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Egoísmos termitantes

por Tempos Modernos, em 26.11.12

 

(Foto: ecoespacio.es)

 

Os liberais-soberanistas catalães encheram-se de contribuir para o orçamento do Reino e resolveram pedir eleições, a ver se referendavam a independência.

 

Tramaram-se e perderam 12 deputados. Terá havido muitos outros motivos, mas talvez alguns eleitores tenham percebido que o mercado consumidor castelhano e das restantes autonomias não é de deitar fora se a Catalunha quiser continuar como um dos motores económico na Península. A ver o que dá entretanto o novo equilíbrio de forças com a subida da Esquerda Republicana.

 

No Brasil, esperam-se manifestações exigindo a Dilma Rousseff que vete o aumento da percentagem dos lucros do petróleo a redistribuir pelos estados não produtores. Seja em que país for, é sempre um gosto, ver os egoísmos regionais e locais sobreporem-se aos interesses do colectivo.  

 

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publicado às 18:38

Às vezes penso que é má vontade minha mas...

por Tempos Modernos, em 08.11.12

 

(Foto: Perfil twitter de Barack Obama)

 

... afinal, José Medeiros Ferreira e Bruno Nogueira provam que não estou sozinho na minha opinião sobre os jornalistas, analistas e comentadores portugueses que falam sobre as eleições norte-americanas.

 

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publicado às 20:58

Obama, felizmente

por Tempos Modernos, em 07.11.12

 

(Foto: bbc.co.uk)

 

Segui com curiosidade a figura de Barack Obama a partir da altura em que o vi entrevistado por Jay Leno, ainda estava longe de ser escolhido pelos democratas como candidato à presidência dos Estados Unidos da América. Há quatro anos, por mera motivação pessoal, acompanhei debates em directo, sondagens e análises estatais, o noticiário norte-americano.

 

O noticiário português, não me lembrava já e reapercebi-me ontem ao seguir novamente os canais internacionais, não permitia uma visão segura sobre o que se passava realmente no terreno. Notícias com dois e três dias eram publicadas como novidade nos onlines dos nossos órgãos de comunicação social. E mais vale olhar sozinho para as sondagens em bruto que ler análises em quarta e quinta mão sobre elas.

 

Este ano - há tanta coisa para desesperar, para quê juntar-lhe as incertezas de uma reeleição num país distante? - andei afastado da terça-feira eleitoral. Ontem, ao início da noite, ainda jornalistas portugueses nos garantiam que só lá para sexta-feira haveria resultados tal era a proximidade entre os candidatos à Casa Branca e grande a probabilidade de que contestassem a votação nalguns colégios eleitorais. Em cheio, como se viu: pouco depois das dez da noite local já se sabia que Obama tinha mais quatro anos de mandato, a maioria dos eleitores dos estados dançarinos tinham-lhe ido parar às mãos, tal como a maioria dos votos populares e o Senado. E nem no Wisconsin, estado-natal de Paul Ryan, candidato republicano à vice-presidência, ou no Massachussets, onde Mitt Romney governou, se deixou de dar a vitória ao democrata.

 

Às 5h da manhã soube que Obama vencera já as eleições. Durante a noite e a madrugada, pelos canais televisivos portugueses, encontravam-se os mesmos analistas de há quatro anos. Vasco Rato, Nuno Rogeiro, gente que fez parte das estruturas ideológicas do Governo de Durão Barroso-Paulo Portas.

 

Não fiquei a ouvi-los, confesso. Atrevo-me a dizer que terão sugerido que entre Obama e Romney não há grandes diferenças, que Romney é um republicano moderado, que a eleição de um ou de outro seria indiferente, como se viu nestes quatro anos falhados. Nem todos os analistas da clique PSD e CDS-PP estiveram a favor da invasão do Iraque, mas os executores políticos empenharam o país nessa intervenção ao lado de George W. Bush.

 

Quatro anos passados, Obama não cumpriu muito do que prometeu. Ann Nixon Cooper já não está entre os vivos como estava em 2008. Os desejos tropeçam sempre na realidade. E a maioria republicana no Congresso tudo fará para minar iniciativas presidenciais. Mas, mesmo assim, é sempre melhor partir de um programa político onde a justiça e a cidadania prevaleçam do que de um onde se defenda o salve-se quem puder, o darwinismo social e o totalitarismo dos mercados. A ver o que faz agora Obama ao anunciar que "o melhor ainda está para vir".

