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Um livro igual ao autor?

por Tempos Modernos, em 13.02.17

O título Quinta-feira e outros dias, livro de memórias de Cavaco Silva, parte de uma ideia interessante - é o dia que em Belém se reserva para as reuniões com o primeiro-ministro - mas acaba a meio caminho entre o de uma novela romântica e o de um livro de auto-ajuda. A capa lembra as estilizações modernas dos livros que em tempos pertenciam à colecção Sabrina.

 

Deve pressupor-se, pois, que os destinatários são os mesmos? Diria que não, mas depois há a pré-publicação da coisa no Expresso que não favorece esta expectativa. Falta sumo às revelações. O que o semanário destacou, a fazer fé nas televisões, foram as reuniões sonolentas de Cavaco primeiro-ministro com o Presidente da República Mário Soares; os atrasos sem aviso de Sócrates, em quem Cavaco não acreditava; a pontualidade de Passos Coelho, que aguardava calado as perguntas do inquilino de Belém.

 

Algum jornalismo há-de gostar disto a que chamam detalhes, pormenores que só por mero acaso definem um carácter. Mas se editores e jornalistas não encontraram no livro mais do que estes circunstancialismos sem concretização substancial, confirma-se pela enésima vez a espessura do autor. Ou então querem fazer suspense com o sumo.

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publicado às 11:09

Mário Soares II

por Tempos Modernos, em 10.01.17

 

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Mário Soares tinha todas as qualidades e nenhum dos defeitos dos portugueses.

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publicado às 20:50

Mário Soares (1924-2017)

por Tempos Modernos, em 07.01.17

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publicado às 16:42

"Em tempo: diga-se tudo o que se quiser de Mário Soares. Merecendo ou não, está a jeito de qualquer crítica. Às ideias e ao que diz e ao que faz e fez. Mas quem o ataque pela idade, sugerindo senilidade e até inimputabilidade, não faz mais do que derrapar com os dois cascos no unto da sua própria vulgaridade."

 

Oscar Mascarenhas, "Crónica do provedor", in Diário de Notícias, 30 de Novembro de 2013

 

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publicado às 16:15

Um fim-de-semana como os outros

por Tempos Modernos, em 13.10.13

Mário Soares diz que alguns membros do Governo são "deliquentes" e têm de ser julgados.

 

Jorge Sampaio pede "assomo patriótico" e repudia críticas ao Tribunal Constitucional.

 

Jerónimo de Sousa chama a Passos e Portas "trapaceiros e malabaristas".

 

O antigo reitor Meira Soares acusa o Governo de "estupidez".

 

"Com o que tem acontecido em Portugal era para ter uma guerra civil em cima", diz o bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas.

 

Marques Mendes acha que "parece um governo de adolescentes e de gente imatura".

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publicado às 20:12

Conselho inútil

por Tempos Modernos, em 20.05.13

 

(Foto: Steven Governo/Global Imagens in jn.pt)

 

Em tempos de crise tão séria que até afecta a sempre poupada instituição presidencial, será clarificador que alguns conselheiros de Estado expliquem a Cavaco o inusitado da agenda da reunião de hoje - Portugal depois da saída da tróica.

 

As críticas não faltarão. Mas, pelo teor das suas declarações nas últimas semanas, Cavaco não andará disposto a ouvir análises que falem da austeridade ou da existência real de uma crise política há muito em curso.

 

Da última vez que se reuniu este órgão de aconselhamento presidencial, Mário Soares saiu consideravelmente antes do fim. Desta vez duvida-se que haja saídas extemporâneas.

 

Olhando para a composição do órgão, Seguro não o pode fazer. Arrisca-se a ter de lidar com Cavaco enquanto Presidente. Os presidentes dos tribunais, dos governos regionais e o provedor de justiça estão lá enquanto representantes institucionais.

 

Dos que se representam a si próprios, Sampaio tem uma visão formal, respeitadora e litúrgica do exercício da coisa pública. O mesmo se passa com Eanes. O general, acresce, não andará longe do ponto de vista de Cavaco. Eventualmente do do Governo. Os restantes conselheiros estão alinhados com a maioria ou com Belém.

 

Apenas o antigo Presidente Mário Soares e Manuel Alegre terão a vocação e a liberdade de pensamento suficientes para perturbarem o sossego do Conselho de Estado, juntando palavras críticas a uma saída abrupta da reunião.

 

Fazer previsões sobre o estado do país daqui a um ano tem demasiado de futurologia para justificar o tema da convocatória para hoje. Se as certezas e dúvidas do Presidente não forem confrontadas fora do seu quadro mental, este Conselho de Estado não servirá mesmo para nada.

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publicado às 13:54

O que pensam cavaquistas

por Tempos Modernos, em 09.11.12

 

 

(Foto: SIC Notícias)

 

Num país com uma opinião pública mais informada e exigente, Vítor Bento não teria condições para ser conselheiro de Estado ou para, através da comunicação social, dar conselhos moralistas aos outros.

 

Mas é. E é um dos propostos por Cavaco, que só tem nomeado gente que pensa como ele, ao contrário de Mário Soares e Jorge Sampaio que procuraram o pluralismo no aconselhamento.

 

Vir agora um conselheiro de Estado defender a refundação do regime e revisão da constituição, na linha de Passos Coelho, lança confusão sobre o longo silêncio cavaquista, quebrado apenas num hotel de luxo.

