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(fonte: jn.pt)
Eu não percebia como se podia transferir para um sistema privado as pensões mais altas pagas pela segurança social.
Quando lhe disse não ver o sentido de querer encher o poço, secando-lhe as maiores fontes que o alimentavam, chamou-me demagogo.
Os últimos anos bem nos mostraram como a realidade se tornou demagógica. E apesar dos incontáveis programas televisivos apresentados por comissários da tróica e do Governo PSD, CDS/PP, acreditava-se haver noutros a honestidade do repensar velhas ideias feitas.
Nada disso. Não esperava que acontecesse ainda durante a minha vida, mas, depois da falência do Lehman Brothers, vi documentários demagógicos mostrando gente de 90 anos forçada a regressar ao trabalho por ter perdido os planos poupança reforma feitos em sistemas de segurança social privados. Depois foram as falências na Banca por cá.
Gente na rua, gritando e exigindo a intervenção do Estado para repôr ou para se substituir às promessas quebradas das financeiras privadas. Muitos dos que hoje se manifestam e queixam do Banco Espírito Santo são a imagem - mais viva do que as 1000 palavras - do que pode vir a acontecer aos pensionistas que se fiarem das promessas dos sistemas de segurança social dirigidos pelas seguradoras e pelos bancos. Todo este tempo, esteve para se retorquir aqui com qualificativos sustentados na realidade a quem procurara insultar com o demagogo .
Só o facto de, durante esta fase, os Tempos Modernos se terem tornado bissextos, impediu de escrever que, depois de tudo que acontecera à banca, apenas sociopatas e criminosos defenderiam o plafonamento propondo a transferência das pensões mais altas, as dos contribuintes que fazem maiores descontos, para um sistema privado de segurança social.
Foi pena não o ter escrito. Depois disso, já em fim de vida, o Governo do PSD/CDS-PP lembrou-se de querer introduzir o plafonamento .e o sistema privado de segurança social. Esperava eu que os jornais, escaldados com o Lehman Brothers, o BPN, o BES, se lembrassem ao menos de reavivar na memória dos leitores os problemas de solvência e de sustentabilidade surgidos em vários sistemas mundias de segurança social privada.
Nada disso, a publiação onde está o mesmo editor que me chamou demagogo fez, imediatamente, um especial de corrida a explicar a proposta de plafonamento do Governo PSD/CDS-PP. Mesmo que a coisa não passasse, havia que ir insistindo para criar nas pessoas a ideia de que de uma péssima ideia brotará maná e mel. Que interesses por trás de tantas peça de jornais? De certeza não serão os dos leitores.
O bom em perenes discussões, sobre os mais variados assuntos, com antigos editores é que à razão da sua força hierárquica respondeu a realidade com uma força que lhes perspectiva a estupidez dos argumentos. Como se diz noutro lado, a propósito de outras figuras, "Os vossos desejos não são notícia".
Ainda assim, muitas vezes, tenta-se salvar a aparência e a cara ignorando a substância. As razões da folha salarial alguma força lhes dará. O respeito intelectual de outros é que não.
(Fonte: SAS Universidade de Lisboa)
Nos meus últimos anos de Técnico cruzei-me com um pequeno e simpático grupo de colegas. Gente inteligente, mas neo-liberal ou coisa ainda pior. Ainda a seu desfavor, sabe-se lá porquê, o apreço político por dois dos sinistros alas de Durão Barroso, figuras já misturadas com o negro mundo da advocacia dos negócios e com a alma prestes a enegrecer, ainda mais, em cumplicidades bélicas que os manchariam de sangue e os tornariam, a ambos os dois, infrequentáveis por gente decente e asseada.
Em conversa, um dia, um desses colegas tentava convencer-me de como só havia vantagens em entregar a privados a cantina pertencente aos serviços sociais da Técnica: melhorias no serviço, na qualidade alimentar. O serviço não era o melhor, concedo, a qualidade das refeições andava longe de satisfatória. Mas não percebi a defesa do privado feita pelo meu colega. Ainda hoje não percebi a ideia, nem depois de ter, noutra escola, feito um segundo curso superior, e notado, e reclamado, como a qualidade de serviço prestada prossegue muito aquém do desejável.
