por Tempos Modernos, em 27.10.13
Num sítio onde a decência cívica fosse valorizada e onde a falta de vergonha na cara fosse condenada, nenhum jornalista digno desse nome iria ouvir Vitor Bento a defender o aprofundamento dos cortes nos salários e despesas sociais com os seus concidadãos.
Nada mau para o homem que Cavaco nomeou para suceder ao também seu Dias Loureiro no Conselho de Estado. Um Vítor Bento defensor empenhado do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas. Do mesmo Governo que ainda agora informou os professores do ensino secundário que
não há subsídios de despedimentos, pré-reformas ou regresso ao Estado para ninguém se aceitarem rescindir os vínculos contratuais.
Um Faz aos outros, o que nunca fizeste a ti que
integra o conselheiro presidencial nessa oligarquia sinistra, medíocre e cúpida que circula e divide entre si lugares na banca e à sombra do Estado português. Na quinta-feira, Vítor Bento escreveu para o Público um artigo onde, como virgem impoluta que nunca tivesse sido picado pela asquerosa ideologia, cavalga e reforça a histérica fatwa anti-constitucional conduzida pela Comissão Europeia, pelo FMI, por domésticos barretos. Pela prosa do homem percebe-se que não faz a mínima ideia do que é um Estado de Direito, do que seja uma Democracia ou sequer a separação de poderes - uma coisa pensada (como toda a gente sabe) lá no longínquo século XVIII pelo barão de Montesquieu.Que Cavaco se tenha rodeado de tais cabeças apenas escancara a dimensão da tragédia em que nos deixámos envolver.