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Fere os ouvidos de tão óbvio: É inconcebível a não existência de um convite do Governo para o PSD participar na ronda de reuniões com o primeiro-ministro acerca da floresta. E não seria necessária qualquer declaração do Executivo para se saber que o PSD estava inevitavelmente convidado para essas reuniões.
Depois de Passos Coelho ter dito o que disse, parece revelar-se uma inultrapassável inaptidão dos actuais representantes do partido para fazerem sentido político. Sem se deterem vão do indizível e do intolerável aos joguinhos florais mais irrelevantes.
Morais Sarmento já fala como sucessor de Pedro Passos Coelho. Com Durão Barroso, de quem é amigo e de quem foi ministro, e com José Luís Arnaut, o ex-ministro integra um grupo de peso dentro do partido. Pelo que representam e pelas vidas políticas conhecidas isso está longe de ser bom para o futuro do país.
Mesmo que seja Sarmento a afastar Passos Coelho, isso está longe de ser benéfico para os portugueses.
Os sinais da economia portuguesa não são exactamemente contraditórios. Não arranca, mas também anda longe da catástrofe que a oposição anuncia diariamente.
Sem investimento nunca arrancará. Mas as regras da União Europeia impedem o investimento.
(jn.pt)
António Costa convidou os antecessores para inaugurarem com ele o túnel do Marão.
O primeiro-ministro decidiu, pois, dividir, os holofotes com José Sócrates e com Passos Coelho.
Pedro Passos Coelho declinou o convite mas não arranjou grande coisa para dizer. Sugeriu que se fosse ele o primeiro-ministro não iria à inauguração: estaria a "reclamar louros" por uma obra consensual.
A propaganda não andará afastada do convite nem da inauguração, mas se o primeiro-ministro António Costa quisesse aproveitar melhor os louros da obra teria convidado Passos Coelho porquê?
Mandava lá o ministro das Obras Públicas, tal como sugerido pelo presidente do PSD, e a festa nos jornais fazia-se à mesma. Alguém duvida que das bandas do PSD surgiriam as reclamações por não terem sido convidados ou por outro motivo do género?
(Foto: governo.gov.pt)
Segundo o noticiário dos últimos dias, o ministro dos Assuntos Parlamentares tem em mãos um estudo que prevê a entrega a privados das bases de dados de toda a administração pública, o que inclui designadamente, informação classificadas e segredos de Estado.
A ideia, peso as palavras, é do foro da mais absoluta e indigente irresponsabilidade institucional.
Os deputados do PSD e CDS-PP, sempre tão prontos a puxar dos galões do sentido de Estado, acham desnecessário ouvir o ministro.
(Foto: Público)
No bipolar Causa Nossa, Vital Moreira recupera o velho mantra do PS de que foram o PCP e o BE que provocaram a queda de Sócrates e a chegada de Passos Coelho ao Governo ao não aprovar o PEC IV. Tirando para efeitos de guerrilha partidária e de exarcebamento interno, é absolutamente peregrina a ideia de que comunistas e bloquistas devam ser uma espécie de tutores de outro partido.
Os três pacotes de estabilidade e crescimento anteriores tinham sido já chumbados pelos partidos à esquerda do PS e aprovados pelo PSD e pelo CDS-PP. Seria natural que fosse junto destes que o PS voltasse a recolher apoios. Se queria os votos à sua esquerda, teria de ter adaptado o quarto pacote. Não o fez.
No Causa Nossa, blogue de que é co-autor com Ana Gomes, Vital Moreira, o candidato derrotado por Paulo Rangel, do PSD, nas últimas europeias, insurge-se contra o PCP e o BE por "exigir[em] que o PS faça coro com ele" pela queda do Governo do PSD/CDS-PP. Diz haver "companhias que comprometem... "
Talvez tenha razão. Num partido onde a maioria dos militantes e simpatizantes se declaram de esquerda pontos de vista como este outro, uma manifesta deriva do antigo líder da bancada comunista, algo dirá sobre a ambiguidade das companhias em que o PS tantas vezes anda, entre o duríssimo discurso de João Galamba e a abstenção nas últimas alterações ao Código do Trabalho.
