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Ditosa pátria ou Anda, Barreto (Reconstruída)

por Tempos Modernos, em 04.09.11

Bruno Nogueira alegava há tempos que António Barreto tem audiência por causa da barba.

 

Acredito que sim. Sem esta, perdia o ar grave e atormentado com que semanalmente invade os ecrãs de televisão, as páginas dos jornais, os palcos do 10 de Junho, as galerias dos presidenciáveis.

 

Na Universidade de Verão do PSD, frente a uma plateia desejosa de ouvir o vate repetir em grande medida o que eles pensam, terá sido saudado pelo desassombro, pela lucidez, ele que até foi ministro de um Governo PS. Duvida-se que tenha agradecido na mesma medida, colocado secretas esperanças na energia e audácia dos membros da juventude laranja, quiçá novas Joanas Baratas Lopes.

 

Podia ter falado da fragilidade do tecido económico português, assente ou em grupos parasitários do Estado ou em grupos não produtivos, como as distribuidoras. Podia ter falado do milagre da multiplicação das empresas municipais e das clientelas partidárias, coisa não prevista na Lei Fundamental. Podia ter falado das acumulações de pensões e salários, mas talvez alguém se lembrasse de que além de investigador jubilado do ICS, também está na comissão das comemorações do 10 de Junho e nas edições do Pingo Doce. Podia ter falado da venda a pataco das Águas de Portugal, da impossibilidade de taxar o património, das contas do BPN, do buraco da Madeira, mas deve achar-se acima dessas demagogias.

 

Falou de outras coisas. Defendeu o alargamento dos prazos da tróica (menos mal, é de uma reestruturação da dívida que se fala, mas isso fez menos eco nas manchetes online e nem é uma ideia dele) e voltou ao seu recorrente tema da revisão constitucional - na peculiar semântica do sociólogo, uma espécie de mãe de todos os problemas nacionais.

 

Pelo caminho, terá admitido que a actual constituição nem é a causa dos problemas nacionais. Isso não o impediu de pedir uma nova, a aprovar por referendo - um processo que em tempos de crise faz tanta falta como um Alberto João Jardim ou um José Lello no corpo docente de uma escola de etiqueta e boas-maneiras.

 

Imagina-se que os estudantes aplaudiram. Muito. E de pé.

 

Nota: Tinha escrito que fora Ricardo Araújo Pereira (RAP) a falar da barba de Barreto. Foi Nogueira, na TSF. O seu a seu dono, embora continue a achar que RAP é dos comentaodres políticos mais sérios que andam aí.

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publicado às 15:09



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