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Philip Roth ganhou o Man Booker International com o júri vincando as suas "audiências que não páram de crescer", um estranho critério de qualidade.

 

Os prémios valem o que valem mas todos os anos em Setembro/Outubro engrossa o coro dos descontentes com a Academia Sueca que nunca mais premeia o homem. E como não premeia crescem as acusações contras a idoneidade nórdica. Felizmente, em 2010, o dito coro já deixou de contar com o argumento Vargas Llosa*. Não há pachorra para levar com a repetição globalizada do que a Time ou a Newsweek dizem.

 

Esquecem-se é de que Estocolmo também costuma premiar tendências literárias e dificilmente volta ao mesmo local. Em 1985, Claude Simon serviu, de certa forma, como representante do noveau roman, impedindo a consideração séria, daí em diante, de outros escritores como Alain Robbe-Grillett ou Nathalie Sarraute.

 

Infelizmente para os admiradores de Roth, o romance do judeu norte-americano, upper-class, letrado, embrenhado nos seus labirintos pessoais também já foi premiado em 1976, quando o superior Saul Bellow venceu o Nobel da Literatura.

 

Não sou um particular amante do estilo nem das histórias de Roth de que, confesso, conheço pouco. Cultiva uma prosa bem escrita, directa, ensimesmada e auto-centrada. Decalca retratos de uma certa classe média alta com pretensões intelectuais onde os jornalistas gostariam de se rever e que também agrada aos professores universitários - outro reduto onde a função crítica ainda se vai fazendo sentir.

 

Assuntos comezinhos, de um dia-a-dia mais corroído do que corrosivo, assombrado pelo sexo, ou falta dele, pela idade que pesa, pela auto-realização. Tudo coisas que Bellow já tratou antes com outra novidade e golpe de asa estilístico mas que, de repente, ninguém parece ter lido.

 

 

Nota: *O peruano é um dos raros escritores que pode fazer romances com ideias dentro e que a crítica mainstream - fardada de epígona do Nabokov - não critica. Nada  contra, o novíssimo marquês é um grande escritor, mas há outros que também o são (como Saramago, Pinter, Fo ou Grass) e a inteligentzia dominante abomina-lhes a tendência para tomarem partido. Chamemos-lhe memória literária selectiva.

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publicado às 23:01



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