 

A eleição de Romney poria a Europa e os Estados Unidos a puxarem para o mesmo lado. O da austeridade e do empobrecimento sem barreiras. Só que no que toca ao sudeste asiático as paisagens são mais atraentes que os modelos sociais e as leis laborais. E a salvação dos orientais nunca ganhará nada com a miséria dos povos de outros continentes. Angela Merkel não precisa de mais aliados, como lembra Mário Soares. Precisa é que lhe tirem o tapete.

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publicado às 12:49

Portas destrói relações

por Tempos Modernos, em 28.10.12

O excesso de voluntarismo histriónico de Paulo Portas bem podia conter-se dentro de portas.

 

À solta no Pequeno Jogo diplomático mantém tiques inaproveitáveis. E de consequências trágicas.

 

Mobilizar uma navio de guerra para acorrer ao golpe de Estado de Abril, na Guiné-Bissau, provocou na ocasião a debandada de populações com receio de uma invasão pela antiga potência colonial e tropa da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).

 

Desde então, instalou-se a má-vontade para com os portugueses. Num país onde o rumor e o boato têm papel importante, tem um significado óbvio exibir fotografias do alegado comandante do ataque a um quartel em Bissau na semana passada envolto na bandeira portuguesa. A resistência a um inventado inimigo externo ajuda a cerrar fileiras. E a justificar barbaridades e golpes anti-democráticos em que a política guineense tem sido fértil.

 

Em simultâneo, fica em risco a comunidade portuguesa que o ministro dos Negócios Estrangeiros disse querer defender com a mobilização da fragata. Foi Portas que os pôs a jeito e lhes ofereceu o pescoço.

 

Nas últimas semanas, o ministro dos Negócios Estrangeiros tem tentado fazer-se a um futuro na política nacional. Se não for numa coligação com o PSD, poderá ser numa coligação com o PS. Mas a este nível, a irreponsabilidade e o aventureirismo deviam pagar-se caros.

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publicado às 13:02

Velhos hábitos?

por Tempos Modernos, em 23.06.12

 

A direita sul-americana tem uma tradição e proveito golpistas - consentidos e até fomentados por democracias do Norte - que faz olhar para o ultra-rápido julgamento e destituição legal do presidente paraguaio com grande cautela.

 

Na prática, o que aconteceu nas Honduras cujo governo democraticamente eleito foi deposto por um golpe de estado em 2009? que dirão agora as diplomacias europeias e norte-americanas? Que se o eleito é de esquerda então não vale?

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publicado às 11:52

Risco de crise humanitária na Guiné Bissau

por Tempos Modernos, em 29.04.12

 

Num gesto inédito várias organizações não governamentais (ONG) a actuar na Guiné-Bissau alertam para o agravamento da situação humanitária naquele país africano na sequência de crise aberta no dia 12 de Abril. Além de condenarem o golpe de Estado, apelam à cooperação dos actores nacionais e internacionais e na resolução da situação através do diálogo.

 

Reunidas entre os dias 25 e 27 de Abril, 31 ONG, a que entretanto se juntaram mais duas, receiam que o agravar da situação esteja "a provocar escassez e subida dos preços dos bens essenciais, deslocação de pessoas à procura de segurança fora da capital com implicações em termos de educação e saúde pública, num momento em que se aproxima a época das chuvas, com alto risco de cólera e de outras epidemias."

 


 

 

 

Para ler o comunicado na Íntegra:

 

«Posicionamento de um conjunto de ONGs Nacionais e Internacionais na Guiné-Bissau face ao Golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 

 

Reunido entre os dias 25-27 de Abril do ano em curso, um conjunto de Organizações Não-Governamentais (ONGs) nacionais e internacionais preocupadas com a situação político-militar desencadeada pelo golpe de Estado de 12 de Abril,


Preocupadas com as implicações e consequências políticas, sociais e económicas desta ação, nomeadamente no que concerne ao funcionamento das instituições e à segurança nacional, alimentar e sanitária das populações em geral,


Reconhecendo que o agravar desta situação está a provocar escassez e subida dos preços dos bens essenciais, deslocação de pessoas à procura de segurança fora da capital com implicações em termos de educação e saúde pública, num momento em que se aproxima a época das chuvas, com alto risco de cólera e de outras epidemias,


