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O generalato emagreceu

por Tempos Modernos, em 27.09.17

Os anúncios de pedidos de passagem à reserva de oficiais-generais  tenderão a multiplicar-se por razões que pouco têm que ver com a condução política conjuntural do Ministério da Defesa, como certos comentários podem fazer crer.

 

O dispositivo operacional do exército português assentou durante bastante tempo numa lógica de quadrícula territorial. Isto multiplicava os lugares de generais de três estrelas e dos seus segundos comandantes.

 

No pós-25 de Abril, no essencial, com quatro regiões militares e duas zonas militares, comandadas por oficiais-generais. Em regra, as primeiras eram comandadas por generais de três estrelas e as segundas por generais de duas estrelas. Brigadeiros (e depois os seus substitutos majores-generais) comandavam brigadas operacionais independentes - durante muito tempo apenas a (Mista e depois Mecanizada) de Santa Margarida.

 

Havia ainda estruturas com competências técnicas no âmbito da acção das armas e dos serviços: cinco direcções de armas e várias direcções de serviços. Os directores das armas eram generais de três estrelas e os dos serviços generais de duas estrelas.

 

Em relação ao antecedente, o novo paradigma assenta em grandes unidades operacionais de nível brigada, que são neste momento comandadas por generais de uma estrela - uma novidade já com alguns anos. A já não tão recente lei orgânica limita bastante o quadro de oficiais-generais, designadamente no que toca aos generais de três estrelas - que perderam pelo menos nove lugares.

 

Neste contexto, de cada vez que ocorrerem promoções a tenente-general o mais provável é que se assista ao pedidos de passagem à reserva dos majores-generais que não foram promovidos e que se viram ultrapassados na antiguidade.

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publicado às 12:11

Mata e esfola

por Tempos Modernos, em 06.07.17

Havia aí um jornal que ia ouvir Barreto de cada vez que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas levava com um chumbo do Constitucional. Já se sabia que com o homem estava sempre garantido um par de frases de ataques à Lei Fundamental, uma coisa do PREC a pedir alteração de cabo a raso.

 

Agora, depois disto, logo depois disto, lá estava o sociólogo de serviço a uma entrevista de Vítor Gonçalves na RTP. Que era para ajudar a pensar o país na sequência dos fogos de Pedrógão Grande, justificava-se o membro da direcção do canal. E olha que dois para o fazerem.

 

As ideias estúpidas propagam-se com grande velocidade nos meios de comunicação social portugueses, que reproduzem como boas as superficialidades uns dos outros. Em regra para o mesmo lado, que falta-lhes em originalidade o que lhes sobra na constância das apostas pessoais. E Gonçalves faz parte do conjunto de jornalistas que não nos sossega propriamente quanto à qualidade da informação e do contraditório.

 

Entretanto, Judite Sousa, que nos andou a servir reportagens e directos com mortos nas imagens de fundo, serviu-nos também um debate que meteu os roubos de Tancos comentados pelos directores Paulo Ferreira e António Costa. Mas o canal podia ter convidado logo Assunção Costas e Passos Coelho, se era para a coisa ficar um bocado mais plural e diversa de pontos de vista. Ou aquele outro moço que garantia a pés juntos a existência de armas de destruição massiva no Iraque e que entretanto para fundar uma publicação sacou uns trocos a uns amigos de Durão Barroso.

 

Que se há-de fazer? Anda aí muita gente com carteira profissional de jornalista, mas sem perceber que jornais não são blogues.

 

 

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publicado às 12:08

Alienar o Estado

por Tempos Modernos, em 27.06.17

Conto de memória e sujeito a erros. Há uns anos no Instituto de Defesa Nacional, onde fazia um curso de Segurança e Defesa para Jornalistas, contava um dos formadores que em determinada altura se tinha entregue a alimentação das forças da NATO na ex-Jugoslávia a empresas civis de catering. Queria-se poupar e o concurso foi vencido por uma companhia italiana.

 

Todavia, talvez nem tudo tenha corrido tão bem como o lado financeiro. A tropa portuguesa, por exemplo, já tinha pouca paciência para tanta massa. E as marinhas mundiais já há muito que perceberam a importância da boa alimentação a bordo para manter o moral.

 

Mas nem é a questão dos apetites que interessa por aí além. Todos os problemas fossem esses. Em determinada altura, uma qualquer unidade militar de um qualquer país acabou uns dias largos cercada e sem abastecimento. Por causa dos riscos, os funcionários das empresas civis recusaram-se a ir alimentar os homens. Coisa que não aconteceria se em vez de companhias de catering, tivessem enviado companhias de administração militar.

 

Lembro-me sempre destas histórias quando vejo histórias como as do fecho ou alienação do Laboratório Militar, dos hospitais militares, da Manutenção Militar, das Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento e de vários estabelecimentos fabris militares, como os Estaleiros Navais do Alfeite.

 

Há algum laboratório farmacêutico interessado em desenvolver medicação para o paludismo quando os medicamentos para a queda de cabelo dão mais dinheiro? Tem-se preferido fechar, privatizar, em vez de procurar modelos de gestão, produção e de investigação mais modernos. Lembrei-me de tudo isto por causa dos custos e falhas do SIRESP, que talvez com contratação de meios civis e outra organização das coisas, pudesse ter sido desenvolvido pelos armas, classes e especialidades de transmissões e comunicações das Forças Armadas.