Admito que a comparação entre empresas possa aguçar a vontade de fazer melhor. Mas ter uma única empresa a servir refeições no mesmo espaço não é grande incentivador de comparações. E a realidade e o contexto ecológico de uma cantina são uns e não outros. O privado que substituia a acção social escolar não tem com quem se comparar. Ainda se várias empresas funcionassem no mesmo espaço e à mesma hora, havia a possibilidade de se escolher que refeição se queria.
Se numa cantina, com preços condicionados, por razões óbvias e evidentíssimas, a refeição desagradar, e com o mesmo preço e quantidade (pão, sopa, refeição, sumo ou água e sobremesa), a facilidade da não deslocação, o estudante só tem uma opção. A própria cantina. O serviço competindo, privado ou público, consigo próprio. E, no final, ajustamento residual dos gastos do Estado: a mesma verba que era paga aos serviços sociais escolares substituída pela indemnização compensatória paga pelos contribuintes de modo a permitir à empresa vencedora do concurso manter os preços controlados e sociais.
Metido ali, em substituição dos serviços sociais, o privado apenas ganharia uma renda estatal. Acabaria desviado da competição, livre do risco tão glorificado pelos empreendedores. Libertado da rua, onde os seus serviços de refeição poderiam, sim, competir e melhorar, em relação aos do restaurante vizinho, atraindo clientela, mexendo com a economia e não contribuindo para o défice público.
A minha amiga é negra
Ferreira Fernandes, Diário de Notícias
Saramago
Mário Cláudio, Diário de Notícias
Pôr Augusto Santos Silva nas Necessidades parece uma aposta na diplomacia estridente.
E, ao contrário do que muitos jornalistas foram dizendo, sabe-se lá porquê, Vieira da Silva está longe de agradar à esquerda.
Dizia-me não haver alternativas. Mas não és de esquerda, que sim, mas Alegre era um traidor. Votou nisso que aí está e hoje pertence à direcção de um órgão de comunicação social.
Pelo menos é o que achará quem tenha seguido o que se foi dizendo da solução de Governo liderada por Costa.
Embora conduzido pelo Núncio do CDS-PP, o plano da devolução da sobretaxa na véspera das legislativas faz parte destes repertórios.
Domingos Andrade, dizia ontem na televisão que Cavaco não gosta de António Costa. O que até será bastante previsível.
De acordo com o director executivo do Jornal de Notícias, A desconfiança terá nascido na audiência de 20 de Outubro, quando o secretário-geral socialista deu a Cavaco garantias de um acordo à esquerda. O problema, segundo Andrade, é que o acordo só ficaria pronto a 8 de Novembro, na véspera da apresentação do programa de Governo da PaF.
A justificação do comentador peca por excesso de crença no Guião do PSD e do CDS-PP Para a Presente Situação. Por questões tácticas, anda muita gente interessada em identificar problemas na coligação à esquerda. É natural. Por isso mesmo é, no mínimo, uma manifestação de ingenuidade política ignorar que o processo negocial à esquerda pôde prolongar-se até ao dia 8 de Novembro apenas por Passos Coelho ter sido indigitado para formar Governo.
A JSD cuja extensão de métodos e processos pude apreciar em tempos na AEIST – e não, estão longe, tão longe, de serem todos iguais - parece refundar-se continuamente no lúmpen reflexivo.
Há dias para atacar os acordos à esquerda publicaram numa rede social a fotografia de um militar a içar a bandeira soviética no Reichstag Nazi. Na precipitação do sound-bite nem perceberam com quem se comparavam, em que companhia se metiam. Corpo inteiro na poça.
Por esses dias, e os dois casos andaram unidos nos comentários, Passos Coelho falou do reviralho pretendido pela esquerda. Azar, apropriou-se do apodo que a Ditadura Nacional e o Estado Novo tinham dado à oposição republicana democrática.
Posições como esta, esta ou esta não são meros acidentes de percurso. São a expressão pública da matriz intelectual da coisa, emanações catastróficas de um modo imaturo de pensar e estar na cidade. Um modo a lembrar desnecessariamente o dos chicos-espertos das associações juvenis ou o dos grémios empreendedores de uma vilória tacanha.
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