 

Curioso quando até o FMI parece já ter percebido algumas coisinhas básicas e Cavaco fora de portas também. Caso não se tenha dado por isso, a refundação do país e a revisão da Constituição apenas visam promover o rumo que se tem seguido.

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publicado às 09:14

Obama, felizmente

por Tempos Modernos, em 07.11.12

 

(Foto: bbc.co.uk)

 

Segui com curiosidade a figura de Barack Obama a partir da altura em que o vi entrevistado por Jay Leno, ainda estava longe de ser escolhido pelos democratas como candidato à presidência dos Estados Unidos da América. Há quatro anos, por mera motivação pessoal, acompanhei debates em directo, sondagens e análises estatais, o noticiário norte-americano.

 

O noticiário português, não me lembrava já e reapercebi-me ontem ao seguir novamente os canais internacionais, não permitia uma visão segura sobre o que se passava realmente no terreno. Notícias com dois e três dias eram publicadas como novidade nos onlines dos nossos órgãos de comunicação social. E mais vale olhar sozinho para as sondagens em bruto que ler análises em quarta e quinta mão sobre elas.

 

Este ano - há tanta coisa para desesperar, para quê juntar-lhe as incertezas de uma reeleição num país distante? - andei afastado da terça-feira eleitoral. Ontem, ao início da noite, ainda jornalistas portugueses nos garantiam que só lá para sexta-feira haveria resultados tal era a proximidade entre os candidatos à Casa Branca e grande a probabilidade de que contestassem a votação nalguns colégios eleitorais. Em cheio, como se viu: pouco depois das dez da noite local já se sabia que Obama tinha mais quatro anos de mandato, a maioria dos eleitores dos estados dançarinos tinham-lhe ido parar às mãos, tal como a maioria dos votos populares e o Senado. E nem no Wisconsin, estado-natal de Paul Ryan, candidato republicano à vice-presidência, ou no Massachussets, onde Mitt Romney governou, se deixou de dar a vitória ao democrata.

 

Às 5h da manhã soube que Obama vencera já as eleições. Durante a noite e a madrugada, pelos canais televisivos portugueses, encontravam-se os mesmos analistas de há quatro anos. Vasco Rato, Nuno Rogeiro, gente que fez parte das estruturas ideológicas do Governo de Durão Barroso-Paulo Portas.

 

Não fiquei a ouvi-los, confesso. Atrevo-me a dizer que terão sugerido que entre Obama e Romney não há grandes diferenças, que Romney é um republicano moderado, que a eleição de um ou de outro seria indiferente, como se viu nestes quatro anos falhados. Nem todos os analistas da clique PSD e CDS-PP estiveram a favor da invasão do Iraque, mas os executores políticos empenharam o país nessa intervenção ao lado de George W. Bush.

 

Quatro anos passados, Obama não cumpriu muito do que prometeu. Ann Nixon Cooper já não está entre os vivos como estava em 2008. Os desejos tropeçam sempre na realidade. E a maioria republicana no Congresso tudo fará para minar iniciativas presidenciais. Mas, mesmo assim, é sempre melhor partir de um programa político onde a justiça e a cidadania prevaleçam do que de um onde se defenda o salve-se quem puder, o darwinismo social e o totalitarismo dos mercados. A ver o que faz agora Obama ao anunciar que "o melhor ainda está para vir".

 

A eleição de Romney poria a Europa e os Estados Unidos a puxarem para o mesmo lado. O da austeridade e do empobrecimento sem barreiras. Só que no que toca ao sudeste asiático as paisagens são mais atraentes que os modelos sociais e as leis laborais. E a salvação dos orientais nunca ganhará nada com a miséria dos povos de outros continentes. Angela Merkel não precisa de mais aliados, como lembra Mário Soares. Precisa é que lhe tirem o tapete.

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publicado às 12:49

O sequestro da tróica não justifica a violação da Constituição, conforme sugerido pelo Tribunal Constitucional e por comentadores de serviço. E é até bem provável que os cortes de subsídios dos funcionários públicos e pensionistas se venham a estender ainda mais rapidamente ao privado, o que será da mais elementar justiça relativa, mas uma injustiça em termos absolutos e uma inanidade económica.

 

Bem pode José Gomes Ferreira na SIC arengar às massas que não há dinheiro para pagar salários da Função Pública caso não se cumpra o memorando da tróica ou vaidoso polir os galões de ter feitos referências críticas às parcerias público-privadas.

 

No essencial, deu guarida nos seus programas aos catequistas do neo-liberalismo que conduziram aqui o país.

 

Como lembrava há dias Mário Soares (que até terá sido um dos responsáveis pela nova vinda do FMI) nunca a humanidade se conformou com as inevitabilidades. E sem lutar pela mudança é que nunca nada mudou.

 

 

*De uma canção de Sérgio Godinho com ligeira alteração

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publicado às 22:10

Perímetro sanitário

por Tempos Modernos, em 25.06.12

 

Ouve-se dizer que Cavaco foi ao São João e espera-se o pior.

 

A reportagem começa no bairro das Fontainhas e adivinha-se a chacina martelante na presidencial cabeça.

 

Mário Soares andou por lá em tempos e não foi poupado às marteladas. Recebeu-as divertido.

 

Mas Cavaco não andou nas ruas. A acção nas Fontainhas decorria em paralelo.

 

O inquilino de Belém refugiou-se num barco do Douro e apreciou o fogo de artifício à distância.

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publicado às 10:20


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