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(Foto: Steven Governo/Global Imagens in jn.pt)
Em tempos de crise tão séria que até afecta a sempre poupada instituição presidencial, será clarificador que alguns conselheiros de Estado expliquem a Cavaco o inusitado da agenda da reunião de hoje - Portugal depois da saída da tróica.
As críticas não faltarão. Mas, pelo teor das suas declarações nas últimas semanas, Cavaco não andará disposto a ouvir análises que falem da austeridade ou da existência real de uma crise política há muito em curso.
Da última vez que se reuniu este órgão de aconselhamento presidencial, Mário Soares saiu consideravelmente antes do fim. Desta vez duvida-se que haja saídas extemporâneas.
Olhando para a composição do órgão, Seguro não o pode fazer. Arrisca-se a ter de lidar com Cavaco enquanto Presidente. Os presidentes dos tribunais, dos governos regionais e o provedor de justiça estão lá enquanto representantes institucionais.
Dos que se representam a si próprios, Sampaio tem uma visão formal, respeitadora e litúrgica do exercício da coisa pública. O mesmo se passa com Eanes. O general, acresce, não andará longe do ponto de vista de Cavaco. Eventualmente do do Governo. Os restantes conselheiros estão alinhados com a maioria ou com Belém.
Apenas o antigo Presidente Mário Soares e Manuel Alegre terão a vocação e a liberdade de pensamento suficientes para perturbarem o sossego do Conselho de Estado, juntando palavras críticas a uma saída abrupta da reunião.
Fazer previsões sobre o estado do país daqui a um ano tem demasiado de futurologia para justificar o tema da convocatória para hoje. Se as certezas e dúvidas do Presidente não forem confrontadas fora do seu quadro mental, este Conselho de Estado não servirá mesmo para nada.
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