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Os abutres

por Tempos Modernos, em 22.04.17

morte de uma pessoa por atropelamento no contexto de um confronto entre adeptos de futebol junto ao estádio da Luz tem vários cúmplices morais.

Entre eles contam-se vários directores, editores, jornalistas e canais de televisão. Não só semeiam as tempestades como depois lucram com elas.

Cúmplices são também, pelo menos, um presidente de clube, alguns assessores de imprensa clubísticos e vários comentadores afectos a clubes de futebol. 

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publicado às 17:06

Civilidade e bom-trato

por Tempos Modernos, em 12.12.16

Depois da avalanche de insultos dirigidos por Jorge Jesus a Rui Vitória na época passada, foi ontem, finalmente, possível, e apesar das queixas manifestadas com a arbitragem, ver o treinador sportinguista tratar o adversário de modo urbano e civilizado.

 

Também em Play-off, programa de debate futebolístico, da SIC Notícias, regressou Manuel Fernandes para substituir Inácio, o que constituirá uma assinalável obra de asseio e higiene. O ex-jogador do Futebol Clube do Porto e do Sporting tornara o programa absolutamente infrequentável.

 

Antes dele, com Manuel Fernandes, discutia-se futebol. Com Inácio aquilo tornou-se um palco de má educação, insultos, e sectarismo - um estilo que deve muito ao do norte futebolístico dos anos 1980 e 1990.

 

E o moderador bem merece esta mudança.

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publicado às 13:01

Falta de espelhos

por Tempos Modernos, em 20.10.16

Na semana passada, o dia-a-dia do comentário desportivo nacional incendiou-se na sequência de declarações de André Ventura, comentador benfiquista da CM TV acerca de Assembleia Geral do Sporting. Não foram dias gloriosos para gente civilizada.

 

Rui Santos na SIC Notícias queixou-se da qualidade dos discursos dos comentadores desportivos. Uma coisa que também interessa a algumas televisões, acusou. É bonito, mas não deve ter espelho em casa.

 

O canal de Pinto Balsemão foi o criador do modelo com o insuportável Donos da Bola. Se outros canais, oferecem José Eduardo, Manuel Serrão, André Ventura e Pedro Guerra - modelos a evitar cuidadosamente -, já a SIC Notícias tem Rui Gomes da Silva e principalmente Inácio – o mais fosforescente dos comentadores desportivos nacionais, num painel a que pertence o próprio Rui Santos.

 

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publicado às 14:56

Entre o espectáculo e a informação

por Tempos Modernos, em 14.10.16

Há dias, num programa de debate futebolístico, o jornalista e comentador desportivo António Tadeia queixava-se da paragem dos jogos do campeonato nacional que o levava a estar 20 minutos a falar de relvados artificiais. Em causa estava o estádio onde a selecção de futebol portuguesa jogaria com as Ilhas Faroé.

 

Pouco depois, no Diário de Notícias, voltou à carga. Quer saber

 

"a quem aproveita esta interrupção no calendário competitivo dos clubes europeus para que se joguem os desafios de qualificação para o Mundial de futebol? Quer a verdade? A ninguém. Perdem os clubes, perdem as sele[c]ções, perdem os adeptos e perdem os meios de comunicação, que também são parte importante na mobilização de gente para o espe[c]táculo."

 

De acordo com Tadeia, o que interessa aos espectadores é falar do jogo e isso não acontece apenas com jogos da selecção. Lá terá as suas razões, mas sinceramente enquanto espectador fiquei a saber coisas coisas acerca de relvados artificiais que explicam parte do percurso da selecção portuguesa de futebol no Euro que acabaria por vencer. E também do percurso da selecção islandesa, um habitual bando de coxos, saco de pancada do futebol europeu, que, desta feita, acabou por chegar aos quartos-de-final da competição.

 

De há uns anos para cá, os islandeses, que por causa das condições atmosfericas apenas conseguiam jogar à bola um par de meses por ano, terão começado a construir grandes pavilhões municipais com relvados artificiais. Deste modo, os futebolistas daquele país inóspito começaram a poder treinar o ano inteiro. Ou seja, nas vésperas do último europeu, os jornalistas desportivos não informaram os espectadores portugueses de que a sua selecção de futebol ia jogar com uma equipa que tinha mudado drasticamente os hábitos de treino.

