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As duas referências

por Tempos Modernos, em 13.03.13

 

 

(Foto: pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier)

 

 

 

(Foto: commons.wikimedia.org/wiki/File:El_Greco_Ecstasy_of_St_Francis.jpg)

 

 

 

A primeira, em versão arte Nambam, a vocação missionária e universalista, dir-se-á natural num Papa jesuíta e vindo do Novo Mundo. A segunda, mais popular, espiritual e urbana, segundo a visão crística de El Greco. A ver como cumprirá aqueles destinos.

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publicado às 21:21

Francisco é um bom nome programático e nunca antes foi escolhido.

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publicado às 19:19

 

(Foto: jn.pt)

 

"[O]s próprios governantes, seja cá ou seja no estrangeiro, também já não v[ê]em um palmo à frente do nariz"

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publicado às 11:07

Mudar as tradições

por Tempos Modernos, em 01.11.12

 

 

Em 2011, ainda vieram na manhã do dia 1, mas o estribilho para pedir bolinhos era já o das "gostosuras ou travessuras", tradução consagrada pelos brasileiros para as histórias da Disney e da Hanna-Barbera passadas na noite de Halloween.

 

Este ano, subiram ao prédio logo ontem à noite. O dia era o errado (os países do sul não assinalam a noite das bruxas ao estilo anglo-saxónico) e o pedido era o errado (mais uma vez pediram "gostosuras ou travessuras" em vez do pão-por-Deus).

 

Ou seja, uma tradição com fundamento nas práticas do catolicismo vê-se ultrapassada pela força do imaginário protestante. É que sem a carga de propaganda que atingiu a Inquisição católica, os países protestantes tiveram, na mesmo época, o contraponto bárbaro e fundamentalista da perseguição às bruxas.

 

O episódio pode ser comezinho, mas até aqui se mostra como do ponto de vista da instituição é pouco inteligente permitir o fim da celebração do dia de Todos os Santos. A igreja não sabe lidar com os paganismos contemporâneos

 

 

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publicado às 10:23

A igreja negociou o fim do feriado do 1 de Novembro, um dos poucos feriados religiosos cujo sentido os portugueses não perdem de vista. Basta ver como se enchem os cemitérios e como, nas cidades mais pequenas, mesmo se vestida com outras fórmulas, muitas crianças continuam a ancestral prática do pão-por-Deus.

 

Saber adaptar-se às práticas dos crentes e dos não-crentes explica o sucesso milenar da igreja católica. Trocar uma festividade seguida e respeitada pela da Assunção de Maria, a15 de Agosto, e as declarações recentes do cardeal-patriarca de Lisboa contra as manifestações mostram uma instituição perdida e confundida no século.

 

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publicado às 09:45

Em Fátima, a Igreja trata deste mundo

por Tempos Modernos, em 13.10.12

 

 

(Foto: blogue A Saúde da Alma)

 

Espantosas as declarações de José da Cruz Policarpo condenando as manifestações contra o Governo e a Tróica.

 

Num tempo em que a cidade se enche de novos pobres e de novos nus, o cardeal patriarca encontra nas manifestações que se têm sucedido o exemplo da corrosão da "harmonia democrática". Ao falar em Fátima, antes de se iniciarem as peregrinações do 13 de Outubro, o dia do milagre do Sol, o cardeal patriarca de Lisboa envergou as vestes do príncipe, de alguém cujo reino pertence a este mundo.

 

Não será o único motivo de preocupação da Igreja, mas, há dias, Marques Mendes defendeu que o tempo de emissão televisivo das confissões religiosas pode e deve ser mantido. Ontem, José Policarpo juntou na mesma conferência de imprensa a condenação das manifestações  ao desejo de cumprimento da Concordata. Os mais cínicos poderão achar que a Igreja Católica receia ver transformada em cordeiro sacrificial o tempo de emissão que o Estado desde sempre lhe concedeu nos canais públicos. 

 

O facto de se perguntar a um conselheiro do Governo se acha que algo pode e deve ser mantido, revela ao menos o receio da resposta negativa. os mais cínicos poderão questionar daqui a pouquissímo tempo: a presença na televisão (e a isenção de pagamento de IMI) valeu mesmo os 30 dinheiros?

