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A ideia de trabalhar mais meia hora diária pode vir a ser aproveitada para criar antes um banco de horas. Já houve quem falasse nisso.
Em vez de se ficar todos os dias mais meia hora por dia no posto de trabalho, é bem possível que as empresas optem por acumular as horas extra levando o pessoal a ir trabalhar nuns quantos sábados por mês.
Agora, a confederação do comércio sugere que se cortem mais dez dias anuais de descanso, à custa das férias e dos feriados.
Ainda ninguém pensou em pôr umas enxergazitas no chão das empresas mais uma taça de água e outra de ração para o pessoal não ter de ir a casa?
Um sondagem curiosa, mas que não bate com a das tendências de voto.
Depois de se lembrar de impor mais meia hora de trabalho diário, o Governo pondera fechar o metro de Lisboa uma hora mais cedo, às 23h, em vez da actual 1h e encerrar algumas estações às 21h.
Bem se vê que estas cabecitas nunca na vida usaram transportes públicos, não conhecem a população que têm, nem nunca viram a quantidade de gente que ainda regressa a casa bem adiantada a noite ou o aumento de passageiros que o Metro tem tido.
Para já testa-se o pessoal, mas que a ideia lhes passe sequer pela cabeça mostra a visão de que o Executivo está imbuído e quais são os seus objectivos.
E apesar de todas estas propostas, que raiam o civicamente criminoso (e pondero o que digo), ainda seguem à frente nas sondagens.
Jerónimo tem razão quando pergunta onde anda Paulo Portas, que não se vê desde que entrou no Governo. A ausência é notória e já há muitas semanas que se esteve aqui para fazer a pergunta. Há mesmo quem se questione sobre a sua vontade de trair o Governo, num cenário que até faz algum sentido.
Por outro lado, apetece perguntar a Jerónimo onde é que ele também tem estado. Ele, Louçã e já agora António José Seguro. Desapareceu tudo há muito, parecem ter sido atingidos por um rolo compressor e não há quem os descubra fazendo frente que se veja aos dois partidos da governação.
É que quem não aparece esquece e até naquele país onde coexistiam um partido monárquico e liberal e um outro liberal e monárquico havia alternância. Mesmo Cavaco - embora se continue sem se perceber muito bem o que ele quer dizer - já vai dizendo mais coisas em público e fora do facebook onde há tempos se tinha fechado.
Chego à entrevista de João Ferreira do Amaral, via Arrastão.
Fora do PCP e do BE, foi um dos poucos economistas que contestou a adesão portuguesa ao Euro e anunciou a crise que aí está.
Dificilmente podia ser mais claro em relação às intenções do Governo do PSD-CDS, que Cavaco ajudou a eleger:
Cavaco parece andar sempre atrás dos acontecimentos. Sabe aqueles frutos serôdios encarquilhados, esquecidos no pomar.
Agora reclama contra o molde dos sacrifícios impostos pelo governo do seu PSD e do CDS. Tem razão. Mas depois da casa roubada não se percebe muito bem para que fala.
Tanto mais que o seu dilecto conselheiro Vitor Bento - defensor da pobreza e da miséria para os outros - diz que este é o "orçamento necessário".
Topei há dias com uma daquelas breves de última página do Correio da Manhã, onde Mira Amaral se confessava chocado por figurar no livro Como os Políticos Enriquecem em Portugal, onde António Sérgio Azenha explica os casos de 15 ex-governantes que multiplicaram os rendimentos depois de saírem do governo.
O ex-ministro da Indústria de Cavaco (sim, um dos responsáveis pela destruição do tecido produtivo português) tem-se aliás desdobrado em manifestações de indignação. Também há escassos dias, numa qualquer sessão pública, na feira das indústrias, à Junqueira, queixava-se, perante uma plateia de empresários, do facto que o criticarem por ao comprar o BPN não ter ficado com a totalidade dos trabalhadores da casa.
Que não podia ser lá isso de ser o BIC, a assumir os encargos com aquela gente.
Pois tem razão. Esquece-se é de dizer que o défice trepou como trepou na sequência de uma nacionalização do dito BPN. Passa-lhe ao lado que estão os portugueses todos a pagar esses custos, assumindo com a pobreza encargos que por acaso até foram alguns dos ex-colegas de governo de Mira Amaral a arranjar.
Confesso-me com escassa pachorra e tolerância para as indignações dos molossos da ética de geometria variável, a quem ainda por cima tenho de pagar pensões obtidas de forma mais que imoral. Se António Sérgio Azenha - um jornalista sério e competente, como quem já tive o privilégio de trabalhar - meteu Mira Amaral no seu livro algum motivo terá.
Claro que a culpa é dos malandros dos funcionários públicos que ganham todos tão bem e não dos do privado que ganham miseravelmente.
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