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Comentadores vão-nos dizendo que há que aguentar a austeridade, que só assim podemos ter condições negociais com a ortodoxia europeia.
Mostrar mais uma vez o nosso lado de bom aluno, para que na altura exacta em que tudo ruir possamos pedir clemência,
Esta tendência é seguida por directores de jornal, por senadores laranja, por comentadores do establishment.
Parece, no entanto, que adivinham no Executivo ideias que não existem.
Pelo menos a ter em conta as palavras do próprio Pedro Passos Coelho, político que só quem quis comprou por outra coisa:
"Não há colagem, há coincidência de posições" com Merkel.
Não seria altura de começarem a fazer leituras com os dados e declarações que têm efectivamente sobre a mesa, em vez de insistirem num certo wishful thinking?
Violeta sobre Roberto, ambos irmãos de Nicanor.
Surpreendente a entrega do Prémio Cervantes a Nicanor Parra.
Não pela qualidade intrínseca da obra, mas apenas por, à beira dos 100 anos, o galardão já lhe ter passado tantas vezes ao lado.
Junta-se aos também chilenos Jorge Edwards e Gonzalo Rojas, num dos mais importantes prémios literários mundiais.
O ministro da propaganda foi recebido com vaias no congresso das freguesias.
Escassos meses passados sobre a formação, o Executivo PSD/CDS-PP carrega já sobre os ombros a carga esgotante da governação.
Para defender a dama da extinção de autarquias, bem pode repetir à exaustão a ideia feita de que as reformas exigem músculo:
"Nunca vi reformas a favor de palmas e de aplausos. As boas reformas são feitas com determinação, com realismo e contra a adversidade."
Está enganado. Não há nenhum motivo para duvidar da boa recepção de reformas discutidas, debatidas e consensualizadas. Progressivas. Que insistam no contrário é que é preocupante.
O drama é que Portugal tem pouco tempo. Mas há problemas mais estruturais do que esse. Um deles é o da falta de sentido das realidades de muitos novos governantes. Querem ficar na história, entrar no panteão. Acreditam demasiado nas ideias próprias, paridas em auto-discussões fechadas. Confiam de menos no trabalho daqueles que têm de andar na vida real todos os dias.
Talvez não seja má ideia fazer como Santana Lopes sugeriu, mauzinho, há umas semanas, na Prova dos Nove[s], da TVI 24: Os senhores da Troika que vão lá convencer os fregueses. Ainda há pouco, muita gente caiu em cima de Otelo por falar em revolução. Mário Soares voltou a falar dela em entrevista ao jornal i. Só ainda não disseram nada sobre aqueles que ao abrigo da crise, da falta de tempo e do mandato estrangeiro nos querem submeter a outro tipo de golpes de Estado.
Quando se pede consenso, o mínimo que se espera de quem o propõe é credibilidade.
Paulo Portas - que em tempos foi anti-europeísta por que sim e não por convicção - quer agora que os portugueses se rendam ao diktat Paris-Berlim.
Serão os mesmos portugueses que antes quase ninguém quis ouvir quando se aprovaram os tratado de Maastricht e de Lisboa ou a adesão ao euro?
E o dito consenso será pedido em relação a uma coisa gerada pelos mesmos que na Europa nos trouxeram até aqui?
Parece mesmo o tipo de projecto que tem tudo para dar certo. Há gente a quem a democracia diz muito pouco.
Ao fim deste tempo todo ainda é notícia que um dirigente de um partido de Governo afirme que "sacríficios podem não valer de nada sem solução europeia".
A afirmação de Diogo Feio mostra o nível que atingiu a representação do pensamento político em Portugal. O deputado do CDS-PP tem razão, mas também só chegou agora ao que já toda a gente viu. É estrondoso que nos jornais ainda se considere novidade aquilo que, mais que óbvio, é uma verdadeira lapallisssada.
Qualquer dia, informam-nos sobre a separação dos Beatles.
O bando franco-alemão decidiu agora que a Europa deve ter uma nova constituição refundadora que estabeleça um governo económico comum. Assim uma coisa em forma de imposição, que os habituais publicistas de serviço vão mais uma vez defendendo como inevitável.
O eixo Sarkozy-Angela Merkl considera-se detentor de uma autoridade imperialista sobre os destinos europeus. Pouco importa que nem sequer encontre legitimidade no campo dos resultados.
Nada disso impede o pequeno Nicolau de insistir na bizarria de um banco central independente do poder político, leia-se dependente dos poderes financeiros. Parece que na segunda-feira já haverá novidades cá para os cafres.
Infelizmente, com a actual composição da esmagadora maioria dos executivos europeus não parece que venham a ser os governantes a tirar o tapete à auto-nomeada dupla de regentes.
A dívida italiana a dez anos foi leiloada acima dos 7%, valor sagrado depois do qual Teixeira dos Santos admitiu que Portugal teria de recorrer ao FMI.
Nem o primeiro-ministro Monti, imposto pelos mercado, lhes vale embora todos saibamos como a economia da Itália é uma coisa sem robustez. E nem uma ideia diferente tine na cabecinha dos governantes europeus.
O agora discretíssimo Paulo Portas achou por bem vir a terreiro informar que chamara o embaixador iraniano às necessidades, na sequência da invasão da embaixada britânica em Teerão. Fez bem. O ministro mostra a força e a importância da diplomacia portuguesa no concerto das nações.
Em questões domésticas, daquelas que contribuem para o défice, é que parece menos dado aos esclarecimentos. Isso remete para assuntos mais comezinhos sobre a importância da economia portuguesa no concerto das nações.
No Jugular, Fátima Rolo Duarte recupera 18 frases de Carvalho da Silva em entrevista à Única, no último sábado.
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N'O Tempo das Cerejas, Victor Dias matiza os elogios que Francisco Assis fez ao secretário-Geral da CGTP, em artigo de opinião publicado no Público.
Parece pois estar em andamento o processo que provavelmente levará Carvalho da Silva à Presidência da República, afastando durante dez anos candidatos como Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Santana Lopes, Guterres ou Sócrates.
No seu discurso, Carvalho da Silva atira à organização do trabalho na comunicação social:
“Diz-se que desapareceu o taylorismo, qual quê! As redacções dos jornais e televisões são cadeias de concepção taylorista e fordista à exaustão.”
A afirmação é fácil de de subscrever. No entanto, a experiência diz-me que nas redacções nem sempre se sabe muito bem o que fazer com a inteligência e muito menos com a expressão da revolta. A solidariedade é palavra vã e o egoísmo servido em roda livre.
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