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Sem tempo para mais - que um recibo verde está dependente da organização (ou falta dela) dos outros - espaço para uma notícia.
Chavez, que nos jornais portugueses é sempre visto como adversário da liberdade de imprensa, foi homenageado na Argentina por proteger a mesma.
Nota: Na foto, Pedro Carmona, o presidente venezuelano que a comunicação social preferia
Como o Público é um jornal de referência, imagino que já contratou um especialista em hermenêutica cavacal.
Só por isso se terá feito o título "Cavaco diz que os principais partidos se comprometem a cumprir metas do défice".
O que se lê na notícia é que o Presidente da República afirmou que “os três maiores partidos garantiram [...] o seu compromisso inequívoco em relação à estratégia de consolidação orçamental e aos objectivos de redução do défice".
Fui dar uma voltas aos dicionários e não garanto que "Principais Partidos" (título do Público) seja sinónimo de "Maiores Partidos" (o que Cavaco escreveu na resposta que deu à agência financeira Bloomberg).
Cavaco marcou finalmente a reunião do Conselho de Estado para a próxima quinta-feira.
Entre visitas de príncipes ingleses e presidentes brasileiros não arranjou antes espaço na agenda.
Deve ser o regimento do Conselho de Estado que proibe as reuniões ao fim-de-semana ou fora do habitual horário de expediente.
Também, pergunta-se, se nos tempos do conselheiro Dias Loureiro e do anúncio do pontapé de saída na crise a coisa nem reuniu, para quê as pressas agora?
(*) Pequena cedência ao jornalismo tablóide
Heisenberg explicou ser impossível determinar em simultâneo a velocidade e a posição de uma partícula. O processo de medida interferia na avaliação.
Entretanto, prossegue a publicação de sondagens que parecem fazer muito pouco sentido à luz das propostas reais dos partidos.
De que maneira, a publicação das sondagens não distorce a vontade dos eleitores?
De que maneira contribuem para o reforço da democracia?
Sempre que ligo a televisão e abro jornais dou com o Pedro Passos Coelho.
Lembra-me estranhamente as torres do Técnico.
Há fenómenos difíceis de analisar. Um deles é o resultado das sondagens (cuja divulgação devia ser aliás proibida como forma de reforço da cidadania e da democracia. Não ter ideia do que se pode esperar, força as pessoas a pensarem por si em vez de seguirem o rebanho).
Haverá a percepção pública de que Sócrates segue as políticas certas, e a que a situação em que o país está se deve apenas ao seu carácter?
Os jornais não têm deixado de crucificar o primeiro-ministro desde pelo menos o caso da licenciatura e, anteontem, Manuela Ferreira Leite lançou mais uma vez a falácia cavacal: Duas pessoas bem-intencionadas e com os mesmos dados chegam sempre à mesma solução.
É que o PSD parece alçado à maioria absoluta, embora defenda exactamente as mesmas medidas (mais coisa menos coisa) que o PS com que tem alinhado maioritariamente em termos orçamentais e de programas de estabilidade. E se os casos (Independente, Freeport, etc.) têm prejudicado o PS, o mesmo não se nota com o partido de Portas, outro próximo dos socialistas em termos de apoios parlamentares.
Entre os partidos que fogem a essas políticas e convergências, o BE sobe (engrossado com descontentes do Socratenismo?) e o PCP desce, sem ver reflectida em termos de sondagem a capacidade para engrossar o protesto na rua.
Nunca percebi muito bem o problema com o inglês do Sócrates. É presunção de quem procura alçar-se na falha irrelevante do outro. Melhor seria que nos jornais e televisões se cultivasse mais o português em vez de se prestar atenção à correcção do uso de idiomas estrangeiros pelos governantes.
O inglês de Sócrates é inglês de combate, de quem nunca andou no British Council. Não fez o Proficiency mas desenrasca e passa a mensagem. Criticável é a opção parola de falar em estrangeiro em vez de usar português - isso sim é uma questão de Estado de projecção estratégica.
Infelizmente, Passos Coelho foi a Bruxelas e resolveu exprimir-se em inglês. Em estilo diferente, não fala melhor que o outro.
E temos o caldo entornado. Se vencer a competição com o primeiro-ministro demissionário e vier a liderar o Executivo vamos ter mais do mesmo.
Será tão criticado por falar mal inglês como por subir o IVA, tendo prometido o contrário.
O fait divers tem muita força.
Deu banho a uns irresponsáveis estrangeiros que andavam a chatear a malta que toma conta de nós.
Andava há uns dias para voltar a escrever sobre Miguel Sousa Tavares. Queria confirmar uns factos antes de o fazer, mas, com quem é, talvez esteja a ser excessivamente zeloso.
Conto de cor mas se sou pouco rigoroso com os factos o espírito é este. Aqui há tempos, Sousa Tavares zangou-se com uns professores que disseram que ele tinha classificado os membros da classe docente como os inúteis mais bem pagos do país. O comentador indignou-se, que nunca escrevera tal coisa e acho que o caso até foi usado como argumento em processo contra uns que disponibilizaram o seu Equador na net.
Aqui há semanas, impreparado, Sousa Tavares confundiu um cartaz apelando ao fim de toda a classe política com o manifesto da organização da manifestação da geração à Rasca. Nisso foi ajudado pela contracena de Clara de Sousa (bem paga e muito disputada pivô da SIC que costuma fazer entrevistas políticas). Depois, admitiu ter errado.
Um destes dias, no Expresso, escreveu sobre os professores dizendo que recebiam € 25 por exame corrigido, o que estaria algo distante do rigor factual, parece. Um diploma entretanto revogado tinha-lhes atribuído € 5.
Também não é por € 20 que a gente se vai zangar. Mas para quem fica tão enxofrado quando lhe atribuem coisas que não disse ou escreveu, talvez fique mal tomar como certo tudo que ouve às mesas d'A Tentadora, em Campo de Ourique, onde uma vez foi violentamente atacado pelo perfume de uma sujeita pespineta que lhe pediu para não fumar para cima dela.
Demonstrava outro respeito pelo jornalismo se não escrevesse com o espírito do sujeito que dispara contra tudo e todos à mesa do café.
Em vez de ocupar espaço em jornais e televisões podia era escrever num blogue.
Mas, e daí, talvez não. Atendendo ao pluralismo dos cronistas que a comunicação social acolhe e à qualidade das opiniões manifestadas, talvez os pontos de vista de Miguel Sousa Tavares façam mesmo sentido é regiamente pagas nos jornais.
"Fiz inúmeros apelos à responsabilidade e pedi a todos para pensarem duas vezes. Lamento ter sido o único a fazer este apelo", queixava-se ontem José Sócrates, ao anunciar a sua demissão e do Governo.
Durante o dia, no jornal Público, já se tinham noticiado as razões de queixa do PS. Estranhava-se a ausência de intervenções do PR na crise política motivada pelo PEC IV, cujo provável chumbo no parlamento resultaria na demissão do primeiro-ministro. Almeida Santos disse mesmo que Cavaco já devia ter intervindo há muito tempo.
A narrativa não é nova, mas a frase no discurso parece ter passado sem que os comentadores a notassem.
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