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Jusqu'ici va bien, mas há Marine Le Pen.
De qualquer forma são sinais positivos, num país menos afectado pela crise que outros.
Mais uma nota com atraso. No Porto, um grupo de cidadãos tomou há tempos uma escola abandonada dinamizando por lá várias iniciativas culturais e sociais envolvendo a comunidade (aqui). Rui Rio ordenou a desocupação. Forças dos bombeiros e da polícia municipal terão atirado livros e material vário pelas janelas. A tão auto-propalada iniciativa privada do norte nem sempre é vista com bons olhos pelos seus maiores defensores públicos.
Em Buenos Aires, Cristina Kirchner nacionalizou há dias uma petrolífera. Na Comissão Europeia, na suicidária Europa, soaram os badalos. A não ser que seja para salvar bancos - ainda por cima corruptos - as nacionalizações não se justificam, embora se saiba quem paga a conta.
Na televisão, Paulo Rangel, eurodeputado pelo PSD, atacou a presidente sul-americana, lembrando que a Argentina anda afastada dos mercados há dez anos. No fundo, acrescente-se, desde que rompeu com acordos que a obrigavam a seguir a actual receita europeia.
Rangel e os críticos nada disseram sobre as acusações de boicote feitas por Cristina Kirchner, que contribuem activamente para adiar o regresso aos tão virtuosos leilões de dívida.
Segundo a chefe de Estado argentina, a petrolífera não terá investido suficientemente no país o que, só em 2010, levou a importações de quase dez mil milhões de dólares em combustível.
Em algumas zonas de maioria balanta da Guiné Bissau já se manda os portugueses irem para casa, garantiu fonte bem informada ao Tempos Modernos.
E os sentimentos locais em relação a Angola e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa não são melhores.
Aqui há uns anos, durante um curso de segurança e defesa para jornalistas, no Instituto de Defesa Nacional, falei um bocado sobre política de língua portuguesa com um antigo responsável governamental socialista.
Não havia ali uma ideia sobre o assunto, tirando a vaga intenção de construir uns sites e assim.
Há muito que a Espanha percebeu a importância do tema. A França também e até mesmo a Alemanha, cujo idioma só se fala na Europa, tem uma atenção ao Goethe Institut sem paralelo em Portugal ou no Brasil. Affonso Romano de Sant'Anna, recentemente, em depoimento ao Jornal de Letras, declarava que, apesar dos 200 milhões de falantes, o português é um dialecto.
Nos últimos anos, numa opção pessoal que tem mais de emocional que de racional, milhares de portugueses têm aprofundado e certificado o seu conhecimento de espanhol, idioma quase gémeo, cuja leitura e compreensão oral se tornam quase imediatas com escasso convívio. Não são as ligeiras diferenças sintáticas e os falsos amigos que justificam a dimensão do investimento. Nos níveis iniciais, então, vale a pena comparar os ritmos de entendimento de um português e do falante de outro idioma, a mais que justificarem um regime de ensino diferenciado e com menos etapas.
No que toca a prémios, a entrega do Cervantes é aguardada com expectativa pelo mundo intelectual. A percepção do Camões - e da sua evidente utilidade - é tão reduzida que na comunicação social mainstream em português chega a ter mais impacto a entrega do PT Literatura. E o próprio nome da coisa não é consensual entre as entidades portuguesas e brasileiras que o financiam. No portal do Ministério da Cultura brasileiro chega mesmo a chamar-se-lhe mesmo Prémio Luís de Camões.
Mas que fazer quando são os próprios portugueses, alguns deles com evidentes responsabilidades de Estado, que insistem em mostrar os seus dotes para falar estrangeiro em qualquer sítio onde se encontrem? Sampaio, Cavaco, Guterres, Durão Barroso, Sócrates, Passos Coelho, chegam a sítios pejados de tradutores-intépretes e preferem expressar-se na língua dos outros ou numa língua terceira.
O caso da Guiné voltou a evidenciá-lo. Nas Nações Unidas, o habitualmente patriótico Paulo Portas optou pelo inglês. Declarações em português ficaram por conta de um angolano, representante de uma potência regional que parece já ter percebido melhor que os seus irmãos mais velhos a verdadeira importância de uma política de língua.
Nota: Pelos vistos, , no seu discurso, Paulo Portas ainda fez uma perninha em crioulo. O que quer dizer que percebe a importância do uso da língua.
A ligeireza populista com que nas feiras Paulo Portas se faz apanhar pelas câmaras de televisão pode terimpacto internacional.
Desaparecido ao longo de meses nas bolamas dos Negócios Estrangeiros, o ministro reapareceu para se mostrar a fazer figura.
Evidenciou a imagem de estadista de pulso que gosta de fazer passar. Sempre faz esquecer o seu papel essencial como produtor de frases de efeito.
A vaidade de Portas é preocupante quando os assuntos são delicados. A realidade comprova a análise, Demasiadas vezes e com demasiada força.
Na Guiné Bissau, o anúncio tonitruante da activação de uma Força de Intervenção Rápida Portuguesa não terá ajudado à eficácia de uma evacuação de portugueses.
Mas conseguiu lançar uma vaga de pânico entre os guineenses. Assustados com um desembarque português, parte da população deslocou-se da capital.
Portas deve ter relembrado os tempos d'O Independente.
Mais uma vez um sound bite seu conseguiu causar estragos. Só que a existência de deslocados é um dos mais preocupantes e mortíferos fenómenos das guerras e conflitos africanos.
Entretanto, no terreno, e como de costume, a situação parece ter-se resolvido por si. Tal como das outras vezes em que não se ouviu falar dos militares portugueses.
Em Bissau, nunca se sabe muito nem quem manda, nem quem age, nem com que motivações. Quanto mais nas Necessidades.
Em África, a vaidade de Spínola, servida pela propaganda, não teve o condão de dominar o cenário de guerra que estava entregue ao general. Quando ocorreu o 25 de Abril, boa parte do território estava nas mãso do PAIGC e as Nações Unidas já tinham tratado do reconhecimento da independência daquela colónia portuguesa.
Mais discreto, e sem fama de cabo de guerra, Costa Gomes, com métodos duvidoso, também, reduzira consideravelmente a intensidade do conflito angolano.
No actual Governo português, as pastas dos Negócios Estrangeiros e da Defesa estão na mão de dois políticos que cultivam a vaidade. E esta, em assuntos militares, nunca foi necessariamente boa conselheira. Se Portugal tem necessidade de intervir na Guiné Bissau para evacuar cidadãos nacionais deve fazê-lo. De modo discreto. Iam e calavam-se.
Anunciar que se vão deslocar forças militares para as imediações cria anti-corpos. A situação é delicada e tem potencial explosivo, refrorçado pela desconfiança com que alguns sectores vêem a presença militar estrangeira em Bissau.
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