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(Foto: turbosquid.com)
Com banga, um Relvas já crepuscular deu posse a Miguel Gonçalves como embaixador do Impulso Jovem - programa governamental de combate ao desemprego.
O ministro colhera o seu novo protagonista no youtube o que diz mais sobre um estilo que muitas equivalências.
O programa Impulso Jovem, última acção do Relvas governamental, ficou agora suspenso pelo despacho-interruptor de Gaspar.
(Foto: ionline.pt)
Entre os adversários da demissão do Governo, há um grupo grande que a recusa com o tempo que demora a marcar e realizar eleições e a ter um novo Executivo. "Paralisia", dizem eles.
Não obstante, Relvas demitiu-se há quase uma semana e todos os observadores falam da iminência de um remodelação que desbloqueie o impasse provocado pelo chumbo do Constitucional e pelo falhanço de várias metas governamentais.
Enquanto não há ministros novos - os ministros que proximamente terão de preparar dossiês para receber a tróica e negociar com ela -, o país parece caído num impasse protocolar e institucional. Passos Coelho tarda nas mexidas e Cavaco sairá em viagem para ficar fora a semana toda.
Parece que, por isso, só poderá dar posse a novos ministros até este sábado. Ao domingo, o senhor descansa. E depois só andará por Portugal lá para dia 20 de Abril, primeiro dia de um novo fim-de-semana.
Para aquele grupo grande que é contra a demissão do Governo, "paralisia" é uma coisa provocada pelos processos eleitorais democráticos. Enquanto cortam e cortam, a isto que agora se vive chamam compromissos de agenda inconciliáveis.
(Foto:bundesfinanzministerium.de)
Esta é a nave de loucos inimputáveis que sequestrou as poupanças dos cipriotas, não é?
(Foto:ionline.pt)
Os cortes que o Governo de Passos Coelho, Vítor Gaspar e Paulo Portas impõem na Educação, Saúde e Segurança Social têm sempre contrapontos generosos para quem ganha 10 mil euros por mês.
O momento é grave. A hora angustiante. O país não tem retorno, alternativa. A Pátria não tem solução. Pelo menos é isso que passa quando se ouve os comentadores e militantes do PSD na noite em que o Tribunal Constitucional voltou a explicar a Passos Coelho e Vítor Gaspar que não podem atropelar o amplamente defendido príncipio da igualdade ao elaborar orçamentos de Estado.
Nessa noite (fonte aqui), Na RTP Informação, o debate foi entre Bacelar Gouveia e Braga de Macedo, militantes do PSD, e Inês Serra Lopes, jornalista assumidamente de direita. Na SIC Notícias ouviu-se Paulo Rangel, eurodeputado laranja durante uma hora. No canal cabo da Cofina falou Ângelo Correia, histórico do PSD.
Já ontem, após o Conselho de Ministros Extraordinários, na SIC Notícia, o debate era entre quatro jornalistas. Pelo menos três, os homens, sopravam e espevitavam o drama desejado pelo primeiro-ministro ao anunciar o pedido de uma "audiência de urgência a um fim-de-semana com o Senhor Presidente da República". É o estado de excepção que serve o espectáculo televisivo, ajuda à propaganda governamental mas pouco contribui para a informação.
Será que Passos Coelho se vai demitir? questionaram durante mais de uma hora, em tom horrendo e grosso, José Gomes Ferreira, Martim Avilez Figueiredo, Paulo Baldaia. Da intervenção banal, alinhada e previsível, safou-se Paula Santos. Curiosamente, dos quatro, a menos visível mediaticamente.
Pelo caminho, em repetições, directos, destaques, ouvi ainda Joaquim Aguiar - que foi assessor de Ramalho Eanes e consultor de Mário Soares - recuperar a sua mantra de que se tem de mudar a Constituição por não se coadunar com a realidade. Raul Vaz, jornalista com direcções de jornais na folha corrida, ia pelo mesmo caminho no Hora de Fecho.
