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Num gesto inédito várias organizações não governamentais (ONG) a actuar na Guiné-Bissau alertam para o agravamento da situação humanitária naquele país africano na sequência de crise aberta no dia 12 de Abril. Além de condenarem o golpe de Estado, apelam à cooperação dos actores nacionais e internacionais e na resolução da situação através do diálogo.
Reunidas entre os dias 25 e 27 de Abril, 31 ONG, a que entretanto se juntaram mais duas, receiam que o agravar da situação esteja "a provocar escassez e subida dos preços dos bens essenciais, deslocação de pessoas à procura de segurança fora da capital com implicações em termos de educação e saúde pública, num momento em que se aproxima a época das chuvas, com alto risco de cólera e de outras epidemias."
Para ler o comunicado na Íntegra:
«Posicionamento de um conjunto de ONGs Nacionais e Internacionais na Guiné-Bissau face ao Golpe de Estado de 12 de Abril de 2012
Reunido entre os dias 25-27 de Abril do ano em curso, um conjunto de Organizações Não-Governamentais (ONGs) nacionais e internacionais preocupadas com a situação político-militar desencadeada pelo golpe de Estado de 12 de Abril,
Preocupadas com as implicações e consequências políticas, sociais e económicas desta ação, nomeadamente no que concerne ao funcionamento das instituições e à segurança nacional, alimentar e sanitária das populações em geral,
Reconhecendo que o agravar desta situação está a provocar escassez e subida dos preços dos bens essenciais, deslocação de pessoas à procura de segurança fora da capital com implicações em termos de educação e saúde pública, num momento em que se aproxima a época das chuvas, com alto risco de cólera e de outras epidemias,
Considerando que com o deflagrar desta situação as condições de vida das comunidades foram também agravadas pelas limitações da capacidade de atuação das ONGs,
Considerando que esta conjuntura está a levar ao isolamento internacional do país,
Considerando que a continuidade ou agudização da situação atual levará à instauração de uma situação de emergência que colocará em causa os esforços de desenvolvimento em curso e resultará num retrocesso face aos progressos já alcançados a este nível,
As ONGs nacionais e internacionais signatárias decidem:
1. Condenar o golpe de Estado,
2. Apelar à libertação imediata de todos os detidos na sequência deste processo, ao fim das perseguições políticas, e ao respeito pelos direitos humanos, enfatizando os direitos civis e políticos,
3. Apelar à restituição da legalidade e da ordem constitucional,
4. Apelar aos atores nacionais e internacionais envolvidos na resolução desta situação a se engajarem na procura de soluções duráveis, através do diálogo,
5. Reafirmar o seu compromisso e empenho no trabalho de promoção do desenvolvimento nas respetivas comunidades, em prol do bem-estar do País,
6. Apelar às ONGs que concertem e coordenem os seus esforços, quer em termos regionais quer temáticos, de forma a minimizar os riscos e impactos potenciados com esta situação político-militar,
7. Apelar às comunidades e à população em geral para que conservem a paz, a coesão social e a cultura de solidariedade que caracteriza o povo guineense, mesmo em situações mais complexas e de crise,
8. Apelar aos operadores económicos nacionais e internacionais para que sejam solidários com a população, evitando a subida de preços dos produtos da primeira necessidade enquanto a situação prevaleça,
9. Apelar aos media nacionais e internacionais para que transmitam uma imagem mais abrangente do país, refletindo a realidade das populações e a sua voz,
10. Apelar à Comunidade Internacional para que continue a apoiar os esforços na promoção da paz, da segurança e do desenvolvimento na Guiné-Bissau.
Feito em Bissau, aos vinte e sete dias de Abril de 2012.
As organizações
1. ACEP
2. ACPP
3. AD
4. ADIM
5. AIDA
6. AIFA/PALOP
7. AJPCT
8. ALTERNAG
9. AMIC
10. CIDAC
11. CIDEAL
12. COPE
13. DIVUTEC
14. EAPP
15. EMI
16. ENGIM
17. FUDEN
18. IEPALA
19. IMVF
20. KAFO
21. LGDH
22. MEDICUSMUNDI
23. MON‐CU‐MON
24. NADEL
25. PAZ Y DESARROLLO
26. PLAN GUINEA BISSAU
27. RASALAO
28. RENARC
29. SNV
30. TINIGUENA
31. VIDA
32. ESSOR
33. MANITESE»
À primeira audição, o contagioso Virou!, dos Diabo na Cruz, tem em Roque Popular um sucessor não particularmente entusiasmante. Mas, também, que querem?, o primeiro álbum era um prodígio de hits. Cada faixa, cada single.
Em Roque Popular, o humor e a fluência das letras são, o mais das vezes, comidos pela dicção de Jorge Cruz. A barreira elétrica não reforça mas abafa. O pior é que, no mundo da tradição, a palavra é importante.
