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(Foto: Blitz.pt)
... e no momento actual, quando o Governo tenta arranjar dinheiro em todo o lado, se esta venda não é criminosa, não se sabe o que é que será criminoso.
A coisa fica em família, mas o economista em Belém não poderia vetar o negócio ruinoso?
(Via Ladrões de Bicicletas)
Por qualquer motivo que não consigo compreender, responsáveis académicos arranjam sempre motivos para justificar a não condenação explícita das praxes.
A coisa configura ilícito e carrega óbvia coação piscológica quando não física. Mas o que se verifica é que funcionários encontram sempre forma de relativizar a coisa e até se arranja maneira de institucionalizar a praxe em estatutos.
A esmagadora maioria da opinião publicada e ouvida vai defendendo a alteração da Constituição, enquanto modo de sair da crise em que nos meteu.
Melhor se fazia se se seguisse o conselho de Medeiros Ferreira mudando os estatutos do Banco Central Europeu motor da ruína continental.
Afinal é nesse país que Soares do Santos paga boa parte dos impostos sobre o que ganha com a venda dos seus produtos aos portugueses.
(Foto: Margarida Ramos/Global Imagens em jn.pt)
Marcelo Rebelo de Sousa é talvez o mais destacado defensor da teoria de que as manifestações pela demissão de Miguel Relvas estão condenadas ao fracasso.
Previsível. À direita concebe-se a política principalmente enquanto veículo de poder. Para um grande número dos seus militantes, e simpatizantes, Maquiavel é autor a seguir.
A contestação só faz sentido se mostrar resultados imediatos, se servir para obter ou manter o poder. Manifestações de cidadania, de participação, são, com sorte, remetidas para o campo das excentricidades, ou, o mais das vezes, da marginalidade.
Quando está na oposição, o PSD é um partido vocacionado para encher a comunicação social com indignação e ruído. Ainda se estudarão as diferenças de estados de alma das populações quando os laranjas são governo e quando aguardam a sua vez de alternar. Não se sabe se são os portugueses que são pacientes, se a esquerda que resiste melhor ao afastamento da governação.
Marcelo é um alto quadro do partido. Não se espere que comente de modo neutro enquanto prossegue a campanha pessoal para a presidência da República.
(Foto: A Bola.pt)
A realidade anda demasiado atroz para se escrever sobre ela.
Nos blogues, vejo que barretos e manuelas ferreiras leites continuam a catequizar telespectadores e a entorpecer sinapses neuronais.
A Alemanha, finalmente ameaçada pelos mercados, grita - como antes gritou Portugal que não era Grécia - que não é a Espanha, a Itália: "Nós somos a âncora do euro." Por cá, o Governo segue viagem numa ampla e antológica frente de disparates estratégica e ideologicamente criminosa.
Assunção Cristas, um ente político bem kitado pela comunicação social, abre caminho à eucaliptização do país. Segundo parece, do ministério da Agricultura, Ambiente e Ordenamento sairá legislação pondo fim à necessidade de pedido de autorização para o tipo de árvore a plantar em terrenos de até cinco hectares (dez no caso da rearborização).
Desde há muito que especialistas em incêndios florestais têm apontado a monocultura florestal como uma das grandes reponsáveis pela rapidez de progressão dos fogos em Portugal. Tiro e queda. A brilhante ideia sai do gabinete da ministra cá para fora e o país leva a semana a arder. Talvez Assunção Cristas volte a propor a reza do terço, desta vez como solução para os fogos e seu impacto económico.
Com o incentivo pirómano saído do Ministério de Assunção não haverá muito mais a fazer. É a aposta na Economia de Catástrofe: Um inferno repleto de helicópteros de combate a incêndio, de pesados meios humanos e técnicos a pagar pelo Estado. Com que impacto no crescimento da Indústria? É que as exportações de pasta de papel são próprias de uma economia terceira-mundista. Os países crescidos produzem mesmo é papel. Deixam a matéria-prima para as colónias. Aulinhas de História Económica faziam muita falta a muita gente, turbo-licenciada ou doutorada que seja.
Nuno Crato, cuja telegenia e saudosismo da escola salazarista converteram em especialista em educação muito requisitado pelos jornais, lá vai fazendo os possíveis para recolocar Portugal no caminho do atraso educativo. Catedrático de matemática, na mesma escola que teve Bento de Jesus Caraça como referência, evidencia ruidosamente que nem tudo era mau nos anos 1940. Ou de como alguns de agora se podiam trocar pelos de então.
Mostrando como os economistas aprendem a fazer contas, com a costumeira justificação da falta de dinheiro, Crato decidiu aumentar a dimensão das turmas. Reduziu administrativamente a necessidade de professores, mas aumentou a prazo o insucesso escolar e de aprendizagem.
De repente, talvez alertado pelas queixas sindicais, reparou que as escolas ficariam com umas quantas dezenas de milhares de horários zero. Além dos contratados, muitos salários para pagar. Gente do quadro sem horários disponíveis nas escolas. Para grandes males, grandes remédios. Escasso par de dias após forçar milhares de professores a novo concurso, decidiu que as escolas deveriam reavaliar mais uma vez as necessidades.
Para os professores emprateleirados pediu às escolas inventassem colocações administrativas ou no apoio ao ensino. Muitos irão parar a bibliotecas, outros ajudarão a dar aulas no primeiro ciclo do ensino básico. Por um lado, mina-se a qualidade do ensino aumentando o tamanho das turmas, depois atiram-se os professores sobrantes, sem preparação e desmotivados, para as antigas escolas primárias.
Uma nota pessoal: Aqui há dias fiz intensa campanha pessoal junto de uma professora de português para dar positiva a um aluno com média de 46% permitindo-lhe passar para o 9º ano. Haverá algum motivo para ser exigente com o Zézito, estudante com dificuldades, quando ministros, dos mais cotados, demonstram não ter percebido nada das lições que o dia-a-dia lhes dá? Quando os ministros se comportam como comparsas dos Malucos do Riso, haja um resto de seriedade nalgum lado. O mérito e o rigor não podem ser apenas para os mais pequenos.
* Um verso de Sá de Miranda já usado por Lobo Antunes, António, como título de romance.
(Foto: A Bola)
Chegados à Revolução de Abril, contávamos com 30 por cento de analfabetos em Portugal.
Helena Cidade Moura não se conformou, num tempo em que política e cidadania se declinavam da mesma forma. E em maiscúlas.
Publico com atraso e verifico que fotos disponíveis quase não as há. Não será normal, mas é habitual.
Num tempo de anões, não apenas na educação, figuras como as da agora desaparecida professora não têm lugar.
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