Por um lado, contrariava o constitucionalista Jorge Reis Novais, que bem lhe tentou explicar os pontos onde chumbou o Orçamento de Estado de 2013. Por outro, tentava convencer os ouvintes que constitui uma medida de reforma do Estado o Governo ficar mais uma vez com os subsídios de Natal e de férias dos funcionário públicos.
Não chega o entendimento aquelas valorosas cabecitas para perceberem que igualdade e proporcionalidade não são um exclusivo revolucionário da Lei Fundamental portuguesa.
Entretanto, a procissão deu várias voltas ao adro. Passos Coelho não se demitiu. Esta tarde, anunciou que irá fazer o que anda há 22 meses a fazer. Contra a esmagadora, omnipresente e exclusora retórica propagandística dos comentadores e jornalistas próximos do Governo, atacou órgãos de soberania, mostrou que não sabe história e que não tem uma única solução para o país. Não admira que ele e os seus andem a toda a hora a martelar a necessidade de extirpar a Constituição dos princípios da Igualdade e da proporcionalidade.
O histórico da RTP e do serviço público de televisão português mostrou durante mais de 40 anos como se podia juntar qualidade e popularidade.
(Foto: abola.pt)
Anda aí uma confusão que ferve na cabeça de alguns directores do jornal i (mas não só) a propósito da Constituição. Com matizes e intensidades diferentes (um sugere-a, outro defende-a) parecem achar que Portugal precisa de uma Lei Fundamental nova. E que isso ajudaria a tirar o país da crise.
O problema é que o Tribunal Constituicional chumba quatro medidas do Orçamento para 2013 por coisas tão prosaicas como a violação dos princípios da igualdade dos cidadãos e da proporcionalidade, coisas que qualquer Constituição democrática inclui.
Serão esses realmente os pontos que incomodam os dois directores? É essa a leitura do mundo que os dois directores fazem? A defesa de um país que permitisse orçamentos de Estado e outras políticas onde a igualdade dos cidadãos e os princípios de proporcionalidade de tratamento fossem letra morte?
Ou quererão aproveitar para aparar artigos de que não gostam e que só na medida em que violam a proporcionalidade e a igualdade entre cidadãos são tidos e achados na decisão dos juizes do Palácio Ratton? Coisas relacionadas com direitos genéricos (e meramente inspiradores) à paz, ao pão, ao trabalho, à saúde, à educação, à habitação não pesaram na reflexão do TC. As taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde ou as propinas no Ensino Superior estão blindadas na constituição pelo conceito de gratuidade progressiva - o que no limite tanto serve o oito como o oitenta.
(Foto:ionline.pt)
No dia da entrevista de Sócrates, Cavaco fez uns comentários deslocados sobre intrigas político-partidárias que em nada ajudavam a resolver a crise que o país atravessa. Cavaco acha que duas pessoas bem-intencionadas com a mesma informação chegam à mesma solução. É normal que o irritem aqueles que não lhe reconhecem o génio superior.
No dia a seguir à entrevista onde Sócrates disse com todas as letras o que pensava do inquilino de Belém, em contra-resposta que dá razão aos que falam da sua mão escondida, mais coisa, menos coisa, Cavaco repetiu o que dissera na véspera numa empresa de peixe congelado.
Ontem, confrontado por jornalistas recusou-se a responder às duras acusações de José Sócrates: "Há uma coisa que um Presidente da República nunca faz: é comentar comentadores", afirmou.
Apenas um vício no raciocínio presidencial. Na entrevista à RTP, Sócrates respondeu a um prefácio escrito por Cavaco - Presidente. A um prefácio onde o chefe de Estado fez duras acusações e críticas ao ex-primeiro-ministro quando este já não tinha quaisquer hipóteses de defesa institucional.
Atacar quem não se pode defender, recusando-lhe mais tarde o direito ao contraditório, tem um nome. Mas enfim, nada que assente bem a um Presidente da República.
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