Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Um tempo de anões

por Tempos Modernos, em 29.11.11

 

A contas com uma opinião pública envenenada pela história, pelo medo insano da inflação e por um infundado sentimento de superioridade, Angela Merkl é a mulher errada no momento errado.

 

Manifestamente, não sabe o que fazer quando tudo arde em seu redor. Quando já toda a gente viu (até à Direita a quem a crise serve) por onde vão euro e Europa. Manifestamente, o continente está falho de líderes como Mário Soares lembra mais uma vez.

 

A mediocridade convive mal com a diferença. Conseguiu evacuá-la de tudo que é lugar de influência. Os que resistem ou levantam a voz têm mau feitio ou defeitos piores. Ainda por cima a vitória da razão não põe comida na mesa. Por sobre a mediania apenas se ouvem as vozes dos que remam para o mesmo lado: os barretos, os medinas carreiras ou os pulidos valentes.

 

Frau Angela Merkl não é uma líder, empurra com a barriga. Faz apenas o que a mandam fazer. Não tem o conforto das ideias próprias, nem a inteligência para pereceber que talvez não esteja certa contra a realidade que a bate com a teimosia de uma onda.

 

Não tem sequer a desculpa de remar contra uma ideia que outros sabotam e minam. Não. Angelka Merkl navega no barco que construiu. No meio das ondas que ela própria vai soprando.

 

Num outro contexto, o de Eichmann em Jerusalém, Hannah Arendt teorizou sobre a banalização do mal. Sobre aquele grupo de gente que, apanhada numa cadeia de comando, se desculpou com o cumprimento de ordens para o facto de ter de assassinado e torturado.

 

As voltas da história apanham Angela Merkl como figura do meio numa outra hierarquia de poder. Uma força de outra ordem e carácter, com outros métodos e excessos mas que também anda às voltas com o medo e a destruição.

 

A chanceler alemã manda tanto como aqueles gauleiters que William Holden desconsiderava em O Inferno na Terra. E está tão destinada ao fracasso como os militares interpretados por Sig Ruman em filmes de Wilder ou de Lubitsch. Infelizmente não tem um décimo da sua graça.

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 20:00



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2011
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D