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Ainda é preciso fazer o boneco?

por Tempos Modernos, em 08.01.13

Durante anos, tive discussões de monta contra o plafonamento da Segurança Social e a sua entrega (mesmo que parcial) aos sectores privados. Tive-as com editores, chefias de redacção e outros que continuam entre o bem-empregados e o promovidos na comunicação social. Há até quem ocupe lugares de direcção e mesmo na área económica. 

 

Um dos meus principais argumentos (que não é meu, apenas concordo com ele) seria o de que em caso de falência das instituições financeiras, teriam de ser Estado e contribuintes a arcar com as reformas dos que tinham apostado e perdido as suas poupanças nos planos geridos por bancos e seguradoras.

 

O que não esperava era que a realidade provasse tão cedo e de modo tão ruidoso aquilo que então dizia. Andam aí os bancos que os governos não deixam falir e cujo falhanço os contribuintes têm de pagar (aqui ou aqui).

 

 

 

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publicado às 10:37

O amor não se alegra com a injustiça*

por Tempos Modernos, em 07.11.12

 

 

Dar de comer a quem tem fome é uma obra meritória. Isabel Jonet não está à altura dela. Não estava antes ao sugerir trabalho em troca do Rendimento Social de Inserção, de forma explícita ou implícita, não está quando desculpa a austeridade. Nem ontem quando voltou à carga na SIC-Notícias com propostas na mesma linha doutrinária.

 

Isabel Jonet é uma figura saturnina. Em ciclo vicioso, alimenta-se dos filhos que as suas ideias políticas criam e que difunde a partir do palanque legitimador do Banco Alimentar.

 

Em 1994, após uma temporada no sector financeiro, em Bruxelas, interrompeu o percurso profissional para regressar a Portugal com o marido e acompanhar os estudos dos filhos. De acordo com entrada enciclopédica, a que já ganhou direito, foi então, com mais tempo livre, que decidiu entrar como voluntária para o Banco Alimentar Contra a Fome, a cuja presidência chegou entretanto.

 

O acompanhamento que pôde e teve a possibilidade de dar aos próprios filhos nega-o aos filhos de outras mães. As suas concepções ideológicas empurram para o trabalho beneficiárias do rendimento social de inserção. Mães que, ao contrário de Isabel Jonet, não têm onde deixar os filhos nem meios para lhes pagar os infantários e as creches.

 

Um destes dias arrisca-se a deixar-se empurrar para uma candidatura a Belém, como já se leu em caixas de comentários online. É o tipo de figura, saído do fundamentalismo católico-caritativo-demagógico, que encontra fácil receptividade: cansei-me de a  criticar sozinho na última redacção por onde passei. E, no entanto, quanto mais abre a boca mais seguro estou da minha razão.

 

Nota: Este post já estava escrito há vário meses mas perdera a oportunidade de publicação. Sabia-se que mais cedo que tarde viria a tornar-se útil. Regressa-se agora a ele ao notar pela blogosfera - aqui e aqui, por exemplo - que Isabel Jonet não larga o proselitismo.

 

* da 1ª Carta aos Coríntios, São Paulo. 1 Cor 13,4-6.

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publicado às 12:05

Propostas equilibradas ou Os bois pelos nomes

por Tempos Modernos, em 21.10.12

 

 

(Foto: rtp.pt)

 

Pega como faísca em palha seca a ideia de que é virtuoso e da maior justiça forçar os beneficiários do rendimento social de inserção (RSI) a trabalhar em troca das comparticipações que recebem do Estado.

 

Daí a pôr os desempregados a limpar mata vai um salto. Esquecem-se de que os subsídios de desemprego são pagos com o dinheiro que os próprios empregados por conta de outrém descontam todos os meses para a segurança social.

 

Há motivos para que ambas as ideias sejam muito bem encaradas por uma maioria habituada ao reflexo condicionado. Até aqui, o desemprego era uma coisa que acontecia aos outros. E que acontecia a gente de outras classes sociais, uma malta que não convidava à empatia, demasiado longe de portas.

 

Esquece-se de que se as pessoas não trabalham é por não encontrarem uma ocupação digna e compensadora. Pouco lhes importa que um pai ou uma mãe, beneficiário do RSI, com filhos pequenos, obrigado a trabalhar tenha de encontrar quem lhe tome conta das crianças gastando toda a prestação em amas, creches e transportes. Irrelevante que boa parte dos salários não supra estas necessidades básicas.

