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Manuel Carvalho da Silva que abandona amanhã o cargo de secretário-geral da CGTP e que esta noite foi entrevistado por Sandra Sousa na RTP1, tem três anos para ir preparando a candidatura à Presidência da República. Para todos os efeitos está já no terreno e viu-se o peso que teve a antecipação de Cavaco nas penúltimas presidenciais.
De certa forma, os tempos de inevitável crescimento da contestação social vão facilitar-lhe a passagem da mensagem. Mas terá alguns obstáculos a vencer.
Se Carvalho da Silva avançar, terá o voto do Bloco de Esquerda garantido. São, com segurança, entre cinco a sete por cento do eleitorado.
Mais complicada é a situação no seu partido de sempre, o PCP. A proximidade entre a actual direcção comunista e o dirigente cessante da Inter não será grande, mas o PCP tem pouco espaço para gerir outra candidatura - o que, aliás, nem sequer seria percebida pelo seu eleitorado tradicional. Desta vez, não há espaço para o partido apresentar um candidato vindo do seu interior mais imediato. E por uma questão (também) táctica, Carvalho da Silva tem mais a ganhar se apresentar a candidatura autonomamente. Aos comunistas resta-lhes acompanhar o movimento. Os próximos tempos terão de ser decisivos em termos negociais. São mais sete a nove por cento do eleitorado.
Depois há o PS, decisivo para vencer as eleições. Se Mário Soares tem alguma simpatia pelo dirigente sindical, e pela sua candidatura, o pleno socialista não está, no entanto, garantido. Entre os socialistas existem demasiados anticorpos contra a CGTP e em especial contra comunistas. Os anos de governo do PS não foram de molde a reforçar as correntes de esquerda internas mas se resolverem apoiar Carvalho da Silva, este pode contar com pelo menos 15 por cento dos votos. Muitos militantes e simpatizantes do PS terão dificuldade em engolir o sapo. Mas talvez se vejam agora forçados a retribuir à esquerda o voto que garantiu a eleição de Soares em 1986.
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