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(Foto: rr.sapo.pt)
Tirando o odiado Manuel Maria Carrilho e poucos mais, pelas bandas do PS são poucos os que perceberam o que se tem passado na Europa e no mundo nos últimos anos.
Com aquele tom e firmeza que o tornam notado, António José Seguro tem apesar de tudo dito uma ou outra coisa que poderia fazer sentido e no entanto não parece descolar nas intenções de voto. A circunstância de serem já bem conhecidas as diferenças entre o PS de Governo e o PS de Oposição até poderiam explicar a coisa, mas os motivos são outros. Entre os eleitores ninguém imagina Seguro como primeiro-ministro. Nem mesmo que já se tenha avistado Pedro Silva Pereira na comitiva do secretário-geral. Nem mesmo que à porta-fechada se fale em moções de censura.
Na oposição interna, António Costa, Augusto Santos Silva e Francisco Assis tentam levantar a cabeça, mas por essas bandas - a direita do PS - a percepção dos dias que correm ainda é mais difusa. Contarão espingardas, fazem contabilidade e gerem lugares a distribuir. Manuel Alegre, cuja capacidade de análise é mais fraca que o instinto, disse há dias que Assis, por exemplo, "não percebeu nada de nada".
Daniel Bessa, que é independente, foi ministro de Guterres e tem a seu favor ter fechado os hipers aos domingos, sugeriu que o país vai tão mal que o PS deveria integrar o Governo alargando a maioria que o sustenta. Desejos de quem viu parte da luz e ainda acredita que é possível salvar a sua parte no navio que se afunda. Pessoalmente, talvez se safe, mas o rombo não permite sequer que o barco consiga boiar.
Quatro parágrafos para chegar a Pedro Nuno Santos, um dos ex-dirigentes da JS (que de quando em vez vai dizendo coisas com sentido. Hoje no jornal i percebeu finalmente que "[e]stamos em guerra". Que "Portugal deve fazer pressão pública, promover ativamente alianças com outros países, aproveitar a energia dos protestos dos portugueses como instrumento de pressão negocial e, em última análise, rejeitar mesmo a aceitação de condições de ajustamento suicidas".
Contraditório é que numa altura em que sectores do PS parecem ter começado a perceber o que está em causa na Europa, no euro e no país que nos últimos quase 30 anos ajudaram a construir, se lembrem de recorrer a Jorge Coelho para apoiar em Viseu uma candidatura autárquica. O antigo ministro de Guterres é uma figura pessoalmente simpática, mas não tem condições para, em concomitância, continuar a ocupar espaço empresarial e espaço político.
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