Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Manuel Maria Carrilho tem má imprensa. Mesmo muito longe de concordar a cem por cento com as suas políticas, foi o único ministro da Cultura que Portugal teve.
Teria dado um presidente da Câmara Municipal de Lisboa muitíssimo melhor do que Carmona Rodrigues a quem recusou – e bem – apertar a mão no final de um debate. Em Portugal a hipocrisia tem os seus louvaminheiros. Prefere-se o que espeta a faca mas estende a mão, ao que justamente a recusa por o outro ter furado um pacto de alegados cavalheiros.
Hoje, no DN, Carrilho relembra o egípcio a quem o ministro Luís Amado mandou dar um voto português na UNESCO.
«O voto escabroso
Finalmente, o candidato egípcio que, em Setembro de 2009, sonhou vir a sentar-se na cadeira de director-geral da UNESCO está onde há muito devia estar: em prisão domiciliária. O voto de Portugal – uma excepção, no quadro europeu - neste candidato, que arrastava consigo um variado currículo de crimes, ficará certamente como um dos momentos mais negros da diplomacia portuguesa, e como um episódio que revelou uma injustificável submissão de princípios nucleares a interesses mais do que duvidosos, abalando a imagem de Portugal como País defensor dos direitos humanos. Submissão que, numa entrevista vulgar (ao DN do último domingo), o ainda titular do MNE voltou a defender. Com nuances, claro, mas sem emenda: Cineri nunc medicina datur.»
Na política portuguesa, quase todos os partidos têm telhados de vidro no que toca ao convívio com gente sinistra. Nos jornais, esses relacionamentos só incomodam no caso de um dos partidos. O Executivo do PS pode ter apoiado o senhor, mas neste caso trata-se tudo de Real Politik.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.