 

Há escassos anos, ainda antes da crise se ter instalado de malas e bagagem no quadro mental dos portugueses, com base num estudo da Católica, Alfredo Bruto da Costa explicava,  num Prós & Contras que a maior parte dos pobres portugueses eram pensionistas ou gente que trabalhava.

 

Afinal, não eram desocupados, como se afirma na propaganda de alguns partidos, um ponto de vista que uma ruidosa parte da opinião pública toma como verdade incosntestável, mesmo à esquerda. Um ponto de vista que manda sempre os outros trabalhar e que encontra nos nus a causa para andarem rotos.

 

Esta ideia é perversa. Se no Estado e em Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), como as misericórdias, há espaço para acolher o trabalho gratuito dos beneficiários do RSI, é apenas por existir trabalho para fazer. Se existe a necessidade de limpar matas, então é porque ninguém as tem limpado? Porque é que acabaram os concursos para cantoneiros?

 

Haverá um bom motivo para que esses lugares não estejam disponíveis para quem procura emprego? Não existe um único bom motivo do ponto de vista da gestão dos recursos humanos para encher empresas e instituições com um exército de trabalhadores contrariados e desmotivados. Não existe um único bom motivo para o fazer do ponto de vista da gestão do mercado de trabalho. Que Estado e IPSS considerem esta mão-de-obra utilizável, evidencia como, para muita gente, o ser humano se transformou numa mercadoria.

 

Não se entende por isso que tantos se insurjam quando Fernando Ulrich propõe receber nos bancos e nas grandes empresas desempregados, pagos pelo orçamento de Estado. Todo o discurso montado o legitima. Estas ideias têm um rosto. E têm quem com elas contemporize. Infelizmente, como já se disse noutro lado, há pessoal que só as percebe quando se tornam pornográficas. Ou no dias em que os afectam a si ou aos seus filhos e netos.

 

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publicado às 12:14

O presidente do Barclays não foi o único a demitir-se na sequência de um caso de manipulação de mercados e pelos vistos há mais gente, noutras instituições, que devia ir atrás.

 

As referidas manipulações tiveram impacto sobre a Libor, que têm servido, por exemplo, para os bancos portugueses fixarem os juros para compra de habitação.

 

Responsáveis já vieram dizer que as artimanhas Marcus Agius e seus rapazes não tiveram implicações nesta área.

 

Ora, o que não têm faltado para aí, são banqueiros a mentir e a roubar*. Pode mesmo acreditar-se na garantia que dão a propósito do impacto desta manipulação nas hipotecas imobiliárias dos portugueses?

 

*Embora a coisa só dê multa, deve haver outro termo para a manipulação de números de modo a enganar os mercados e os bancos puderem apropriar-se indevidamente de verbas que não eram deles, mas agora não me ocorre o termo técnico.

 

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publicado às 22:43

Compressão salarial no Banif e Açoreana

por Tempos Modernos, em 12.05.12

A administração do Banif prepara-se para fechar vários balcões da rede bancária.

 

Os despedimentos do Grupo fundado por Horácio Roque afectam também a seguradora Açoreana e embora os jornais refiram um máximo de 160 trabalhadores, serão pelo menos 400 os quadros, muitos deles médios, a quem foi comunicada a dispensa dos serviços, de acordo com informação apurada pelo Tempos Modernos.

 

Ainda de acordo com outra fonte, o grupo que ainda há pouco mais de dois anos adquiriu a seguradora Global e a sua carteira de clientes,  tem estado, em simultâneo, a fazer contratações, com salários mais baixos, e a propôr a entrada a funcionários agora dispensados em companhias para outsorcing.

 

 

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publicado às 20:53

Dúvidas metódicas

por Tempos Modernos, em 11.11.11

 

A Igreja manda o Governo tirar quatro feriados aos portugueses.

 

Os bancos impõem condições ao Governo para que este lhes empreste o meu dinheiro.

 

A tróika manda-o rasgar as promessas eleitorais.

 

Mas não era suposto sermos nós eleitores a mandar no Governo?

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publicado às 11:23

Infiltrações

por Tempos Modernos, em 08.08.11

As Águas de Portugal (AdP) dão lucro.

