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Finalmente, o Camões para Dalton Trevisan

por Tempos Modernos, em 21.05.12

 

Diz a má língua curitibana que Trevisan não se flagra na rua, sempre fechado em casa. Há décadas, recusando contactar o mundo,

 

Brasileiro de origem polaca, nascido em 1925, licenciado em Direito, Dalton Trevisan faz contos curtos, despojados. Procura, lembrou Fernando Assis Pacheco, no prefácio ao Cemitério de Elefantes*, a concisão do Haikai, poemas japoneses de três versos.

 

Anacoreta, o óbvio Vampiro de Curitiba, título de um dos seus livros mais conhecidos, anda mais do que escassamente publicado em Portugal, como aliás a maioria dos escritores brasileiros que interessam.

 

É literatura para quem gosta de literatura. Silenciosa, exacta, rigorosa. Páginas brevíssimas, intensamente preenchidas. Crueldade, vidas rarefeitas, ternura destruída.

 

Há anos que receava que o Camões passasse ao seu lado, que o deixasse ir sem dar por ele. Os portugueses nem sabem o que ali está.

 

* É o único livro do autor publicado em Portugal. Neste momento nem sequer está disponivel no catálogo da Relógio de Água. O resto que se vai apanhando é em edições brasileiras.

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publicado às 14:57

Perdas de tempo

por Tempos Modernos, em 20.05.12

O novo Caso Relvas não tem muito que saber. Não há ali nada que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) possa resolver.

 

É a palavra da editora de um jornal, que terá recebido ameaças insustentáveis numa democracia, contra a palavra de um ministro, que alegadamente terá feito as ameaças.

 

Confrontado, Miguel Relva apressou-se a enviar uma série de documentos para a ERC. Neles queixa-se do trabalho da jornalista. No limite é legítimo, mas não é isso que está em causa. Embora seja isso que, ao longo do fim-de-semana, várias personalidades do PSD têm tentado fazer acreditar, nas televisões, nos jornais, na blogosfera. Tal como não é está em causa um conflito entre a direcção e a redacção do diário.

 

As questões são simples. Miguel Relvas ameaçou embargar todo o envio de informação governamental ao Público? Só ele e a editora de política do jornal saberão. O ministro da Presidência ameaçou realmente divulgar na internet dados sobre a vida pessoal da jornalista Maria José Oliveira? Só duas pessoas conhecem a verdade.

 

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publicado às 20:45

 

 

"O social-democrata [Vírgílio Macedo] destacou também que «ninguém vai imaginar que existiram pressões sobre os jornalistas» até porque estes não são «susceptíveis de sofrer esse tipo de pressões, porque têm um código de ética que não lhes permite»."

 

Já que o líder do PSD-Porto acha que aquilo que disse é argumento, talvez devesse lembrar-se que o Código Deontológico também não permite que um jornalista minta. Enfim, alçapões e contradiçõezitas do argumentário político instantâneo e pronto a vestir.

 

(Via Jugular)

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publicado às 10:21

Teorias da conspiração (& Exageros*)

por Tempos Modernos, em 20.05.12

 

Sobre o sítio onde Relvas obteve alegada informação sobre a vida privada de um jornalista para a publicar há quem se questione e há quem acuse.

 

Acredito que exageram. O ministro adjunto sempre cultivou as relações com os jornalistas. Cheguei a vê-lo na São Caetano à Lapa, rodeado de vários, gargalhando todos. Ruidosos, barulhentos, como velhos camaradas, a linguagem de caserna, desbragada.

 

São daquelas coisas que aproximam as fontes, diz-se.

 

Possivelmente, Relvas terá apenas recorrido ao arsenal de má-língua, de rumores e histórias mal-contadas que contaminam as redacções. Também nunca ninguém disse que primasse pela elegância. E, no entanto, já devia ter feito o que há a fazer.

 

Felizmente em Timor, Sua Excelência tem escassa moral para exigir a demissão de alguém por uma situação ligada ao condicionamento de jornalistas. Só que Passos Coelho não tem grande margem de manobra.

 

Mais facilmente será destruído nos jornais por isto que por erros na condução da crise. E logo à noite, Marcelo falará. E não se esqueçam que está, há muito, em pré-campanha para Belém.

 

 

 

* Pilhado do título de uma antiga coluna jornalística.

 

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publicado às 09:46

Spin doctorzice

por Tempos Modernos, em 20.05.12

 

Por muita razão que o Conselho de Redacção da RTP-Açores possa ter*, surgir nesta altura com uma acusação destas tresanda de tal maneira a encomenda que só os mais sectários militantes laranjas usarão o comunicado como argumentário.

 

A altura é oportuna. A empresa tutelada** pelo condicionador ministro Relvas vem acusar um governante socialista, partido rival, de também condicionar.

 

Parece esgotar-se nestes jogos de equivalências especulares a inteligência dos spins nacionais, dos dos gabinetes dos ministros, dos nos órgãos de comunicação social, numa lógica de libertar informação delicada em modo contra-fogo. Sai uma coisa má sobre um, logo sai algo semelhante sobre o outro.

