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Quando a crise começou, começaram a chegar os mails dos habituais papagaios da piolheira e da choldra.
Com tanta propensão demagógica, como falta de memória e empatia, davam contas da falta de vontade de alemães, suecos, holandeses e finlandeses para pagarem certos típicos e tristes gastos dos portugueses.
Presa fácil, claro, os políticos. E lá vinham as habituais cretinices daqueles que acham que a democracia é um luxo e que, para quem é, bordoada e pão seco bastam.. Algum alemão estaria disposto a pagar-nos tanto ministro, tanto deputado, tanta câmara e assembleia municipal, tanta freguesia e, ainda por cima, mais dois governos regionais com as respectivas assembleias?, perguntavam castigadores.
A um emissores sugeri que perguntasse a quem lhe tinha mandado a mensagem se por acaso saberia que a Alemanha tem duas câmaras de representantes (uma alta e outra baixa), se saberia quantos estados (são 16) com os seus governos e as suas assembleias têm por lá, quantas divisões administrativas correspondentes às nossas autarquias?
Fazer contas com metade dos dados na mão, dá sempre raciocínio ao fundo.
Mas há mais. Outra recorrência destas almas - boa parte inspirada por comentadores dos jornais e da academia que gastam mais tempo a maldizer e a humilhar-se que a investigar e a estudar - é aquela que em cada mudança de Governo nos verbera com o tempo (excessivo, garantem, iracundos) que por cá se demora a substituir um Executivo por outro.
A Alemanha, a eficaz, pragmática e poupada Alemanha, volta a ser um excelente exemplo dos lugares comuns que os masoquistas nacionais nos vendem como bons.
Por terras da chanceler Angela Merkel foi-se a votos em Setembro último. Dia 22. Ainda por lá andam a ver quem entra e quem sai do Governo. A pouco mais de uma semana de completar os três meses após as legislativas.
Alguém que avise os jornais da próxima vez que formos a votos.
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