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(foto: this-present-crisis.blogspot.pt)
Com aquela segurança arrogante que dão a falta de cultura e de inteligência, Camilo Lourenço afirmou há uns dias no canal público que as universidades formam gente que não serve para nada, por exemplo continuando a ministrar cursos de História.
Há, primeiro, a óbvia dificuldade de até em informática ser impossível prever o que faz e o que deixa de fazer falta. É impossível formar para um mercado que continuamente deixa de ser o que era, tão estarrecedora é nalgumas áreas a velocidade a que tudo muda. Há também a questão da liberdade de escolha que a direita tanto diz defender.
Depois, na Economia, onde se acabou com a disciplina de História Económica na maioria dos cursos de primeiro ciclo, talvez se fizesse menos asneiras se se conhecessem os contornos de outras crises da humanidade. Atendendo aos resultados, não se vêem, aliás, cursos mais inúteis que os de Economia, de onde saem Gaspares e outros promotores do erro e da mediocridade aviltante.
Mas isso são só questões utilitárias. Há depois a questão de fundo que, por muito que se esforecem, as alminhas eugenizadoras como as de Camilo Lourenço nunca compreeenderão. O homem não anda na vida para trabalhar para o mercado e para a banca. A vida não é um campo de trabalho forçado onde se procure sempre produzir mais, para criar mais dinheiro. Um desígnio fascizante, promotor de um homem máquina, uma espécie de ferramenta com alma - pelo menos enquanto esta for permitida.
Pode ser o modelo que se vai criando, que vai vencendo, e que o canal público de televisão promove, mas isso não quer dizer que tenhamos de levar os trogloditas a sério, pois não? Eu cá rio-me, sempre que aparecem no ecrã certas sumidades a botar faladura. Que é que um gajo há-de fazer ante a promoção e sucesso de tais méritos?
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