 

 

 

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publicado às 10:16

Desrespeitar as almas

por Tempos Modernos, em 11.03.12

 

A discussão em torno do fim de feriados está aí para durar. E sem entrar na discussão da desejável laicidade do Estado, a extinção ou suspensão de feriados tem um impacto - nas pessoas e na Economia - que está muito longe de estar consistentemente estudado. No entanto, o assunto, como tudo que se relaciona com o Trabalho, tem sido tratado pelo Governo mais como uma questão de fé do que como de factos comprovados.

 

Talvez por isso, ainda antes de lhe perguntarem fosse o que fosse, a Conferência Episcopal se tenha lembrado de propôr largar alguns dias de mão. Só que o Vaticano não gostou das opções da Igreja Portuguesa e já avisou que prefere abdicar do Dia de Todos os Santos. Para a Santa Sé, os cismáticos dias marianos é que são indispensáveis.

 

A igreja costuma ser mais cautelosa. Tirar às pessoas o dia em que celebram os seus mortos é nada perceber da forma como os crentes, e não só, homenageiam os entes queridos desaparecidos. Se perguntarem na rua, verão a resposta das populações. Mesmo confundido com o dia dos Fiéis Defuntos, o 1 de Novembro, é das poucas datas de evocação religiosa amplamente celebrada.

 

Sabe-se o pé de vento que se levanta em certas comunidades quando entram em rota de colisão com os párocos. Não será a distante igreja romana que impedirá os levantamentos.

 

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publicado às 13:09

Coligações

por Tempos Modernos, em 22.08.11

Enquanto a hierarquia católica embarca numa coligação oficiosa com o Governo para evitar a revolta - justa, diga-se - dos contribuintes, traz escasso conforto saber que subsistem uns lampejos de inteligência civilizacional na Igreja. 

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publicado às 10:44

Um Príncipe terreno

por Tempos Modernos, em 01.05.11

 

 

 

É inegável o carisma do novo beato da Igreja Católica.

 

Mas também é inquestionável o marketing que fez com que tantos crentes se aproximassem de João Paulo II arrastados pelos afectos e crença na sua compaixão.

 

Uma busca espiritual de milhões que também tem o seu lado Pop e se reflecte na adoração de outras figuras contemporânas como a princesa Diana ou a Madre Teresa de Calcutá. Há mais gente cativada pelo lado irracional e sentimental associado às figuras do que pelas suas dimensões intelectuais.

 

Cristo e São Paulo não são exactamente as figuras mais adoradas pelos crentes, embora no caso do primeiro uma afirmação destas tenha que se lhe diga. Já a figura da Virgem Maria, a pietá, a mãezinha, que o polaco tanto valorizou tem desde o tempo das ordens mendicantes um carácter apelativo bem conhecido. Tão conhecido, que durante boa parte da história portuguesa os nomes António e Francisco, associados aos dois santos franciscanos, foram possivelmente os mais usados por homens.

 

O celebrado papel de Woytila nas coisas de César tem muito de ideológico e também ganha, no imediato, com o facto de estar do lado dos vencedores. Estes, como se sabe, têm sempre razão.

 

O novo beato teve também papel decisivo na beatificações de Pio XII e na canonização de Josemaría Escrivá. Sobre o Papa há demasiadas incertezas em relação ao papel político durante a II Guerra Mundial. Sobre o fundador do Opus Dei basta ouvir o que ele dizia em primeira mão, em entrevistas e filmes, para duvidar até da sua bondade terrena.

 

Anselmo Borges, sacerdote, e uma das vozes mais interessantes da opinião publicada em Portugal, cruzou-se com João Paulo II. E a impressão que lhe ficou "foi a de um homem não propriamente afectivo, mas antes afirmativo e duro". Borges não se faz detentor da verdade, mas vale a pena comparar o que diz este católico com responsabilidades com a canonização de João Paulo II feita em muita comunicação social laica.

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publicado às 18:51


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