Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Em tempos, quando acompanhei fugazmente a cobertura do Caso Moderna, cruzei-me com Cristina Esteves, que nem sabe quem sou.
Mas foi, na altura, dos poucos jornalistas televisivos sociável, sem tiques de vedetismo, com que me cruzei. Sempre lhe apreciei os pivôs e textos, sem facilitismos, rigorosos, elegantes. O tom calmo e a dicção claríssima.
Esta semana, na RTP-Informação, assisti a parte das entrevistas que foi fazendo. Comecei com a de Noronha do Nascimento, a propósito da abertura do ano judicial - tema que bem merecia outro post.
Formada em Direito, preparada, dominando os assuntos, consistente, deixou sempre o presidente do Supremo expôr os seus pontos de vista (também a merecer post) e terminar os raciocínios. Não deixou de o questionar sobre a destruição das escutas de Sócrates, nem sobre outras acções polémicas da justiça à portuguesa.
Sem corporativismos, faz muito mais pelo direito à informação que certos jornalistas imprensariais, escudados numa pingue carreira de cargos de chefia.
Confrontado com o fecho de fábrica da UNICER, em Santarém, Pires de Lima responde que nem tudo é mau no processo mas que comunicação social fala sempre do lado negativo.
Cristina Esteves responde-lhe: "É natural. Estamos a falar de pessoas."
Pires de Lima não ouve ou não quer ouvir. Quase em simultâneo com a jornalista, quase repete a frase, quase parece assentir: "Pois, é natural, estamos a falar de Portugal".
"E estamos a falar de pessoas", repete-lhe, de modo claro, assertivo, em tom doce, Cristina Esteves.
Pires de Lima continuou as justificações sobre o lado bom dos despedimentos em Santarém. Mas tenho a impressão que foi das primeiras vezes que um jornalista explicou a um gestor, e de modo tão evidente, que existem pessoas nos negócios que gere.
Obviamente, Aguiar Branco não sabe com quem está a falar.
Aquilo não é gente que aprecie o tipo de afirmação feita pelo ministro.
E, ainda por cima, reagem em bloco. Como corpo que são.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.