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Gosto deste título

por Tempos Modernos, em 30.03.12

Um dos maiores potentados milionário-tecnológicos mundiais põe os trabalhadores de uma das suas fábricas a trabalhar quase o dobro das horas estabelecidas como razoáveis há mais de um século, viola 50 pontos da legislação de segurança e há quem fale em "irregularidades".

 

Coisinha pouca, portanto, infere o meu neutro, claro, camarada jornalista, talvez convertido à novilíngua do outro.

 

Vá lá que o jornalista que fez o artigo não chamou colaboradores aos trabalhadores, confundindo vínculos de ligação laboral e dando a impressão que aquilo é pessoal que vai lá episodicamente reabastecer a máquina das bolachas.

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publicado às 11:48

Um profeta para o já não tão novo milénio

por Tempos Modernos, em 30.03.12

 

Na hora da morte, Steve Jobs foi incensado por milhões de seguidores, em todo o mundo.

 

Defendido como se se tratasse de um profeta.

 

A ninguém se permitiu que se lhe relativizasse a genialidade, lembrando facetas menos agradáveis.

 

Só que o mais risonho futuro tecnológico junta-se ao mais tenebroso passado de exploração.

 

No fundo, trata-se de uma viagem ao interior de uma seita.

 

Com um lado tão negro que até viola leis chinesas - aquelas com que os governantes portugueses e europeus querem competir.

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publicado às 11:28

Uns casos são mais casos que outros?

por Tempos Modernos, em 30.03.12

Em entrevista à Visão, Margarida Blasco, Inspectora-Geral da Administração Interna, informa ter aberto um inquérito por causa da actuação da PSP, no dia da Greve Geral de 23 de Março. Mais adianta que a investigação trará resultados em menos de um mês.

 

Margarida Blasco, no entanto, nada diz sobre os acidentes de 24 de Novembro, cuja repercussão na blogosfera não teve grande impacto junto da comunicação social.

 

Não foi pela falta de atenção que não ocorreram factos muitos estranhos, como confirmado ainda agora, ao jornal i, por um guarda do Corpo de Intervenção. Nesse dia agents provocateurs da PSP andaram à solta entre os manifestantes, provocando distúrbios, e um jornalista foi agredido e detido.

 

Que fez a Inspecção-Geral da Administração Interna às denúncias recebidas?

 

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publicado às 00:43

E se juntassem esforços?

por Tempos Modernos, em 30.03.12

 

 

 

Talvez valesse a pena organizar uma próxima greve geral a meias com centrais espanholas.

 

Que impacto teria uma greve ibérica? Que efeitos emuladores teria sobre os trabalhadores portugueses uma iniciativa em stereo?

 

E que consequências sobre os habituais comentadores e denegridores de serviço?

 

Aqui ao lado parece haver muitos a considerar uma greve como método válido de luta política.

 

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publicado às 00:30

O Big Brother portas dentro

por Tempos Modernos, em 29.03.12

 

Publicado logo após a II Guerra Mundial, 1984 é aquele romance escrito por George Orwell, o único tipo de esquerda que a direita gosta de elogiar.

 

Foi escrito, diz-se, como uma parábola do totalitarismo soviético, omnipresente e vigilante.

 

Infelizmente, com tanta atenção devotada à URSS, nos EUA esqueceram-se de olhar para o próprio umbigo.

 

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publicado às 18:46

Os escravocratas

por Tempos Modernos, em 29.03.12

 

Obviamente, tenho um lado claro na questão da Lei Laboral. Da mesma maneira que o têm jornalistas e editorialistas publicados que garantem a pés juntos não o ter e que se asseguram equidistantes e objectivos.

 

Conheço demasiado bem os critérios que levam um trabalhador a ser muito ou pouco apreciado. E a qualidade está longe de estar no topo da lista. Nos jornais também.

 

Este Governo (como o do PS com Vieira da Silva ou com António José Seguro) acusa PCP, Bloco e PEV de estarem agarrados a ideias do século XIX. Pouco importa a evidência factual de que a monumental regressão laboral seja efectivamente levada a cabo pelos que fazem a acusação. Pouco interessa que todos os dias, apesar das sucessivas reformas, os números do Desemprego provem como é flexível o mercado laboral português. E os ditames da tróica não justificam tudo. Não se consegue perceber em que medida a facilidade de despedimento prejudica o défice público, intocável divindade dos tempos que correm.

 

E, no entanto, dir-se-ia que os partidos acusados de estar parados no século XIX estão presos a uma ideia ainda mais antiga: Aquela de que os seres humanos têm de comer, de vestir-se, de se educarem, de ir ao médico, de morar em algum lado.

 

Como, para sobreviver, a maioria de nós vê-se forçado a trabalhar - o que sucede também com as empresas, embora se veja muitos empresários absolutamente convencidos de que produzem sozinhos - não há como não dar poder aos empregados.

 

Não existe a mínima hipótese de procurar o equilíbrio numa relação contratual, quando todo o poder é dado a uma das partes. É o velho rifão: "Queres conhecer o vilão? Mete-lhe o pau na mão." Podia dizer que não tem de ser assim. Talvez seja verdade. Infelizmente, conheço demasiadas provas do contrário. Até na pele.