 

O lucro da AdP dá jeito para tapar o défice e evitar uma espoliação tão grande do 13º mês.

 

O Governo quer privatizar a AdP.

 

O Governo quer privatizar o lucro da AdP, cavando mais fundo o buraco do défice e prometendo que o ataque ao 13º mês continue nos próximos anos.

 

Macário Correia, ex-secretário de Estado de Cavaco já transformado em autarca histórico, avisa que há autarquias a pagar salário com receitas da águas.

 

A ver se com o negócio da privatização, o futuro dono da AdP aceita continuar a pagar os vencimentos dos funcionários das câmaras ou se acontece como com o BPN. Como se sabe, o Banco vai despedir metade dos funcionários para os contribuintes (quem mais?) arcarem com o seu subsídio de desemprego depois de terem capitalizado a instituição.

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publicado às 10:27

Plano de emergência social II

por Tempos Modernos, em 06.08.11

Hoje, o Jornal de Notícias fez 1ª página com o título "320 mil pessoas do rendimento mínimo postas a trabalhar"

 

No Diário de Notícias  optou-se pela manchete "72 mil desempregados com mais de 55 anos perdem apoios sociais se recusarem trabalhar"

 

Já no Correio da Manhã, conta-se que a "Gestão da Caixa custa 1,7 milhões".

 

Se há desperdícios e abusos um pouco em todos os sectores, os governos não têm deixado de impor limites e cortes aos mais pobres de entre os pobres para terem acesso a apoios sociais. Vigiados em contínuo pelas inspecções da Segurança Social e por deputados populares, são forçados a escancarar as contas bancárias em tudo que é requerimento. Com a violação de privacidade destes cidadãos não se preocupam Paulo Portas nem os seus.

 

Com a Banca, nunca se deu um passo que fosse para impedir abusos. Por algum motivo, as crises em bancos como o BPN passaram ao lado do Banco de Portugal. Não se ia incomodar gente séria, ex-ministros e tudo, e depois são sempre bons sítios para acomodar ex-governantes. A Quinta do Mocho e a Zona J é que não.

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publicado às 20:35

Alimentar vontades

por Tempos Modernos, em 06.08.11

 

Uma vez que os paizinhos já não têm dinheiro para pagar os créditos, a Banca vira-se para os filhos.

 

O cartão de crédito Hello Kitty é só para maiores de 18 anos, mas o de débito vem integrado na mesma linha de produtos. Para ir criando apetites?

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publicado às 20:24

Plano de emergência social I

por Tempos Modernos, em 06.08.11

A alardeada preocupação do CDS-PP com os mais desfavorecidos (os pobrezinhos, como os tratam em privado) é contrabalançada com frequentes ataques aos beneficiários dos rendimentos mínimos e de inserção social.

 

Estes ataques têm um público certo. Aquele que acredita que a tristeza dos dias assenta nos desperdícios e abusos do fim da escala social. Os rotos culpam os nus pela sua miséria.

 

Se não se discute a necessidade de um plano social de emergência, já se duvida do alcance e bondade de boa parte das medidas propostas agora por Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e da Segurança Social (nem em privado confessam que lhe chamam o ministro da Caridade), e ex-secretário-geral popular.

 

Dar as casas dos que perderam as casas aos que não têm casa não ensina ninguém a pescar. Com a medida, irão transferir-se do Orçamento de Estado (do buraco em que sucessivos governos transformaram a Segurança Social?) mais verbas para os bancos - instituições que há muito se habituaram a viver do peixe que governos, contribuintes e clientes lhes dão.

 

Aos banqueiros, chama o CDS-PP criadores de empregos (tratam-se por Você em privado, em convívios de beijo único). Não é isso que faz Nogueira Leite, novíssimo vice-presidente da Caixa Geral dos Depósitos? Criar emprego?

 

Antes de ocupar o lugar no banco público, o ex-secretário de Estado de António Guterres e mais recentemente spin doctor de Pedro Passos Coelho era administrador de mais de uma dezena de empresas (aqui ou aqui, por exemplo). Imagina-se que um turbo-administrador fique com pouco tempo para gerir empresas. Mas Nogueira Leite não é um desfavorecido. É um homem de méritos e um criador de empregos. Pelo menos para si.

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publicado às 13:18


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