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Passeia-se um bocadinho na blogosfera e percebe-se que boa parte dos defensores do fim da Cinemateca (um grupo esfusiante que nem descobriu entretanto que a coisa vai é mudar de estatuto) está convencida de que aquilo é uma sala estatal de Cinema onde meia dúzia de pessoas vai ver uns filmes. Por acaso, a sala até está em regra bastante mais cheia que a de muitas sessões comerciais, não existindo outras maneiras de ver uma obra de arte em formato de filme. Mas o ponto nem sequer é esse.
Esse grupo ruidoso ignora que a Cinemateca é também um museu do cinema; que todo o mundo e cidades civilizadas mantêm instituições do género; que guarda, protege, conserva e recupera o património filmado de uma arte que acompanhou todo o século XX e que lhe construiu o rosto (não por acaso, uma das escassas áreas económicas que resistiu à ruína durante a grande depressão da década de 1930).
É também um sítio de aprendizagem onde se organizam ciclos de História do Cinema, por exemplo, com especialistas e académicos convidados, portugueses e estrangeiros. De forma grosseira, destruir instituições deste género é tão grave como deixar de conservar os Painéis de São Vicente de Fora ou fechar o Museu Nacional de Arte Antiga.
No que toca a conhecimentos sobre a Cinemateca, o nível da discussão explica muita coisa. Não se trata de diversidade de posicionamento ideológicos, de opiniões divergentes sobre o estatuto deste tipo de instituição ou do papel da cultura. Não se trata de reduzir uma ideia ao esqueleto, uma espécie de caricatura a que se tirou a gordura para facilitar a discussão, mas sem lhe tirar o essencial.
Trata-se da insistência em falar de cor, apenas com um infinitésimo do problema na mão. Quem discute não sabe para si, mas arroga-se o direito de encher o mundo de opiniões pífias, gasosas. E nem sequer sabem de onde lhes veio o direito aos seus 15 minutos de fama.
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