 

Não é que as coisas não falhem. A minha confiança é até relativamente baixa. Mas os Estados Unidos da América há muito que perceberam a importância para a economia do desenvolvimento de equipamentos. Nem tudo tem de ser aplicado em material de guerra e boa parte dos inventos tem aplicações civis.

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publicado às 10:10

Os exageros dão outra dimensão a crimes graves

por Tempos Modernos, em 04.11.16

Altas patentes da Força Aérea envolvidas em caso de corrupção nas messes, dizia-se ontem nas primeiras notícias.

 

Se são altas patentes, pensa-se em coronéis e em generais. Vai-se a ver e, para já, há um major, dois capitães e três sargentos detidos.

 

Se se ficarem por aqui, há um mundo de diferença no que toca a responsabilidades. Um major comanda, quando muito, uma esquadra. É grave, mas altas patentes implicaria um outro grau de envolvimento da instituição - com quebras de confiança dramáticas na estrutura de comando.

 

Se a coisa se ficar por aqui, ou quem fez as peças não percebe nada de tropa, ou deixou-se ir na bazófia de quem passou a informação e publicou sem confirmar. Falhou, de qualquer modo.

 

 

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publicado às 16:43

Histrionias de Verão

por Tempos Modernos, em 27.08.16

Os incêndios florestais em Portugal trazem sempre alguns tópicos populistas de discussão.

 

Primeiro, surge a ideia peregrina de lançar os incendiários às chamas. Já a ouvi da boca da mesma pessoa que lançava beatas de cigarro pela janela do carro e que se zangava por lhe chamarem a atenção.

 

Depois, fala-se dos desempregados e dos beneficiários do rendimento de inserção que devem se postos a limpar matas. Não ocorre aos proponentes que a falta de limpeza das florestas portuguesas também decorre das poupanças obtidas com o fim dos guardas florestais, atirados para a GNR, e até dos cantoneiros da antiga JAE. Entre a criação de empregos ligados à floresta e o forçar desempregados e pobres a limpar as matas há sempre uns quantos a preferir a segunda opção.

 

Por fim, outro tópico recorrente é o do uso dos militares no combate aos incêndios. Se há quem queira aproveitar desempregados e beneficiários do rendimento mínimo em trabalhos de limpeza de mata para o qual não têm vocação nem treino, é natural existir quem queira desviar as Forças Armadas daquilo para que elas servem e para o que são treinados.

 

Isto, embora, em caso de necessidade, as Forças Armadas possam e devam apoiar os bombeiros e a protecção civil. Como ainda agora se viu claramente na Madeira. A Força Aérea até poderá usar horas de voo em treino de ataque a incêndio. Durante o Verão o Exército pode e deve fazer treino de campo e patrulhas nas matas. A arma de Engenharia pode e deve abrir picadas e estradas corta-fogos. 

 

Mas se calhar, sem treino específico, os militares do Exército apenas serão aproveitáveis como auxiliares, na retaguarda dos bombeiros, e nas situações mais dramáticas. Não se substituem a forças de combate a incêndios bem treinadas e bem equipadas. Mas não é disso que se trata, o pressuposto desses críticos (e, por um variado conjunto de motivos, há jornalistas entre os mais excitados pelas chamas) é que as Forças Armadas gastam dinheiro e não fazem nada, tal como os desempregados e os beneficiários do rendimento mínimo. Entre a opção de planear e ordenar para evitar catástrofes e emergências, há sempre uns quantos que preferem improvisar.

 

 

 

 

 

 

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publicado às 14:52

Insondáveis desígnios jornalísticos

por Tempos Modernos, em 13.07.16

Um amigo pergunta-me se eu também poria esta notícia na secção de sociedade. Ora, o que sei é que desde há muito que os desígnios do grosso dos meus camaradas jornalistas são insondáveis.

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publicado às 11:00

Sensibilidade e outras prendas femininas

por Tempos Modernos, em 21.04.13

 

(Foto: agroportal.pt)

 

Berta Cabral que nas regionais açorianas tentou descolar-se da governação de Passos Coelho entra no Governo em registo de remodelação a conta-gotas e pela pasta da Defesa.

 

Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargento, duvida da escolha: Berta cabral não é "propriamente uma pessoa da área da Defesa" e isso provocará "atrasos". 

 

Pelo lado dos oficiais e da Associação dos Oficiais das Forças Armadas, saiu bojarda sexista. Manuel Cracel acha que o facto de ser uma "senhora" a assumir o cargo pode ter vantagens.

 

A "condição feminina" pode trazer "outra sensibilidade", diz o coronel da Força Aérea, talvez até convencido de estar a defender a igualdade entre os sexos.

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publicado às 17:34

Não incomodem S.Exa.

por Tempos Modernos, em 01.12.11

 

O agora discretíssimo Paulo Portas achou por bem vir a terreiro informar que chamara o embaixador iraniano às necessidades, na sequência da invasão da embaixada britânica em Teerão. Fez bem. O ministro mostra a força e a importância da diplomacia portuguesa no concerto das nações.

 

Em questões domésticas, daquelas que contribuem para o défice, é que parece menos dado aos esclarecimentos. Isso remete para assuntos mais comezinhos sobre a importância da economia portuguesa no concerto das nações.

 

 

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publicado às 19:33


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