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Não se entende muito bem o sentido exacto de notícias a dar conta de que a "[d]ívida portuguesa volta a aumentar".
E então, que novidade nisso? A dívida é impagável e, enquanto não for reestruturada, não irá parar de crescer, como é público e notório há pelo menos cinco anos. A coisa não nasceu agora e tem raizes num modelo de crescimento que Cavaco já cultivava.
Só os jornalistas de economia e as suas fontes privilegiadas é que ainda não deram por isso.
Santana Lopes prometeu resolver a situação do Parque Mayer em menos de um ano.
Chegado à câmara de Lisboa, rodeado de garotos e de santanetes, apagou planos anteriores de recuperação do Parque e contratou novo arquitecto, o caríssimo Frank Ghery.
Entretanto, encerrou a Feira Popular e embrulhou os dois assuntos num pacote que envolveu a Bragaparques. Cerca de 14 anos depois, segue devoluto o espaço no centro de Lisboa onde em tempos funcionou a feira. E segue alvo de dissensos.
Década e meia depois de ter chegado à cidade, ainda estão por resolver os problemas que Santana Lopes arranjou. E ainda há quem pense periodicamente no seu regresso à capital.
Ouvido acerca da fuga de Pedro Dias, o polícia vinca a repulsa pelo termo avistamentos. E corrige para contactos visuais.
Entrou-lhes na alma aquele linguajar bizarro vagamente semelhante ao português que usam quando são ouvidos pela comunicação social.
Mota Soares ao estar no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
Cortou o abono de família
Reduziu o subsídio de desemprego
A indemnização por despedimento
Impôs dias de trabalho gratuitos tirados das férias e dos feriados
E mais cinco horas semanais gratuitas no Estado
Eliminou o descanso compensatório por trabalho suplementar
Aprovou os cortes nas pensões nominais
Mota Soares ao estar no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
Não hesitou em cortar pensões
Aprovou orçamentos inconstitucionais pela sua crueldade contra os mais idosos.
Em quatro anos no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
Mota Soares só aumentou
Pensões sociais e rurais
E as que tinham curtas carreiras contributivas (até 15 anos no regime geral, até 18 anos na CGA)
Deu-lhes entre 12,01 e 15,14 euros
Mas esqueceu-se dos que contribuíram mais de 15 anos no regime geral e que têm pensões abaixo dos 275 euros
Nesses quatro anos que Mota Soares passou no Governo com os colegas Assunção Cristas e Paulo Portas
Pagou aqueles poucos aumentos
Tirando aos mais pobres
Cortando no Complemento Solidário para Idosos
E noutras pensões
Mota Soares queria voltar a estar no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
E até prometia tirar mais 2400 milhões de euros às pensões até 2019
Agora, Mota Soares colega governo e de partido de Assunção Cristas e Paulo Portas
Acordou para a vez dos doentes, os novos ciganos e malandros do RSI
Na semana passada, o dia-a-dia do comentário desportivo nacional incendiou-se na sequência de declarações de André Ventura, comentador benfiquista da CM TV acerca de Assembleia Geral do Sporting. Não foram dias gloriosos para gente civilizada.
Rui Santos na SIC Notícias queixou-se da qualidade dos discursos dos comentadores desportivos. Uma coisa que também interessa a algumas televisões, acusou. É bonito, mas não deve ter espelho em casa.
O canal de Pinto Balsemão foi o criador do modelo com o insuportável Donos da Bola. Se outros canais, oferecem José Eduardo, Manuel Serrão, André Ventura e Pedro Guerra - modelos a evitar cuidadosamente -, já a SIC Notícias tem Rui Gomes da Silva e principalmente Inácio – o mais fosforescente dos comentadores desportivos nacionais, num painel a que pertence o próprio Rui Santos.
A tradução tornou-se rotineiramente mal paga. E se os clientes pagam mal, é natural que para despachar se evitem grandes preocupações com o rigor. Quanto mais se traduzir, mais se recebe - embora sempre mal. Depois dá bronca. Sai a obra uma coisa achavascada.