Agora, já sem Bernado Fachada no elenco oficial, os Diabo na Cruz ensaiam o périplo nacional. Sem o tom de festa de Virou!, os temas viajam pelo país, convocados pela Serra da Estrela, Viana do Castelo, Alfama ou Idanha.
Subsiste a naturalidade de refrões como "E se o teu pai não aceita, desconfia, do que eu tenho para te dar/Ele que saiba que eu trabalho, todo o dia, pelo roque popular". Versos apontados à crise, como "Ir para angola pode mesmo ser a salvação". Porém, o tom geral é baço, quase equalizado, um conjunto de lados B, sem pontos altos que se intrometam.
Honesto, Roque Popular não envergonha, mas também não sequestra as almas. Desejava-se mais deste segundo round da banda. Bem necessitado se anda de catalizadores artísticos.
Se o jornalismo engajado e comprometido da The Economist receia Hollande é por que a França vai no bom caminho.
Os pontos de vista desta Bíblia de muitos jornalistas portugueses ajudaram a montar a crise que aí anda e nem a viram aproximar-se.
A redução das rendas estatais pagas às empresas de energia será uma realidade em Maio, afirmou ontem Passos Coelho.
A experiência de décadas e o passado recente levam a que se tenha bem pouca fé nas declarações do primeiro-ministro.
I
É verdade, vivo em tempo de trevas!
É insensata toda a palavra ingénua. Uma testa lisa
Revela insensibilidade. Os que riem
Riem porque ainda não receberam
A terrível notícia.
Que tempos são estes, em que
Uma conversa sobre árvores é quase um crime
Porque traz em si um silêncio sobre tanta monstruosidade?
Aquele ali, tranquilo a atravessar a rua,
Não estará já disponível para os amigos
Em apuros?
É verdade: ainda ganho o meu sustento.
Mas acreditem: é puro acaso. Nada
Do que eu faço me dá o direito de comer bem.
Por acaso fui poupado (quando a sorte me faltar, estou perdido.)
Dizem-me: Come e bebe! Agradece por teres o que tens!
Mas como posso eu comer e beber quando
Roubo ao faminto o que como e
O meu copo de água falta a quem morre de sede?
E apesar disso eu como e bebo.
Também eu gostava de ter sabedoria.
Nos velhos livros está escrito o que é ser sábio:
Retirar-se das querelas do mundo e passar
Este breve tempo sem medo.
E também viver sem violência
Pagar o mal com o bem
Não realizar os desejos, mas esquecê-los.
Ser sábio é isto.
E eu nada sei fazer!
É verdade, vivo em tempo de trevas!
II
Cheguei às cidades nos tempos da desordem
Quando aí grassava a fome
Vim viver com os homens nos tempos da revolta
E com eles me revoltei.
E assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
Comi o meu pão entre as batalhas
Deitei-me a dormir entre os assassinos
Dei-me ao amor sem cuidados
E olhei a natureza sem paciência.
E assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
No meu tempo as ruas iam dar ao pântano.
A língua traiu-me ao carniceiro.
Pouco podia fazer. Mas os senhores do mundo
Sem mim estavam mais seguros, esperava eu.
E assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
As forças eram poucas. A meta
Estava muito longe
Claramente visível, mas nem por isso
Ao meu alcance.
E assim passou o tempo
Que na terra me foi dado.
III
Vós, que surgireis do dilúvio
Em que nós nos afundámos
Quando falardes das nossas franquezas
Lembrai-vos
Também do tempo de trevas
A que escapastes
Pois nós, mudando mais vezes de país que de sapatos, atravessámos
As guerras de classes, desesperados
Ao ver só injustiça e não revolta.
E afinal sabemos:
Também o ódio contra a baixeza
Desfigura as feições.
Também a cólera contra a injustiça
Torna a voz rouca. Ah, nós
Que queríamos desbravar o terreno para a amabilidade
Não soubemos afinal ser amáveis.
Mas vós, quando chegar a hora
De o homem ajudar o homem
Lembrai-vos de nós com indulgência.
Tradução de João Barreto in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Lisboa, Assírio & Alvim, Agosto de 2001
O custo por hora de trabalho em Portugal é menos de metade do da média da zona Euro.
Ou seja, seria previsível que o país captasse bem mais investimento estrangeiro do que aquele que consegue captar.
Como se sabe há muito, mas prefere continuar a ignorar-se, Portugal precisa de outros argumentos para atrair investimentos em vez de continuar a tentar competir com o Leste, Índia e China.
E enquanto não chegam precisa de apostar na produção interna. Pelo menos desde Cavaco Silva, todos os governantes ajudaram a destruir o sector produtivo. Já era tempo de emendar o erro.
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