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Em comunicado, a Sonaecom informa que se prepara para despedir 48 trabalhadores do jornal Público.
Na realidade, naquela Orewlliana linguagem de pau dos gestores que devem ter feito o título da versão online da publicação, um título que passa completamente ao lado da notícia, fala-se em reestruturação e na saída de "48 colaboradores". Desengane-se quem achar que se trata da saída do senhor que vai fazer a manutenção do sistema de água fresca, funcionário de outra empresa e sem qualquer obrigação ou dever em relação ao jornal.
Quem sairá são mesmo os trabalhadores da publicação. Jornalistas, gráficos e outros profissionais. Gente que cumpre horários, responde a hierarquias e cumpre as orientações provenientes do topo.
Como de costume, fala-se na aposta digital. Com mais tempo volto a este tema. O digital é instrumento transformado em alfa e ômega do estado da arte pelos jornalistas da gestão e pelos gestores do jornalismo. Não salva coisa nenhuma, nem desata o nó em que o jornalismo está enfiado.
... a nova procuradora geral da República, Joana Marques Vidal, se licenciou "em Direito pela Faculdade da Universidade, em 1978."
Esclarecedor. E aqui repete-se. A falha primeira será da Lusa, que possivelmente deixou em branco para completar mais tarde, mas a sequência dos que a publicaram mostra a percepção (e impreparação) de muita gente sobre a estrutura do meio universitário que frequentou.
... nesta aposta é a única coisa que se pode fazer com a notícia de que a "Tecnoforma, uma empresa de que Passos Coelho foi consultor e administrador, dominou por completo, na região Centro, um programa de formação profissional destinado a funcionários das autarquias que era tutelado por Miguel Relvas, então Secretário de Estado da Administração Local".
(Foto: dinheirovivo.pt)
Portugal parece não ter um plano B para quando as políticas de austeridade falharem. Mas não será por falta de avisos antigos. Até porque vai falhar, como se sabe bem desde antes de Passos Coelho ter sido sequer eleito. Sócrates ajudou, mas a situação internacional empurra para o desastre. Para quem duvidar, estão aí vários nobel da Economia a dizê-lo. Não é que Stglitz e Krugman sejam nariz de santo, mas é que os que costumam duvidar são os mesmos que ouvem os economistas com uma fé que não dedicam a Nossa Senhora de Fátima.
O que já se duvida é que falte a Portugal um Plano B para a eventual queda do Governo ou chumbo do Orçamento de Estado. Basta dar uma volta pelas caixas de comentários de blogues e jornais para ver que o cheiro a fumo branco já encheu o Largo do Rato. Mas em Belém não deve haver interesse em convocar novas eleições e, chamuscado com a experiência santanista de Jorge Sampaio, Cavaco deverá recear procurar um novo primeiro-ministro apenas dentro da actual maioria de direita.
Já um Governo tecnocrático de iniciativa presidencial e base alargada deverá estar a ser equacionado. Sabe-se que depois de se anunciar a TSU, Cavaco, que não tem a esquerda da CDU e do BE representada no Conselho de Estado, demorou duas semanas a receber a CGTP. Aquilo é gente que valoriza a estabilidade política acima de todas as outras. Rui Rio, Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, António Vitorino, António Costa, Vítor Bento, Eduardo Catroga, Bagão Félix devem ser alguns dos nomes revirados. Portas precisa de uma sabática e não poderá entrar, mas, num cenário destes, um Pires de Lima ministro não será uma aposta arriscada.
(Foto: ionline.pt)
Nuno Melo (do CDS-PP), João Semedo (do BE) ou Honório Novo (do PCP) são possivelmente os deputados que em 2008 e 2009 mais se destacaram na "Comissão Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à existência de uma falta grave na actuação do Banco de Portugal no exercício do seu poder de supervisão do sistema bancário no caso do Banco Português de Negócios".
Num parlamento onde já existiram dez inúteis comissões de inquérito ao acidente que vitimou Sá Carneiro em Camarate, os trabalhos da comissão do BPN foram quase unanimemente considerados como verdadeiramente prestigiante para o trabalho dos parlamentares.
Com a proposta de redução de deputados feita no 5 de Outubro por António José Seguro, não é apenas o pluralismo que é posto em causa. No parlamento desejado pelo secretário-geral do PS, o trabalho de Melo, Semedo e Novo teria sido grandemente dificultado.
Um parlamento em versão de bolso, forçaria os muito poucos deputados das bancadas mais pequenas a desdobrarem-se entre comissões, sobrecarregados de trabalho e não conseguindo aprofundar assunto nenhum, piorando a qualidade do seu trabalho.
Quem defende a proximidade entre eleitores e eleitos tem aqui um passo de gigante no sentido contrário. Que os comentários online nos jornais pareçam apoiar a medida ajuda a explicar o ponto em que o país se encontra. Ajuda também a perceber qual é a rua que os partidos do bloco central estão interessados em ouvir.
(Foto:dn.pt)
António José Seguro tem dezenas de assuntos sobre que pensar.
Prefere perder tempo e enterrar ainda mais a democracia. A proposta, feita num jantar para assinalar o 5 de Outubro, deve pouco aos princípios aclamados como republicanos.
É uma forma de garantir na secretaria o afunilamento no rotativismo PS-PSD. É uma forma de cortar as franjas acabando com a eleição de deputados da CDU, do BE e do CDS-PP e deitando borda fora os pontos de vista de uns bons 30 por cento do eleitorado.
Deve ser para não destoar do lado caricatural das comemorações da implantação da República.
... que o Governo não passa do Orçamento de Estado.
Quanto mais não seja por Portas ter pouco espaço de recuo.
(foto: http://www.tvi.iol.pt)
António Costa nunca deixou de andar por aí. E volta não volta há quem lhe ladrilhe o caminho para o poder.
Com o aproximar das mudanças de Governo é sempre assim. Sócrates e Passos Coelho fizeram rutilar os olhinhos de muito director e comentador de jornal.
E depois, muita gente arrependeu-se amargamente de lhes ter dado confiança. A uns e a outros.
Nada de novo, bem se pode esperar sentado pelo actos de contrição do jornalismo.
Portugal está em fim de regime. Costa faz parte da tralha que o constitui. E de corpo inteiro.
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