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Talvez valesse a pena organizar uma próxima greve geral a meias com centrais espanholas.
Que impacto teria uma greve ibérica? Que efeitos emuladores teria sobre os trabalhadores portugueses uma iniciativa em stereo?
E que consequências sobre os habituais comentadores e denegridores de serviço?
Aqui ao lado parece haver muitos a considerar uma greve como método válido de luta política.
Os tempos não andam de feição para os doutorados em Direito que dizem coisas.
O Público foi perguntar a vários especialistas o que achavam da decisão governamental de proibir as empresas de transportortes de divulgar os números da greve de quinta-feira.
Há quem defenda, como os socialistas Pedro Bacelar de Vacsoncelos e Isabel Moreira, que a decisão revela falta de transparência, põe em causa o direito à informação e tenta condicionar a leitura da greve
Já Paulo Otero afasta uma tentativa de negar o direito à informação. Para o professor universitário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa o que se procura é "desvalorizar qualquer repercussão estatística da greve" e evitar as tradicionais guerras de números.
Eu diria que se contradiz, mas isso sou eu que me formei em engenharia e tenho a mania que dados estatísticos são informação.
Decididamente, a PSP tem pouca percepção acerca do que é a essência do trabalho jornalístico. Em Dezembro, um porta-voz da instituição enviou um mail a redacções pedindo aos jornalistas para ajudarem a condicionar magistrados.
Desta vez é um comunicado onde se apela aos jornalistas para se colocarem "sempre do lado da barreira policial que os separa dos manifestantes em geral". O pretexto é a agressão aos repórteres-fotográficos José Sena Goulã, da Lusa, e Patrícia Melo Moreira, da France Press, mas também podia ser a detenção do freelancer Eduardo Martis na greve de Novembro, quando fotografava as escadarias do parlamento.
Argumenta ainda a Polícia que os jornalistas devem andar identificados - leia-se trazer a identificação em lugar visível - o que parecendo razoável a alguns, em certas circunstâncias, acaba por, na prática, constituir mais uma desculpabilização da carga da PSP e para, em muitos casos, dificultar o trabalho jornalístico. Até porque Eduardo Martins e Sena Goulão se identificaram e foram ignorados.
Mesmo que o corpo de intervenção tenha reagido ao arremesso de chávenas e cadeiras a agentes seus, não se percebe a aparente desproprocionalidade de meios. A PSP terá distribuido bastonadas mesmo em quem estava no passeio a tirar umas fotografias. Ou isso ou Patrícia Melo tinha acabado de se levantar do seu lugar na esplanada da Brasileira e ao derrubar o copo de água acabou confundida com um manifestante.
É a greve possível. Na antepenúltima, na redacção onde estava, houve dois grevistas. Eu, precário com avença, e um estagiário a quem já tinha sido anunciado que não iam renovar o contrato.
Um dos argumentos dos críticos das greves tem sido o de que os mercados internacionais têm Portugal debaixo de olho e que nos castigam ao menor sinal de conflitualidade social.
Hoje, Portugal colocou Bilhetes do Tesouro em leilão e os juros baixaram.
Vai uma aposta que, mesmo assim, a crença nos efeitos nefastos da Greve Geral na imagem do país não largarão o argumentário político?
Mas quem é que desiste primeiro de alimentar conflitos e divisões?
Ele ou os que não concordam com ele e que em muitos casos irão fazer greve?
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