A questão é meramente académica e até admite uma resposta positiva, mas, na linha da pergunta lançada por Vital Moreira ao CDS-PP, a interrogação é legítima: pode o PS estar na oposição e ao mesmo tempo apoiar este Governo?
Ontem, os três partidos (e não só. Estavam lá muitos eleitores do PSD e do CDS-PP) desfilaram lado-a-lado entre a Praça José Fontana e a Praça de Espanha. Dia 29, na manifestação convocada pela CGTP, alguém arrisca previsões?
Entre hoje e amanhã, a Assembleia da República deverá discutir e aprovar um golpe de Estado constitucional. Se à Esquerda é esse o sentimento, na área do PS a coisa também está longe de ser pacífica. E a Direita aproveita para aprovar, com o pretexto da imposição externa, as mudanças constitucionais por que sempre suspirou.
A esta hora, ao fim da manhã, na página de rosto do Público online há vaga referência a comentadores que falam sobre o assunto, disponíveis apenas para assinantes.
No JN, há uma nota no também pago e-paper. No DN, nem isso.
À beira de cumprir o primeiro aniversário desta segunda série do Tempos Modernos, tenho na maior parte dos dias escassa vontade de postar.
Nada de novo parece existir, nada que não tenha já sido dito. O Governo todos os dias mostra o que valem as suas políticas, a maioria que o suporta nem tenta mostrar um bocado de respeito pelas condições de vida das pessoas. As alternativas não conseguem mostrar-se como tal e quem as defende nem sequer parece fazer grande esforço. Cavaco, como já se sabia, foi impedido por um grupo de estudantes adolescentes de visitar a António Arroio.
Na comunicação social, ouve-se camaradas meus, jornalistas e chefias, defenderem a censura na Antena 1. Por outro lado, é preciso recorrer aos brasileiros para arranjar uma ligação expedita para a notícia de que o presidente grego - um velho resistente da Segunda Guerra Mundial - faz o que um presidente a sério tem de fazer:
Miguel Relvas, que é ministro da Informação e não dos Assuntos Parlamentares, anuncia que Governo pode recuar no corte de subsídios à função pública.
Faz papel de razoável. Recuará também nos cortes de linhas da Carris e no fecho do Metro. Mas só ligeiramente. O truque é conhecido. Anuncia primeiro ao gangrenado que lhe vai cortar a perna inteira para depois cortar apenas pelo meio da coxa.
E que diz o maior dos partidos da desaparecida e demissionária oposição? Que as declarações de Relvas são positivas. No fundo, confessam que fariam o mesmo. São demasiado sabidos para não terem aprendido nada.
Mário Soares, que está para fazer 87 anos, assiste à derrota e aos últimos estertores da social-democracia cuja ideia representou por cá. Os heróis da revolução portuguesa não morrem sem ver desmoronarem-se conceitos por que lutaram.
Jerónimo tem razão quando pergunta onde anda Paulo Portas, que não se vê desde que entrou no Governo. A ausência é notória e já há muitas semanas que se esteve aqui para fazer a pergunta. Há mesmo quem se questione sobre a sua vontade de trair o Governo, num cenário que até faz algum sentido.
Por outro lado, apetece perguntar a Jerónimo onde é que ele também tem estado. Ele, Louçã e já agora António José Seguro. Desapareceu tudo há muito, parecem ter sido atingidos por um rolo compressor e não há quem os descubra fazendo frente que se veja aos dois partidos da governação.
É que quem não aparece esquece e até naquele país onde coexistiam um partido monárquico e liberal e um outro liberal e monárquico havia alternância. Mesmo Cavaco - embora se continue sem se perceber muito bem o que ele quer dizer - já vai dizendo mais coisas em público e fora do facebook onde há tempos se tinha fechado.
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