Há dias, num canal televisivo, em programa sobre o Código Hays, o código de censura dos filmes norte-americanos que vigorou em força entre as décadas de 1930 e 1950, falava-se do modo como Hollywood edulcorava tudo aquilo em que tocava. Exemplo, o filme Sete Noivas para Sete Irmãos, musical clássico, trazido dos palcos, que pegava no tema do “rapto das mulheres da tribo dos Sabines”.
Ora, trata-se obviamente da tradução para um misto de português e de inglês de episódio da história de Roma conhecido em Portugal como o Rapto das Sabinas. Aquilo que é hoje Portugal tem um convívio milenar com a cultura latina. Não deve haver história clássica que não tenha uma designação em português escorreito. Bastaria um módico de reflexão acerca da língua para que lhes ocorresse haver um equivalente português que evitasse uma directa tradução do inglês original do programa. Passa-se o mesmo com dezenas de topónimos internacionais, de África ao Extremo Oriente, de que a imprensa fala diariamente. Dá impressão que os portugueses não passaram por lá, grafando nomes portugueses daqueles lugares.
Ontem, o canal voltava à asneira. Falava de Maurice Dupin, “pai do famoso romacista Georges Sand”. Talvez não seja assim tão famoso. Afinal, não ocorreu a quem traduziu e a quem fez a revisão que George Sand era uma mulher. De qualquer modo, também anda aí uma tradução de um livro do historiador Peter Burke, acerca do renascimento, onde se referem à igualmente senhora George Eliot, como escritor. Que não se dê por isso entre gente que edita livros ainda se torna mais curioso.
Desolation Row
They're selling postcards of the hanging, they're painting the passports brown
The beauty parlor is filled with sailors, the circus is in town
Here comes the blind commissioner, they've got him in a trance
One hand is tied to the tight-rope walker, the other is in his pants
And the riot squad they're restless, they need somewhere to go
As Lady and I look out tonight, from Desolation Row
Cinderella, she seems so easy, "It takes one to know one, " she smiles
And puts her hands in her back pockets Bette Davis style
And in comes Romeo, he's moaning. "You Belong to Me I Believe"
And someone says, "You're in the wrong place, my friend, you'd better leave"
And the only sound that's left after the ambulances go
Is Cinderella sweeping up on Desolation Row
Now the moon is almost hidden, the stars are beginning to hide
The fortune telling lady has even taken all her things inside
All except for Cain and Abel and the hunchback of Notre Dame
Everybody is making love or else expecting rain
And the Good Samaritan, he's dressing, he's getting ready for the show
He's going to the carnival tonight on Desolation Row
Ophelia, she's 'neath the window for her I feel so afraid
On her twenty-second birthday she already is an old maid
To her, death is quite romantic she wears an iron vest
Her profession's her religion, her sin is her lifelessness
And though her eyes are fixed upon Noah's great rainbow
She spends her time peeking into Desolation Row
Einstein, disguised as Robin Hood with his memories in a trunk
Passed this way an hour ago with his friend, a jealous monk
Now he looked so immaculately frightful as he bummed a cigarette
And he when off sniffing drainpipes and reciting the alphabet
You would not think to look at him, but he was famous long ago
For playing the electric violin on Desolation Row
Dr. Filth, he keeps his world inside of a leather cup
But all his sexless patients, they're trying to blow it up
Now his nurse, some local loser, she's in charge of the cyanide hole
And she also keeps the cards that read, "Have Mercy on His Soul"
They all play on the penny whistles, you can hear them blow
If you lean your head out far enough from Desolation Row
Across the street they've nailed the curtains, they're getting ready for the feast
The Phantom of the Opera in a perfect image of a priest
They are spoon feeding Casanova to get him to feel more assured
Then they'll kill him with self-confidence after poisoning him with words
And the Phantom's shouting to skinny girls, "Get outta here if you don't know"
Casanova is just being punished for going to Desolation Row"
At midnight all the agents and the superhuman crew
Come out and round up everyone that knows more than they do
Then they bring them to the factory where the heart-attack machine
Is strapped across their shoulders and then the kerosene
Is brought down from the castles by insurance men who go
Check to see that nobody is escaping to Desolation Row
Praise be to Nero's Neptune, the Titanic sails at dawn
Everybody's shouting, "Which side are you on?!"