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publicado às 18:11

Velhos costumes

por Tempos Modernos, em 28.03.12

 

 

 Primeiro cortam o salário mínimo dos estrangeiros qualificados em mais de 1500 euros por mês...

 

 

 

(Variação sobre um tema de Martin Niemöller)

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publicado às 18:22

Catequizar as massas

por Tempos Modernos, em 26.03.12

 

 

Gosto tanto de futebol que, em 2010, essa tarde em que se defrontaram as selecções portuguesa e brasileira no mundial de futebol passei-a eu enfiado no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.

 

Embora forçado a transferir o horário de trabalho para o fim do dia, sempre me livrava a duas horas de berreiro na redacção, durante os quais ninguém trabalhava. Muitos por tanto berrarem em frente aos televisores outros por não o conseguirem fazer.

 

Por mero acaso - apanhara Machado Vaz num desses programas de discussão sobre futebol e resolvera ver o que tinha o psiquiatra a dizer sobre o assunto - acompanhei as conferências de imprensa no final do Benfica-Porto para a Taça da Liga.

 

No seu jeito peculiar, Jorge Jesus arengava sobre a grandeza do Benfica e as vantagens de enfrentar um pesado calendário de jogos apenas resultante do facto alegadamente épico de ainda estar envolvido em três frentes de combate futebolísticas: Taça da liga, Campeonato e, salvo erro, a Champions.

 

Embora torça pelos encarnados, confesso que o discurso pouco me comove. O tom é épico, vibrante, mas já se sabe que o clube dificilmente sobrevive ao embate com a realidade. Não empatou, nem sei com quem, este fim de semana? E depois, aqui entre nós, embora aproveitável para um sem fim de metáforas trata-se só de um jogo. Nada de decisivo para a vida das pessoas se joga ali. Nada naqueles discursos empoladíssimos faz grande sentido. É tudo conjuntural.

 

Embora possa, mais ou menos, nalguns casos (o Porto dos anos 1980 e 1990, por exemplo), ter um suporte estrutural, para as glórias passadas contam bem mais os acasos e golpes de sorte. Para as preferências clubística pesam só e apenas razões sentimentais. Nada racional explica a paixão por um clube em detrimento de outro. Que acometido por um orgulho acrisolado numa agremiação recreativa e de desportos - de projecção internacional, mas não mais que isso - um cidadão ericeirense tenha decidido expôr a sua causa ofendida ao Ministério da Educação só mostra a falta de sentido das proporções de boa parte dos amantes do futebol.

 

Há dias, apanhei três miúdos no Metro de Lisboa, fins da adolescência, saindo na Quinta das Conchas, classe média educada. Iam absolutamente engalfinhados uns nos outros por causa do futebol. Um deles recitava com forte empenho a cartilha que eu vira ser elaborada por Jorge Jesus apenas uns dias antes. Nem uma hesitação, nem uma crítica, nem uma ideia sua. Um credo, recitado com fervor. Há tempos, no seu discurso dos chineses, Paulo Futre conseguiu arrancar muitos comentários jocosos, vindos de muitos lados. Curiosamente, a prestação, valeu-lhe convites para anúncios publicitários e para um programa televisivo. Os meios televisivos e publicitários são conhecidos por reciclarem qualquer sinal de notoriedade, negativa ou positiva, mas Futre não se ficou por aí. O ex-jogador do Atlético de Madrid, Sporting, Porto e Benfica tem vindo desde então a ser bastante convidado para leccionar workshops sobre motivação.

 

Passar na televisão torna Futre credível fora do campo de futebol e transforma Jorge Jesus numa fonte doutrinal. A questão é: Alguém acredita que se os ouvissem no café alguém levaria a sério o que dizem tais indivíduos?

 

Não admira que também nos sectores jornalístico, político e económico exista tanto discurso acrítico. E em boa parte não terão sequer pontos de vista mais sólidos e fundamentados que os de Futre ou do treinador do Benfica.

 

O ser humano parece mais feito para repetir argumentos de outros do que para pensar autonomamente e produzir raciocínios próprios. Mas, ao menos, quando falasse, podia ter a honestidade intelectual de referir as fontes dos seus argumentos: "Isto que eu estou a dizer até foi defendido por Jesus. O Jorge, o do Benfica e não o de Belém."

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publicado às 12:54

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publicado às 23:29

Argumentação circular

por Tempos Modernos, em 24.03.12

Os tempos não andam de feição para os doutorados em Direito que dizem coisas.

 

O Público foi perguntar a vários especialistas o que achavam da decisão governamental de proibir as empresas de transportortes de divulgar os números da greve de quinta-feira.

 

Há quem defenda, como os socialistas Pedro Bacelar de Vacsoncelos e Isabel Moreira, que a decisão revela falta de transparência, põe em causa o direito à informação e tenta condicionar a leitura da greve

 

Já Paulo Otero afasta uma tentativa de negar o direito à informação. Para o professor universitário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa o que se procura é "desvalorizar qualquer repercussão estatística da greve" e evitar as tradicionais guerras de números.

 

Eu diria que se contradiz, mas isso sou eu que me formei em engenharia e tenho a mania que dados estatísticos são informação.

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publicado às 18:07

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