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(Foto: theatlantic.com)

 

Martin Schaüble, ministro das Finanças alemão e um dos sobredotados que na passada semana inventou o sequestro da banca cipriota, acha que os críticos têm é "inveja" da Alemanha.

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publicado às 09:11

O negócio a voar-lhe

por Tempos Modernos, em 20.03.13

(Foto: spox.com)

 

É natural que Wolfgang Schaüble, ministro das Finanças da Alemanha, lamente a decisão do parlamento cipriota. Cúpido, contava já com a transferência das contas russas para a banca alemã.

 

Duvida-se que o preocupasse por aí além a origem das massas. No caso de Chipre isso só trouxe preocupações agora que a coisa deu para o torto. Nunca antes.

 

Também pouco importa que os clientes da banca cipriota se vejam forçados a alavancar os falhanços das instituições financeiras locais, como um vulgar accionista habituado a ver os lucros bem remunerados. No fundo, é algo assim como obrigar o caríssimo leitor a entregar parte das suas poupanças para acudir ao dono do talho onde habitualmente se abastece e que está na iminência de falir.

 

O pessoal das energéticas, que não brinca em serviço, até já se ofereceu para assumir a reestruturação do sistema bancário cipriota. Se companhias fruteiras norte-americanas governaram países inteiros na América Latina, se o sistema bancário subjuga actualmente vários países europeus - Portugal incluído - haverá problema de maior caso a Gazprom venha a governar Chipre?

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publicado às 15:59

 

(Foto: jornada.unam.mx)

 

Segundo parece, na sequência da última reunião do Eurogrupo, o ministro cipriota das Finanças acabou por ficar sozinho com os homónimos holandês e alemão discutindo a situação na ilha enquanto òs restantes congéneres andavam pelos corredores**.

 

Terá sido do seio desse triunvirato que saiu a decisão de sequestrar os depósitos bancários cipriotas impondo-lhes uma taxa de 6,7% aos depósitos abaixo dos 100 mil euros e de 9,9% para os depósitos acima desse valor. Depois, a coisa terá sido votada unanimemente pelos ministros das Finanças. O outrora luminoso Gaspar incluído.  

 

Cavaco concluiu bem que "o bom-senso terá emigrado para outras paragens". Bagão Félix viu na ideia a "medida ideal" para acabar com o euro. Se a coisa for por diante, mais ninguém confiará na zona Euro, nem no seu sistema bancário. Um norte-americano, o Nobel Paul Krugman, considerou que a solução apresentada constitui um convite dos governos europeus para que todos os cidadãos corram aos bancos para levantar os seus depósitos.

 

Entretanto, demasiadas horas depois, os omnipotentes alemãs pareceram perceber a cretinice da medida. E, corajosos, lá garantiram nada ter tido a ver com o assunto. Hoje, o ministro alemão das Finanças negou ter sido a Alemanha a impor a taxa sobre os depósitos ao Governo cipriota. A justificação de Wofgang Schauble não evidencia um raciocínio particularmente brilhante: se tivesse surgido outra solução não teria havido problema em apoiá-la, disse. Demasiado curto e poucochinho que alguém com a responsabilidade impositiva de Schauble tenha sido incapaz de entender onde estavam a meter o euro e a União Europeia.

 

As justificações para a medida foram as do costume. Os sistematicamente superavitários contribuintes alemães não teriam de arcar com os desaires dos depositantes russos na banca cipriota. Sempre a questão moral brandida pelos nórdicos, em concreto por estes que pelo caminho que a coisa leva serão os responsáveis pela terceira destruição europeia no espaço de um século.

 

E finalmente chega o que parece ser um recuo. O Eurogrupo terá começado a pensar e talvez já não venha a impor a taxação dos depósitos abaixo dos 100 mil euros, para muita gente as poupanças de uma vida de trabalho.

 

A saída do euro tem de começar a ser pensada. Se o norte não quiser continuar na União Europeia, talvez o sul possa continuá-la com gente com  hábitos e práticas culturais de outra índole. 

 

* Em circunstâncias normais, o título do post seria calunioso. Já não é. Não seria possível que gente impreparada ou até completamente analfabeta em matérias económico-financeiras tomasse medidas mais desajustadas ou mais criminosas do que aquelas que sistematicamente são tomadas pelo conjunto dos ministros das Finanças europeus, vários deles apresentados como académicos e técnicos reputados. 

