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(Foto: blogue Psicolaranja)
Nas últimas eleições europeias, Paulo Rangel só foi uma surpresa para quem o não conhecia como comentador. Ontem, à margem do Conselho Nacional do PSD disse várias coisas interessantes. Previsivelmente, critérios editoriais levaram à escolha das menos interessantes para título, que é aquilo em que a maioria dos leitores repara.
Uma das opções foi pelo sound bite (e o próprio disse que o era) de que o ministro dos Negócios Estrangeiros devia assumir maior protagonismo na Europa. Outra foi a afirmação e que o CDS-PP tem tempos de reacção lentos. Neste caso, o eurodeputado referia-se ao tempo que o CDS-PP levou a tratar da questão orçamento de Estado e o tom crítico foi bastante atenuado.
Onde é que estava a notícia no meio disto tudo? O que é que era realmente importante e fora da espuma dos dias e da lógica maniqueísta de crise política provocada pelo CDS-PP? A observação de que o Governo devia jogar também no tabuleiro europeu e suavizar as exigência feitas pela pela tróica a Portugal. Ora, isso foi obliterado dos títulos.
Depois de o FMI criticar os programas de ajustamento, de o BCE mostrar no papel disponibilidade para mudar alguma coisa e logo a seguir à presença de Passos Coelho num Conselho Europeu sem falar da difícil situação portuguesa (Hollande dixit) jornais destacam comentários sobre o CDS-PP.
Se queriam escândalo, podiam ter juntado pontas menos óbvias. Apesar da civilidade do tom, podiam ver nas declarações de Rangel, antigo adversário de Passos Coelho à presidência do PSD, um ataque à forma como é dirigido o Governo.
Por três motivos. Primeiro, por que o é. Rangel disse que o Executivo age mal ao não ter uma postura europeia que procure obter medidas menos gravosas para Portugal. Segundo, por que tem razão. O país está refém das baias em que sucessivos tratados e acordos da União o meteram. Por último, por que Paulo Rangel será sempre uma das figuras a considerar para primeiro-ministro de um governo de iniciativa presidencial ou de salvação nacional.
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