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Os sinais da economia (aqui, aqui e aqui) parecem ir apontando no sentido do crescimento. Por esta altura, no terceiro trimestre, já se farão sentir alguns efeitos do Orçamento do Estado 2016, em vigor apenas desde Março.
As melhorias não são tão rápidas quanto desejável, mas, para já, vão dando sentido ao que durante anos andaram a dizer aqueles a quem os jornalistas e comentadores televisivos, o conselho de finanças públicas, os partidos de direita e as confederações patronais chamam economistas radicais: Do blogue Ladrões de Bicicletas aos partidos da esquerda da esquerda.
Infelizmente, também, os sinais do sistema bancário europeu, a não resolução dos problemas das dívidas, a inoperância dos poderes europeus, da Comissão, a Berlim, passando pelo Ecofin, podem precipitar tudo no desastre.
No pico da luta dos taxistas com a Uber, João Matos Fernandes, o ministro do Ambiente, disse que a Uber não é uma operadora de transportes.
É caso para lhe perguntar então o que é que a Uber está sendo se não uma operadora de transportes?
Pouco depois, Vieira da Silva, ministro da Solidariedade, recusou pôr robôs a pagar segurança social pelos trabalhos que destroem, uma ideia que ouviu da boca do Reitor da Universidade de Coimbra:
Abrem-lhe caminhos para continuar a manter um sistema público e universal de segurança social e o ministro recusa sequer considerar a hipótese, que a robotização do emprego, disse, faz parte do processo de modernização competitiva das empresas. Vieira da silva chega ao ponto de se preocupar com eventuais gastos da empresa com a fiscalidade, como se não poupassem o suficiente na eliminação de postos de trabalho,
Não se vai muito longe com este tipo de raciocínio tão amigo da desregulamentação e da supressão dos humanos.
Há jornalistas que recebem em mão, papinha feita, o documento com a privatização da TAP que vai no dia seguinte ao último Conselho de Ministros de um Governo à beira de ser substituído por outro que já avisou que irá reverter qualquer privatização da transportadora aérea. Remetem a coisa para um rodapé mal-amanhado da primeira página, de tal modo que a bomba será aproveitada por outros ao longo do dia. É o que se chama estragar lagosta da melhor.
Há jornalistas que ouvem alguém do Governo dizer haver obrigação de toda a gente declarar rendimentos e património, na sequência da polémica com a administração da Caxa Geral de Depósitos. Sem outra citação, concluem que essas palavras querem dizer que o ministro das Finanças, que tem a tutela da CGD, sairá do Governo em Janeiro. É o que se chama fazer croquetes de raspas de carne para os cães.
O jornal Sol noticia a saída do ministro das Finanças em Janeiro. E outras publicações vão atrás. António Costa reagiu dizendo ser “um disparate completo que o ministro esteja para sair”. Mas o facto está criado e o Público conclui que “Costa segura Centeno”, como se tivessem garantias cruzadas de que a hipótese de demissão de Centeno é um facto insofismável – é o que sugere o verbo escolhido pelo diário. Num Governo só se segura aquele que está para cair.
Infelizmente, este tipo de notícia, as que dão conta da dissolução iminente do Executivo do PS, têm sido uma tendência nas publicações do grupo editorial deste que o Governo tomou posse. Têm tido demasiadas manchetes e títulos a confundir desejos próprios com a realidade.
Desta vez, pelo que está disponível online, pouco se conclui quanto à consistência da informação veiculada. As fontes estão por identificar. E as declarações citadas que o jornal considera não poderem ser mais explícitas nada têm que ver com a saída de Centeno – que é o título da notícia e manchete do semanário. Falam sim da entrega das declarações de rendimentos e património da administração da Caixa Geral de Depósitos.
Às tantas, parte volumosa da informação política portuguesa assenta em factos criados e alimentados pelos jornais como se correspondessem à realidade. Um deixa cair e o outro apanha. Ainda se trata de jornalismo? Fica informado quem só leia as gordas e não esteja preparado para a hermenêutica do que é publicado pelos jornais?
Mota Soares ao estar no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
Cortou o abono de família
Reduziu o subsídio de desemprego
A indemnização por despedimento
Impôs dias de trabalho gratuitos tirados das férias e dos feriados
E mais cinco horas semanais gratuitas no Estado
Eliminou o descanso compensatório por trabalho suplementar
Aprovou os cortes nas pensões nominais
Mota Soares ao estar no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
Não hesitou em cortar pensões
Aprovou orçamentos inconstitucionais pela sua crueldade contra os mais idosos.