And Ezra Pound and T.S. Eliot fighting in the captain's tower
While calypso singers laugh at them and fishermen hold flowers
Between the windows of the sea where lovely mermaids flow
And nobody has to think too much about Desolation Row
Yes, I received your letter yesterday, about the time the doorknob broke
When you asked me how I was doing, was that some kind of joke
All these people that you mention, yes, I know them, they're quite lame
I had to rearrange their faces and give them all another name
Right now, I can't read too good, don't send me no more letters no
Not unless you mail them from Desolation Row
Bob Dylan, 1965
L'amour
Quand y'a la mer et puis les chevaux
Qui font des tours comme au ciné
Mais que dans tes bras c'est bien plus beau
Quand y'a la mer et puis les chevaux
Quand la raison n'a plus raison
Et que nos yeux jouent à se renverser
Et qu'on ne sait plus qui est le patron
Quand la raison n'a plus raison
Quand on raterait la fin du monde
Et qu'on vendrait l'éternité
Pour cette éternelle seconde
Quand on raterait la fin du monde
Quand le diable nous voit pâlir
Quand y'a plus moyen de dessiner
La fleur d'amour qui va s'ouvrir
Quand la machine a démarré
Quand on ne sait plus bien où l'on est
Et qu'on attend ce qui va se passer
... je t'aime!
Leo Ferré, 1956
Redondo Vocábulo
Era um redondo vocábulo
Uma soma agreste
Revelavam-se ondas
Em maninhos dedos
Polpas seus cabelos
Resíduos de lar,
Pelos degraus de Laura
A tinta caía
No móvel vazio,
Congregando farpas
Chamando o telefone
Matando baratas
A fúria crescia
Clamando vingança,
Nos degraus de Laura
No quarto das danças
Na rua os meninos
Brincando e Laura
Na sala de espera
Inda o ar educa
José Afonso, 1972
Le Moribond
Adieu l'Émile je t'aimais bien
Adieu l'Émile je t'aimais bien tu sais
On a chanté les mêmes vins
On a chanté les mêmes filles
On a chanté les mêmes chagrins
Adieu l'Émile je vais mourir
C'est dur de mourir au printemps tu sais
Mais je pars aux fleurs la paix dans l'âme
Car vu que tu es bon comme du pain blanc
Je sais que tu prendras soin de ma femme
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Je veux qu'on s'amuse comme des fous
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Quand c'est qu'on me mettra dans le trou
Adieu Curé je t'aimais bien
Adieu Curé je t'aimais bien tu sais
On n'était pas du même bord
On n'était pas du même chemin
Mais on cherchait le même port
Adieu Curé je vais mourir
C'est dur de mourir au printemps tu sais
Mais je pars aux fleurs la paix dans l'âme
Car vu que tu étais son confident
Je sais que tu prendras soin de ma femme
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Je veux qu'on s'amuse comme des fous
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Quand c'est qu'on me mettra dans le trou
Adieu l'Antoine je t'aimais pas bien
Adieu l'Antoine je t'aimais pas bien tu sais
J'en crève de crever aujourd'hui
Alors que toi tu es bien vivant
Et même plus solide que l'ennui
Adieu l'Antoine je vais mourir
C'est dur de mourir au printemps tu sais
Mais je pars aux fleurs la paix dans l'âme
Car vu que tu étais son amant
Je sais que tu prendras soin de ma femme
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Je veux qu'on s'amuse comme des fous
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Quand c'est qu'on me mettra dans le trou
Adieu ma femme je t'aimais bien
Adieu ma femme je t'aimais bien tu sais
Mais je prends le train pour le Bon Dieu
Je prends le train qui est avant le tien
Mais on prend tous le train qu'on peut
Adieu ma femme je vais mourir
C'est dur de mourir au printemps tu sais
Mais je pars aux fleurs les yeux fermés ma femme
Car vu que je les ai fermés souvent
Je sais que tu prendras soin de mon âme
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Je veux qu'on s'amuse comme des fous
Je veux qu'on rie, je veux qu'on danse
Quand c'est qu'on me mettra dans le trou
Jacques Brel, 1961
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