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O desejo de deixar obra é dos sintomas mais preocupantes que se podem observar num cidadão ministeriável. Infelizmente, como os governos são constituídos por gente comum, tão estúpida e incompetente como eu ou o meu caríssimo leitor, as hipóteses de que se dê por isso atempadamente são escassas. Na maior parte das vezes, já seria bom que os ministros se limitassem a não mexer e a tratar do expediente corrente. Poupava chatices, gastos e evitava boatos acerca de duvidosos saltos para maçadores lugares de administração de empresas.
Mas talvez seja a obsessão com a morte, esse complexo da múmia que desde sempre leva o ser humano a tentar projectar-se na posteridade, envolto em trapos e ligaduras, e preservando uma arrepiante memória da forma.
Desde Roberto Carneiro, não existe registo de um ministro da Educação que não tenha tentado impor aos professores, meninos e seus paizinhos uma qualquer ideia revolucionária sobre o Ensino.
Na Justiça, as inovações também não têm parança. Ainda agora se saiu de uma reforma comarcal que dispendeu tempos e energias e já a novíssima ministra prevê novo rearranjo. Desta vez tem a justificação da tróica, mas é só para enganar. Fosse outra a altura e não deixaria de encontrar um bom motivo para que tudo mudasse, ficando tudo na mesma.
* Claro que Educação e Justiça estão estragadas. Mas para cortar amígdalas nunca se viu que fosse necessário pedir primeiro a intervenção de um ortopedista, depois de um neurologista, de seguida de um estomatologista, logo após de um dermatologista, e finalmente (ou tralvez não) de um cirurgião plástico. È demasiada gente e demasiado tempo para manter o doente aberto sobre a marquesa, exposto às sucessivas e informadas opiniões de cada clínico.
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