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Nem era preciso que Pacheco Pereira açoitasse o modo como o jornalismo económico recebeu o manifesto dos 70 para se perceber que a maior parte do jornalismo económico português tem tantas semelhanças com jornalismo como as circulares internas de um banco ou de uma grande distribuidora alimentar.
A Camilo Lourenço, José Gomes Ferreira, António Costa, João Vieira Pereira, Paulo Ferreira não me recordo de ter ouvido uma vez que fosse algo que os justificasse como jornalistas e não como tenores das posições dos mercados mais ultraliberais. Devem ter saído demasiado depressa dos lugares onde tinham de escrever notícias para ocupar cadeiras mais recompensadoras.
Chato é que haja poucos jornalistas a dizerem-lhes na cara que aquilo que eles fazem profissionalmente está bem longe de ser jornalismo e que ocupam os lugares dos jornalistas sérios a quem os seus pontos de vista reservam despedimentos e inactividade profissional
(Fonte: caras.pt)
Esse José Gomes Ferreira que anda aí agora - não o verdadeiro, mas este que arranjou um nicho de mercado para publicitar mais austeridade - está há anos a dar tempo de antena e a megafonar os pontos de vista dos que gritam Esfola sempre que o governo manda matar.
Hoje, fez publicar no sítio da SIC Notícias uma carta onde se insurge contra o Manifesto dos 70. Entre outros argumentos, que a coisa não podia ser publicada agora, que estamos à beira do fim do programa de assistência.
Ou seja, o sempre tão palavroso publicista da ordem ultra-liberal, tão opinativo que até tem a pretensão de tocar o rabecão dos programas de Governo, quer agora calar os outros.
Na altura em que se publicou isto, iam-se os jornais enchendo dos habituais defensores dos consensos que nos trouxeram à presente tragédia económica elogiando as palavras do defesa direito de Passos Coelho e Paulo Portas em Belém.
No dia a seguir, 70 agentes políticos, económicos e sociais lançaram um manifesto defendendo a reestruturação da dívida, em manifesto contrapelo com a opinião cavaco-governamental da véspera.
Cavaco, é mais que público, manteve até ao limite do insuportável Dias Loureiro, no Conselho de Estado, e trocou-o pelo o sempre opinoso, amoral e cínico Vítor Bento. Mandou recolher Fernando Lima aos aposentos e para longe dos olhos depois de este andar com José Manuel Fernandes dando corda à inventona das escutas. E podia continuar-se.
Agora, dois assessores presidenciais atreveram-se a subscrever o manifesto dos 70. Já tiveram guia-de-marcha para fora do palácio de Belém.
Cavaco vinca bem em que alhada nos quer a todos metidos.
Belmiro de Azevedo sobe na lista dos mais ricos do mundo e diz que os salários só podem aumentar quando aumentar a competitividade.
Um tipo esforça-se, mas os jornais permanecem no limiar do ilegível.
Numa das revistas do Correio da Manhã, folheada por acaso enquanto se esperava por um frango, leio Cintra Torres, agora em versão tablóide de promotor das ideias mais populistas e conservadoras.
Com as europeias quase a chegar, o publicista televisivo aproveita para atacar a lei da cobertura jornalística eleitoral. Cito Cintra de cor: "a última que resta dos anos 1970."
Cintra Torres, que se dedica à crítica televisiva, terá um de dois problemas. Ou é ignorante, e não conhece legislação essencial sobre a área que cobre profisisonalmente, ou mente.
Como já aqui foi dito, a lei é de 2001 e não dos terríveis tempos do PREC.
Que bonito. Este mês ainda não tinha visto nenhuma entrevista ao Barreto do Soares dos Santos.
Um dia destes Aníbal Cavaco Silva arrisca-se a ser indiciado pelo Ministério Público por crime de ofensa à Presidência da República.
Mesmo que mande recados à Alemanha, os Roteiros que anualmente faz publicar são compêndios da arte do mal presidir e representar e da arte da parcialidade partidária, económica e social.
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