 

Naquele Conselho de Redacção, ninguém percebeu a situação delicada em que se meteu ao chamar a atenção para isto apenas agora?

 

 

* Pelo que se apanha na imprensa não parecem ter um caso da dimensão do de Relvas, de chantagem e ameaça. As habituais discordâncias sobre critérios editoriais – sempre dúbios -  e sobre ângulos jornalísticos tratados com maus modos e falta de tacto por detentores do poder.

 

** O Grupo de Trabalho nomeado por Relvas para o serviço Público de Televisão tinha sugerido a extinção da RTP-Açores. O caso demonstra antes que os poderes executivos têm de ser afastados da tutela. A existência de um serviço público de informação faz todo o sentido. Pouco me interessa o que patrões do privado ou directores digam sobre o assunto. Enquanto jornalista defendo o direito à informação e não quotas de mercado.

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publicado às 09:22

Pelo sim, pelo não...

por Tempos Modernos, em 19.05.12

 

... se eu fosse ao Banco de Portugal quando recebesse as velhas notas de escudo não as deitava fora.

 

Nunca se sabe quando teremos de as voltar a tirar do colchão.

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publicado às 16:50

A conta em que nos têm

por Tempos Modernos, em 19.05.12

 

Afinal, a justificação é do gabinete do ministro. O deputado Meneses apenas terá assumido a função de pé-de-microfone.

 

Dizem do gabinete do ministro adjunto que "como é óbvio, a decisão de publicar ou não uma determinada notícia compete exclusivamente aos membros da direção editorial de um órgão de comunicação social".

 

É mais grave. Se fosse só um deputado a achar que éramos parvos, ficava a gente mais descansada.

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publicado às 15:52

A ver se eles são parvos

por Tempos Modernos, em 19.05.12

 

Luís Meneses tem da política um certo traquejo.

 

Pelo menos da parte que versa sobre as justificações falaciosas.

 

Para o deputado do PSD, em declarações a um canal televisivo qualquer, se o jornal não foi condicionado daí decorre que não se pode acusar o ministro de tentar condicionar.

 

A pergunta é: Ele acha mesmo que somos parvos?

 

Mal comparado, é assim como se em caso de homícidio apenas se fosse a julgamento nos casos concretizados deixando as tentativas de homicídio de fora das investigações.

 

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publicado às 13:29

Condicionar como verbo reflexo

por Tempos Modernos, em 19.05.12

Nos comentários do Público online ao novo caso Relvas, há quem critique veemente a tentativa de condicionamento de um jornal feita por um político.

 

Condicionamento haverá sempre, fora os próprios e pessoais. Haverá os jornalistas que não se deixam condicionar; outros que sim, deixam; os que nem dão por isso; os que fazem um escândalo com um simples "olhe que se enganou no que escreveu"; e até, e são muitos, os que já vêm de casa condicionados por defeito.

 

Mas não são apenas os políticos a condicionar. E se neste caso existe a agravante de as ameaças virem de um actor executivo, outros condicionamentos não vêm de lados menos poderosos. Tal como estão, as redacções são escolas práticas de condicionamento.

Na prática, há poucas maneiras de fugir às inevitáveis tentativas de pressão. Venham de onde vierem. Inclusive internas. Duas imprescindíveis:

 

Variedade nas redacções. De idade, experiência, percurso, formação, ideologia.

 

Mas também vínculos contratuais fortes, definitivos e sem excessivas diferenças salariais. Que blindem o jornalista com a capacidade de dizer não e até de deixar a página em branco contra a pressão do fecho e das vendas. 

 

É isso que o leitor deve exigir se quiser uma imprensa livre e capaz. Não há mercado nem dinheiro privado para isso? Mais um motivo para não vender a RTP, afastar de vez os governantes da tutela e das tentações e não embarcar nas cortinas de fumo dos assessores.

 

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publicado às 11:18

Lenços brancos em São Bento

por Tempos Modernos, em 19.05.12

 

O que é conhecido da persona pública de Miguel Relvas pouco o recomendaria para o cargo de Ministro.

 

São da ordem da Física alguns dos motivos que justificariam a sua não inclusão. Falta de gravidade e falta de densidade, a que curiosamente não falta uma massa muito específica associada ao conhecimento prático do aparelho laranja e da sua manobra.

 

Como criatura e demiurgo da coisa não podia faltar a um Executivo. Mal chegado, eficaz, tratou de arregimentar uma mão cheia e variada de bloggers, jornalistas e fazedores de opinião. 

 

Nas últimas semanas voltou à ribalta por causa das secretas.  Ontem, o Público acusou-o de ameaçar pessoalmente o jornal e, com laivos canalhas, uma jornalista.

 

Se é verdade, Passos Coelho saberá o que há a fazer.

 

Só se espera que por causa do gravíssimo atentado à ética e à liberdade de imprensa não se desviem todos os holofotes para a honra ofendida da classe esquecendo pelo caminho a nebulosa das secretas.

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publicado às 07:53



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