 

Ou seja, os jornalistas que acham  que conversa acerca de relvados artificiais não interessa a ninguém, não repararam que os relvados artificiais contribuiram para um amargo de boca de que a selecção portuguesa não estava à espera e que lhe podia ter custado caro. E nem a selecção à espera, nem os espectadores das dezenas de horas de debate futebolístico das televisões. Apetecia dizer aqui qualquer coisa acerca da função constitucional do jornalismo. Mas o texto de Tadeia é mais acerca de espectáculo e de como o servir, que acerca de jornalismo e de como servir a informação.

 

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publicado às 20:58

As lesões benfiquistas

por Tempos Modernos, em 14.10.16

Farto de os ouvir sem contraditório passei a dar ao desporto uma atenção que já não dava há um par de décadas. E o cenário está longe de ser brilhante. Veja-se a cobertura das sucessivas e incuráveis lesões do plantel do Benfica.

 

Não faltam os programas de debate. Há neles até – a moderar e a comentar – gente por quem tenho estima pessoal e consideração profissional. E, contudo, não se aproveita nada do que dali sai. Guerrinhas estúpidas entre clubes, insultos, ofensas, discussões de lances duvidosos. Horas a fio nisto. Mesmo o que se aproveitava, com profissionais a falar de desporto, parece ter acabado de vez.

 

No último mundial de futebol, antes de Portugal entrar em cena, assistiu-se a inúmeras discussões entre jornalistas por causa das diferenças dos treinos da selecção portuguesa e da alemã. Ambas as equipas estavam no mesmo grupo e iam jogar em Manaus, lugar desgastante e de humidades altíssimas.

 

Longos dias os jornalistas questionaram as vantagens dos alemães estarem a treinar num ambiente semelhante aquele em que iam jogar. A selecção portuguesa treinava noutro sítio qualquer – de condições muito distantes daquelas que iria enfrentar quando começassem os jogos da fase de grupos.

 

Apesar das dúvidas levantadas por jornalistas em estúdio, nunca a nenhum (que desse por isso) ocorreu informar-se com especialistas de medicina desportiva, de treino de alta competição. Em vez de darem a ouvir opiniões abalizadas, limitavam-se a repetir que se calhar a Alemanha fazia bem e Portuga fazia mal.

 

Depois do primeiro jogo (Alemanha, 4-Portugal, 0), lá apareceu um jornalista (salvo erro, Rui Santos) com uma tese ou estudo acerca do treino de adaptação de desportistas de alta competição a condições extremas. O que devia ter sido dado antes, só foi dado depois da porta arrombada. Não existiu o debate que se calhar poderia ter sido feito em antecipação, e com possibilidades de correcção. Os jornalistas não têm de ser especialistas em tudo aquilo de que falam, mas se não sabem, têm a obrigação de ir perguntar a quem sabe para cumprir a sua função informativa.

 

É exactamente o que agora se passa com as lesões do plantel benfiquista. Não basta aos jornalistas, que ocupam dezenas de horas de antena televisiva, referirem a existência de um batalhão de lesionados no plantel benfiquista. Não lhes basta dizerem que é estranho, fazer notícias a dizer que a SAD encarnada já mandou perguntar o que se passa. Não basta aos repórteres dizerem que o Sporting aproveita as redes sociais para mandar bocas ao rival por causa das lesões.

 

Os jornalistas não podem aceitar como boa a explicação de que se trata de azares acumulados ou ficar satisfeitos com informação lacunar – que deviam ter sido eles a tentar obter - deixada escapar por ex-futebolistas em programas de debate.

 

Os jornalistas têm, mais uma vez, de falar com especialistas em medicina desportiva, em treino de alta competição, de lhes perguntar o que se pode passar no departamento clínico, nos treinos da equipa da Luz. Só com essa informação podem questionar a equipa, o treinador, o preparador físico, os médicos. Só com informações de especialistas podem fazer as perguntas certas. E obter as respostas que interessam, as respostas que informam. É só isso que se pede aos jornalistas. O resto, a conversa, tantas vezes entre adeptos alarves, não adianta nada ao seu papel constitucional de informar.

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publicado às 18:22

Apenas de me recordo de um ano lectivo em que na primeira aula de Educação Física o professor se lembrou de fazer provas de salto em comprimento, lançamento de peso e corrridas de velocidade e de meio-fundo. Registou os resultados, os meus seriam confrangedores, mas não faço a mínima ideia do que lhes terá acontecido.

