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Embora as não frequente, de vez em quando páro em zapping, e durante escassos minutos, numa ou outra telenovela portuguesa. O mais das vezes, textos medíocres, cenas de pastelão, num português sem espessura ou predicados.
Dancin'Days, que a SIC vai passando, é o remake português do original brasileiro, de Gilberto Braga, com Sónia Braga como protagonista.Corria o ano de 1978 quando foi produzida e passou pouco depois nos ecrãs da RTP1.
Sónia Braga tinha 28 anos e dava vida a Júlia Matos, uma ex-presidiária que cumprira 11 anos de prisão na sequência de um atropelamento mortal pelo qual fora considerada responsável.
Nada de especial. Sónia Braga tinha já densidade e maturidade suficientes. Pouco antes fizera Gabriela, Cravo e Canela e ar de ingénua foi coisa que nunca teve. Facilmente se tornava verosímil que 11 anos antes tivesse carta de condução e pudesse ser condenada em tribunal.
Na versão portuguesa, a coisa fia mais fina. A obsessão por actores imberbes (vendem melhor, dizem as produções aos actores mais velhos para os recusar) cai no ridículo. A portuguesa Joana Santos dá vida à personagem encarnada há mais de 30 por Sónia Braga. Tem 26 anos, mas podia ter menos. Só que faz o papel de uma mulher de 34.
Não contentes com a desadequação da escolha, resolveram os autores que a Júlia portuguesa terá cumprido 16 anos de prisão, em vez dos 11 previstos na história brasileira. Ou seja, a fazer fé na idade real e aparente da actriz, aos dez anos já a pequena malhara com os ossos num estabelecimento prisional. E nem vale a pena referir a barbaridade de achar possível que um tribunal português condenasse a quase 20 anos de prisão uma recém-encartada mal saída da adolescência.
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