Em quatro anos no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
Mota Soares só aumentou
Pensões sociais e rurais
E as que tinham curtas carreiras contributivas (até 15 anos no regime geral, até 18 anos na CGA)
Deu-lhes entre 12,01 e 15,14 euros
Mas esqueceu-se dos que contribuíram mais de 15 anos no regime geral e que têm pensões abaixo dos 275 euros
Nesses quatro anos que Mota Soares passou no Governo com os colegas Assunção Cristas e Paulo Portas
Pagou aqueles poucos aumentos
Tirando aos mais pobres
Cortando no Complemento Solidário para Idosos
E noutras pensões
Mota Soares queria voltar a estar no governo com os colegas de partido Assunção Cristas e Paulo Portas
E até prometia tirar mais 2400 milhões de euros às pensões até 2019
Agora, Mota Soares colega governo e de partido de Assunção Cristas e Paulo Portas
Acordou para a vez dos doentes, os novos ciganos e malandros do RSI
Os sinais da economia portuguesa não são exactamemente contraditórios. Não arranca, mas também anda longe da catástrofe que a oposição anuncia diariamente.
Sem investimento nunca arrancará. Mas as regras da União Europeia impedem o investimento.
Um tópico muito recorrente no discurso do PSD é a catástrofe a que o país está sujeito sempre que há governações do PS. De como as acções governativas do PS afugentam todo e qualquer o investimento estrangeiro.
Gritam muito alto como para serem ouvidos lá fora. Como se por falarem, a coisa acontecesse. Como se quisessem reforçar a hipótese de ser ouvidos e assim minar a resposta económica obtida por outras governações que não a sua.
Agora é Passos Coelho a descobrir um país dominado pelos comunistas e pelos bloquistas. Do Minho ao Algarve, uma série de diabos vermelhos a evitar cuidadosamente por qualquer empresário digno desse nome. Felizmente, amigo, o PSD avisa. Como avisa sempre.
Por isso também me rio sempre, muito, quando ouço alguém daquela banda a falar de sentido de Estado.
É curioso que a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) peça agora o fim da isenção de IMI para os partidos e se coíba de pedir o mesmo para a Igreja Católica.
Depois de ter sido noticiado que algumas repartições de Finanças começaram a cobrar IMI à igreja, já o Expresso tratou de noticiar o património imobiliário dos partidos. Agora lembra-se a ALP de pedir o fim das isenções dos partidos.
Espera-se que algum jornal (o Expresso, por exemplo) contabilize a dimensão da propriedade predial da Igreja Católica. Muitos desses bens foram obtida por doação, em mais de quatro mil paróquias em todo o território nacional. Seria, pois, muito interessante que todos percebessemos a dimensão da propriedade imobiliária nas mãos da Igreja.
Já agora, perceber quanto pagaram de impostos pelas doações de bens dos particulares e perceber quanto IMI deixou de ser cobrado quando essas propriedades passaram das mãos dos privados não isentos para as mãos da isenta Igreja.
Pedro Passos Coelho insiste na "obrigação moral" da esquerda em garantir a estabilidade do país.
Quer dizer, tem razão, sim, mas com ressalvas. Depois das últimas legislativas, Passos Coelho não se coibiu de formar Governo quando já quase toda a gente tnha percebido que a sua não era uma solução estável.
Depois disso, tem havido bastantes mais meses de estabilidade política do que aqueles que ele e Paulo Portas foram capazes de garantir.
Vem no Diário de Notícias e não vem assinado.
Diz-se na peça que
Ora, foi Paulo Portas a designar por Geringonça o governo de António Costa.
O então presidente do CDS-PP aproveitava para soundbite o título de uma crónica de Vasco Pulido Valente acerca das primárias do PS. E usava o termo com intenções de provocação e de combate partidário. Intenções legítimas, mas intenções dele.
Os jornalistas podem ter as preferências partidárias que quiserem. Mas designar o Governo por um termo utilizado com propósitos de achincalhamento, mostra o nível indigente da reflexão dos meus camaradas de profissão.
Já é outra questão. Mas também é grave que boa parte dos jornalistas use sem qualquer premeditação um termo criado com intenção insultuosa, Isto evidencia de modo ainda mais grave um certo estado cultural da corporação. Como bem lembrava António Guerreiro há um par de semanas," mais importante e necessário do que denunciar o que o jornalismo esconde, é analisar e criticar o que ele exibe".
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