 

Tenho a certeza de que estes resultados não foram aproveitados para encontrar talentos, fazer uma selecção da escola, participar em campeonatos escolares regionais e em campeonatos escolares nacionais. Duvido que, entretanto, tenha ocorrido a alguém dinamizar este tipo de provas de modo contínuo e ao estilo do que se vê nos filmes americanos.

 

Não percebo nada do assunto, mas acredito que fosse uma maneira de descobrir vocações, aumentar o número de atletas e estimular melhores resultados. Com o actual modelo, apenas os excepcionais e os mais teimosos podem conseguir evidenciar-se. É um modelo poupadinho, conforme exigido, de aposta nos melhores dos melhores, que esquece que da quantidade surge a qualidade, que a emulação consegue muito.

 

Apesar da baixa intensidade de uma aposta nacional no desporto, ainda há quem reclame dos resultados dos portugueses nos Jogos Olímpicos (alguns, nunca desmerecendo, com manchetes indigentes). E nas televisões, o espaço para o atletismo e outras modalidades - tardes e manhãs inteiras nas duas RTP, com corta-mato, meetings de atletismo, torneios de ténis, provas de esqui, de natação, de saltos para a água, de ginástica, de ciclismo - foi substituído, desde a fundação da SIC, pela monocultura do futebol e dos debates canalhas e sectários.

 

 

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publicado às 13:54

Maus prenúncios desportivos

por Tempos Modernos, em 03.08.16

Ainda o campeonato de futebol não começou e já comentadores clubísticos aquecem os motores com conversa poluidora

 

Uns atacam o Sporting por causa da contratação de um miúdo de 15 anos, filho de Fontelas Gomes, o novo presidente do conselho de arbitragem.

 

Outros o Benfica, cuja fundação alegam ter dado bolsas a árbitros em formação.

 

Se jornalistas alimentam e lucram com estes ataques, que ocupam antena nas estações e canais televisivos, já se esquecem demasiadas vezes de aprofundar e investigar as acusações.

 

Ficam as citações dos comentadores a abrir jornais desportivos e a alimentar audiências. Como se os mandadores de bocas fossem fontes ou se o que dizem tivesse valor noticioso só por si.

 

 

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publicado às 11:15

Desvituar critérios editoriais

por Tempos Modernos, em 01.08.16

Estas declarações de Augusto Inácio eram um bom pretexto para pôr fim à sua colaboração no Play-Off.  O programa da SIC-Notícias surgiu como espaço informativo, onde o futebol era explicado por antigos profissionais. Apesar das ligações clubísticas dos comentadores, aquilo não era um formato de entretenimento com adeptos engajados.

 

Ninguém deixava de reconhecer erros e defeitos da própria equipa ou de elogiar as qualidades das dos outros. E, aliás, os antigos jogadores António Simões e Manuel Fernandes explicaram estes critérios a Rodolfo Reis quando o antigo capitão portista chegou ao programa para substituir António Oliveira

 

Com Inácio tudo mudou. O seu discurso é uma mera repetição dos jogos mentais saídos de Alvalade e elo da correia transmissora de uma estratégia comunicacional. Se Inácio está ali "para servir o Sporting" em vez de servir a informação acerca do Futebol, seria melhor que se juntasse a um programa com parceiros como Pedro Guerra ou Manuel Serrão. Há quem aprecie esses ambientes,

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publicado às 13:06

Ideias feitas ou nacionalismos instantâneos

por Tempos Modernos, em 12.07.16

Um tipo fica satisfeito com a vitória no Euro 2016, mas custa-lhe a entender tanto discurso a explicar o que os franceses e o resto da Europa e do mundo finalmente já viram - o que é meterem-se com uma nação de poetas, com um país de marinheiros.

 

 

 

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publicado às 12:29

11 contra 11 e no final ganha Portugal

por Tempos Modernos, em 11.07.16

E num dia grande para o desporto português ainda houve duas medalhas de ouro no europeu de atletismo em Amesterdão (Sara Moreira na meia-maratonaPatrícia Mamona no triplo salto), duas de bronze (Jésssica Augusto também na meia-maratona e Tsanko Arnaudov no lançamento de peso) e um segundo lugar numa etapa da Volta à França (para o ciclista Rui Costa).

 

A ver se amanhã Portugal prossegue nesta crista da onda.

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publicado às 12:06


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