impunes e inimputáveis

por Tempos Modernos, em 05.04.11

 

 

 

Os bancos portugueses anunciaram que vão deixar de comprar a dívida pública nacional, o que na prática se resume a que vão deixar de emprestar dinheiro ao País e receber juros altos.

 

Não foi muito por causa da situação de instituições como o BCP, o BPN e o BPP que o défice nacional progrediu enormemente? Não pagámos todos as nacionalizações e brutais injecções financeiras que muito ajudam a que tenhamos baixado ratings nos mercados e que estes salivem com o olho no que resta do país? Não se fez essa despesa com a desculpa de evitar os efeitos de propagação à restante banca nacional?

 

Como sai um ideia destas de uma reunião realizada no Banco de Portugal, instituição não eleita mas com responsabilidades na condução das políticas do Estado?

 

Quando passarão a ser publica e jornalisticamente tratados com a reserva e  distanciamento crítico que os nossos eleitos felizmente já merecem?

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publicado às 13:05

O elogio da escravatura

por Tempos Modernos, em 11.03.11

 

 

 

Ainda gostava de saber que vantagens no combate ao déficit terão as mexidas no mercado de trabalho pedidas pela Comissão Europeia de Durão Barroso e pelo BCE conduzido por alemães.

 

Na altura em que o Executivo do PS anuncia novas medidas no âmbito do PEC, o Jornal de Negócios ouviu alguns economistas que defendem que Portugal tem de pedir 80 mil milhões de euros ao fundo de resgate.

 

A excepção é João Ferreira do Amaral, que foi ministro de Sá Carneiro.

 

Em entrevista recente dada ao i, e conduzida por Ana Sá Lopes e Nuno Aguiar, lembrou-se que o ex-assessor económico dos presidentes Soares e Sampaio foi o único fora da área do PCP (e, acrescento eu, do Bloco) a criticar a adesão ao Euro, e a dizer que a economia portuguesa não tinha condições para se adequar aos níveis de competitividade exigidos pela moeda única.

 

Vai continuar-se a ouvir os que nos conduziram à crise ou passar a escutar quem alertou para o que aí vinha?

 

 

 

 

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publicado às 23:29

O imperialismo monetário

por Tempos Modernos, em 04.03.11

Não sei se o meu gosto pela História Medieval não virá da convivência infantil com um painel de Jorge Colaço que há na subida para o castelo, em Torres Novas.

 

Este é da estação de São Bento, no Porto, por onde também passei muito precocemente.

 

A história do aio Egas Moniz e família lembra-me qualquer coisa. Só que nessa altura, Afonso Henriques lutava para manter a independência da nação recém-nascida.

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publicado às 12:25


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