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Diz a igreja que de nada serve a abstinência da carne que no dia de hoje amplamente se pratica se, em alternativa, vierem para a mesa travessas e travessas de peixe, marisco, delicassies.
Talvez por isso mesmo, num assomo de incentivo ao rigor e ortodoxia católica, o Conselho de Ministros e um dos ministros mais cristãos do Executivo, Pedro Mota Soares, nos tenham surpreendido ao anunciar pela calada e para o fim dos tempos o momento em que cada um dos nós se poderá reformar.
"Maldita seja a terra por tua causa. E dela só arrancarás alimento à custa de penoso trabalho, todos os dias da tua vida. Produzir-te-á espinhos e abrolhos, e comerás a erva dos campos. comerás o pão com o suor do teu rosto", disse ao homem o Deus bruto e vingativo do Velho Testamento.
Haveria Mota Soares de se comover? Haveria o Conselho de Ministros de hesitar? O diktat da tróica é apenas uma boa desculpa para alguns políticos fazerem o que sempre defenderam. Do mesmo Génesis excluem qualquer rersquício de boa nova proto-evangélica. Preferem dirigir ao homem a frase que Deus dirigiu à serpente: "Rastejarás sobre o teu ventre, alimentar-te-ás de terra todos os dias da tua vida".
Há dias, o Jornal de Negócios publicou um artigo intitulado "Os economistas falharam na crise. E os jornalistas?" (via Shyznogud)
Mas ainda subsistirão dúvidas? Falharam e continuam a falhar.
Alinharam no pensamento único, excluíram as diferenças, ignoraram o que inúmeras vozes anunciavam há anos.
E, mesmo assim, nem um abalo se sentiu nas estruturas comunicacionais, nas linhas editoriais ou nas lógicas de acesso ao exercício da profissão.
Voluntarismo e amadorismo juntam-se de forma risível no megalómano MInistério da Economia.
Queimados com os Transportes, por causa da Lusoponte, Passos Coelho e Álvaro Santos Pereira, ministro com contrato a termo, acabaram com o TGV que um anterior Governo PSD/CDS-PP tinha acarinhado para, de seguida, avançarem com uma moderna ligação de mercadorias entre Sines e Badajoz. Aparentemente, não consultaram nem operadores, nem especialistas.
Trágico, no entanto, é que num conselho de ministros inteiro não houvesse ninguém que soubesse ou reparasse que Portugal e Espanha têm bitolas ferroviárias diferentes das do resto da Europa há dezenas e dezenas de anos.
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