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Dos escassos serviços na São Caetano à Lapa, recordo-me de um Miguel Relvas rodeado de jornalistas, em ruidosa cavaqueira, pontuada por cigarradas e por um vernáculo cabeludo.
Nos últimos dias, do seu gabinete saíram uma série de afirmações pondo em causa as verbas pagas pelo arrendamento das lojas do Cidadão. Pelo caminho, Maria Manuel Leitão Marques – que, indicada pelo PS, esteve à frente do lançamento de várias unidades da coisa – contestou o governante do PSD e justificou os números no semanário Expresso, onde terá saído a primeira notícia sobre o assunto.
Já depois disso, foram reproduzidas (aqui ou aqui por exemplo) as acusações do ministro, sem se fazer referências ao texto de Maria Manuel Leitão Marques. Parece-me que alguém se esqueceu de procurar o contraditório, que ainda por cima estava à distância de uma leitura de jornal ou de uma busca na net.
Por outro lado, no que toca à substância da notícia, não se percebe muito bem do que se queixará Relvas, um homem que sabe como lidar com a imprensa. Nos últimos anos, os sucessivos governos têm-se desfeito de património público, muitas vezes gerando suspeitas de negligência ou até de crime. Depois, e uma vez que o pessoal tem de trabalhar e atender os utentes nalgum lado, a única solução que resta é o arrendamento de imóveis privados.
Mas o PSD - na sua luta contra o Estado, a quem não reconhece capacidade para gerir coisa nenhuma quanto mais imóveis próprios - defende há anos este tipo de solução. Será assim tão descabido exigir da comunicação social que evite passar a impressão contrária? Miguel Relvas terá muitas qualidades e defeitos, mas donzela ingénua é coisa que nunca foi.
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