 

** À versão contada por um director de publicação económica (sem link) junta-se, esta do Expresso, onde se compara o que fizeram e disseram depois vários responsáveis políticos, da Comissão Europeia, do BCE e do FMI incluídos

 

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publicado às 22:16

 

 

(Foto: rotekulturlinks.de)

 

Angela Merkel tem um futuro terrível. A história reserva-lhe um papel cruel como a mulher estúpida e ideologicamente fanática que conduziu todo um continente para o abismo económico, cercado de gauleteirs igualmente estúpidos e submissos. Da história desta crise não constará a redenção. E é inútil remar em sentido contrário, como se continua a fazer na agenda noticiosa. Os jornais falharam a crise e passam diariamente ao lado da história enquanto se dedicam à propaganda dos interesses dos seus proprietários. 

 

Há dias, Angela Merkel anunciou o mercado único europeu do trabalho, uma coisa que se está a construir num processo que "durará anos, talvez décadas". É fácil de explicar como funciona a brilhante ideia da governante alemã. Primeiro, destroem-se as economias dos países do sul. Terraplam-se direitos sociais e esmagam-se os salários. Depois, essa mole de gente empobrecida emigra Europa fora - com a vantagem de que boa parte dessa gente é, hoje, profissional e academicamente qualificada. Qualquer melhoria salarial em relação ao país de origem será encarada como uma benção.

 

E quando esses milhões de trabalhadores, não tão bem pagos quanto isso, forem em número suficientemente alto nos países de destino, nas Alemanhas e quejandos, os salários locais acabarão pressionados pelos valores mais baixos dos igualmente qualificados trabalhadores do sul. E a compressão salarial que hoje se sente em Portugal, na Grécia, em Espanha, será então sofrida na pele pelos empobrecidos trabalhadores alemães. 

 

Pelos mesmos trabalhadores alemães que hoje votam em Angela Merkel  e que se queixam de andar a trabalhar para os preguiçosos e corruptos parceiros lisboetas, atenienses e madrilenos. Nem nessa altura perceberão como se deixaram embarcar numa narrativa ideológica, falsa e fanática que visava transformar o estado de bem-estar social europeu numa coisa capaz de competir com a selvajaria social chinesa.

 

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publicado às 11:01

Que comam lasanha de cavalo

por Tempos Modernos, em 23.02.13

 

 

Mais de 200 anos após Maria Antonieta ter mandado os pobres franceses comerem brioches, continuam em alta os que nunca ouviram falar do episódio e das suas consequências.

 

Se não lhes sobra sensibilidade ou inteligência, podiam ao menos safar-se com a literacia histórica.

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publicado às 16:08

 

(Foto: tvi.iol.pt)

 

"Não é que vocês tenham perdido qualidades. O que se passa é que [há sítios] onde a vossa genialidade não é vista com tanto entusiasmo."

 

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publicado às 17:03

 

(Foto: de Ted Aljbe/AFP/Getty Images em businessweek.com)

 

A inteligente Angela Merkl pede mais cinco anos de austeridade para convencer o mundo de que vale a pena investir na Europa.

 

Que projecto político mais lindo, santo Deus.

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publicado às 14:34

Não sou um excessivo apreciador de Hollande...

por Tempos Modernos, em 19.10.12

... mas depois desta não volto a usar nada que tenha assinatura Lagerfeld.

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publicado às 14:56

Os ricos que paguem a crise também na Alemanha

por Tempos Modernos, em 11.07.12

ou mais uma acha para fogueira.

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publicado às 13:12

 

Ignoro quem pagou a barragem de Castelo de Bode ou o Hospital de São José. Quando cá cheguei já eles funcionavam e ainda hoje prestam serviço às populações. No caso do hospital, já há muito morreram os que o edificaram. 

 

Tanto tempo depois, sendo neto (nem sei em que grau) dessa gente, continuo a recorrer às obras pagas por eles.

 

Assim como os filhos e netos dos alemães continuarão a lucrar com o dinheiro da venda de submarinos aos portugueses e gregos actuais (e aos seus filhos e aos seus neto), com os lucros dos juros usurários à la Dona Branca garantidos pela Finança Alemã, com a reunificação paga também pelos preguiçosos e desorganizados países do sul ou com o alargamento aos mercados e mão de obra de Leste.

 

Desfazer um preconceito é difícil. Pior é desfazê-lo quando a realidade e os argumentos racionais encontram pela frente uma parede de egoísmo e burrice bem mediatizada. No último século, os alemães já destruiram a Europa por duas vezes. Em Eichmann em Jerusalém, Hannah Arendt falou sobre essa culpa colectiva. Rainer Werner Fassbinder fez o mesmo nos seus filmes todos. O racionalismo local parece ter-se extinguido antes de Bismark.

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publicado às 12:20


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