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O chumbo pelo parlamento europeu do Acordo Comecial Anti Contrafacção (ACTA) é uma boa notícia.
Alegando a defesa dos direitos de autor é antes uma forma de impor restrições fortes à liberdade de expressão e de circulação de ideias.
Vital Moreira, eurodeputado socialista, foi um dos 39 parlamentares que votaram vencidos.
Há dias era o Diário de Notícias que titulava que Passos Coelho tinha levado a mulher ao teatro.
Hoje, reparo que como nariz de cera, o Público recorre ao mais que batido rifão de que atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher.
Bem sei que é nas secções rosa, mas ambos dizem ser jornais de referência.
O novo Caso Relvas não tem muito que saber. Não há ali nada que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) possa resolver.
É a palavra da editora de um jornal, que terá recebido ameaças insustentáveis numa democracia, contra a palavra de um ministro, que alegadamente terá feito as ameaças.
Confrontado, Miguel Relva apressou-se a enviar uma série de documentos para a ERC. Neles queixa-se do trabalho da jornalista. No limite é legítimo, mas não é isso que está em causa. Embora seja isso que, ao longo do fim-de-semana, várias personalidades do PSD têm tentado fazer acreditar, nas televisões, nos jornais, na blogosfera. Tal como não é está em causa um conflito entre a direcção e a redacção do diário.
As questões são simples. Miguel Relvas ameaçou embargar todo o envio de informação governamental ao Público? Só ele e a editora de política do jornal saberão. O ministro da Presidência ameaçou realmente divulgar na internet dados sobre a vida pessoal da jornalista Maria José Oliveira? Só duas pessoas conhecem a verdade.
Nos comentários do Público online ao novo caso Relvas, há quem critique veemente a tentativa de condicionamento de um jornal feita por um político.
Condicionamento haverá sempre, fora os próprios e pessoais. Haverá os jornalistas que não se deixam condicionar; outros que sim, deixam; os que nem dão por isso; os que fazem um escândalo com um simples "olhe que se enganou no que escreveu"; e até, e são muitos, os que já vêm de casa condicionados por defeito.
Mas não são apenas os políticos a condicionar. E se neste caso existe a agravante de as ameaças virem de um actor executivo, outros condicionamentos não vêm de lados menos poderosos. Tal como estão, as redacções são escolas práticas de condicionamento.
Na prática, há poucas maneiras de fugir às inevitáveis tentativas de pressão. Venham de onde vierem. Inclusive internas. Duas imprescindíveis:
Variedade nas redacções. De idade, experiência, percurso, formação, ideologia.
Mas também vínculos contratuais fortes, definitivos e sem excessivas diferenças salariais. Que blindem o jornalista com a capacidade de dizer não e até de deixar a página em branco contra a pressão do fecho e das vendas.
É isso que o leitor deve exigir se quiser uma imprensa livre e capaz. Não há mercado nem dinheiro privado para isso? Mais um motivo para não vender a RTP, afastar de vez os governantes da tutela e das tentações e não embarcar nas cortinas de fumo dos assessores.
Ao menos desta vez as brincadeiras infantis dos Borbóns com armas não tiveram resultados trágicos.
Em entrevista à Visão, Margarida Blasco, Inspectora-Geral da Administração Interna, informa ter aberto um inquérito por causa da actuação da PSP, no dia da Greve Geral de 23 de Março. Mais adianta que a investigação trará resultados em menos de um mês.
Margarida Blasco, no entanto, nada diz sobre os acidentes de 24 de Novembro, cuja repercussão na blogosfera não teve grande impacto junto da comunicação social.
Não foi pela falta de atenção que não ocorreram factos muitos estranhos, como confirmado ainda agora, ao jornal i, por um guarda do Corpo de Intervenção. Nesse dia agents provocateurs da PSP andaram à solta entre os manifestantes, provocando distúrbios, e um jornalista foi agredido e detido.
Que fez a Inspecção-Geral da Administração Interna às denúncias recebidas?
Publicado logo após a II Guerra Mundial, 1984 é aquele romance escrito por George Orwell, o único tipo de esquerda que a direita gosta de elogiar.
Foi escrito, diz-se, como uma parábola do totalitarismo soviético, omnipresente e vigilante.
Infelizmente, com tanta atenção devotada à URSS, nos EUA esqueceram-se de olhar para o próprio umbigo.
Primeiro cortam o salário mínimo dos estrangeiros qualificados em mais de 1500 euros por mês...
(Variação sobre um tema de Martin Niemöller)
Agora já existe quem dentro da corporação admita a existência de agentes provocando arruaças.
A confirmação foi feita por um polícia de choque em declarações ao jornal i:
Deixou, pois, de ser apenas "aparente [a] existência de polícias agindo simultaneamente como manifestantes e como agentes".
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