Considerando que com o deflagrar desta situação as condições de vida das comunidades foram também agravadas pelas limitações da capacidade de atuação das ONGs,


Considerando que esta conjuntura está a levar ao isolamento internacional do país,


Considerando que a continuidade ou agudização da situação atual levará à instauração de uma situação de emergência que colocará em causa os esforços de desenvolvimento em curso e resultará num retrocesso face aos progressos já alcançados a este nível,


As ONGs nacionais e internacionais signatárias decidem:


1. Condenar o golpe de Estado,


2. Apelar à libertação imediata de todos os detidos na sequência deste processo, ao fim das perseguições políticas, e ao respeito pelos direitos humanos, enfatizando os direitos civis e políticos,


3. Apelar à restituição da legalidade e da ordem constitucional,


4. Apelar aos atores nacionais e internacionais envolvidos na resolução desta situação a se engajarem na procura de soluções duráveis, através do diálogo,


5. Reafirmar o seu compromisso e empenho no trabalho de promoção do desenvolvimento nas respetivas comunidades, em prol do bem-estar do País,


6. Apelar às ONGs que concertem e coordenem os seus esforços, quer em termos regionais quer temáticos, de forma a minimizar os riscos e impactos potenciados com esta situação político-militar,


7. Apelar às comunidades e à população em geral para que conservem a paz, a coesão social e a cultura de solidariedade que caracteriza o povo guineense, mesmo em situações mais complexas e de crise,

 

8. Apelar aos operadores económicos nacionais e internacionais para que sejam solidários com a população, evitando a subida de preços dos produtos da primeira necessidade enquanto a situação prevaleça,

 

9. Apelar aos media nacionais e internacionais para que transmitam uma imagem mais abrangente do país, refletindo a realidade das populações e a sua voz,

 

10. Apelar à Comunidade Internacional para que continue a apoiar os esforços na promoção da paz, da segurança e do desenvolvimento na Guiné-Bissau.

 

Feito em Bissau, aos vinte e sete dias de Abril de 2012.
As organizações

 

1. ACEP
2. ACPP
3. AD
4. ADIM
5. AIDA
6. AIFA/PALOP
7. AJPCT
8. ALTERNAG
9. AMIC
10. CIDAC
11. CIDEAL
12. COPE
13. DIVUTEC
14. EAPP
15. EMI
16. ENGIM
17. FUDEN
18. IEPALA
19. IMVF
20. KAFO
21. LGDH
22. MEDICUSMUNDI
23. MON‐CU‐MON

24. NADEL
25. PAZ Y DESARROLLO
26. PLAN GUINEA BISSAU
27. RASALAO
28. RENARC
29. SNV
30. TINIGUENA
31. VIDA
32. ESSOR
33. MANITESE»

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publicado às 15:04

Presidenciais francesas.

por Tempos Modernos, em 22.04.12

Jusqu'ici va bien, mas há Marine Le Pen.

 

De qualquer forma são sinais positivos, num país menos afectado pela crise que outros.

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publicado às 20:23

Notas civilizacionais II: Cidadania ou selva

por Tempos Modernos, em 22.04.12

Mais uma nota com atraso. No Porto, um grupo de cidadãos tomou há tempos uma escola abandonada dinamizando por lá várias iniciativas culturais e sociais envolvendo a comunidade (aqui). Rui Rio ordenou a desocupação. Forças dos bombeiros e da polícia municipal terão atirado livros e material vário pelas janelas. A tão auto-propalada iniciativa privada do norte nem sempre é vista com bons olhos pelos seus maiores defensores públicos.

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publicado às 11:46

Em algumas zonas de maioria balanta da Guiné Bissau já se manda os portugueses irem para casa, garantiu fonte bem informada ao Tempos Modernos.

 

E os sentimentos locais em relação a Angola e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa não são melhores.

 

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publicado às 23:10

A pátria deles (reescrito com nota)

por Tempos Modernos, em 21.04.12

Aqui há uns anos, durante um curso de segurança e defesa para jornalistas, no Instituto de Defesa Nacional, falei um bocado sobre política de língua portuguesa com um antigo responsável governamental socialista.

 

Não havia ali uma ideia sobre o assunto, tirando a vaga intenção de construir uns sites e assim.

 

Há muito que a Espanha percebeu a importância do tema. A França também e até mesmo a Alemanha, cujo idioma só se fala na Europa, tem uma atenção ao Goethe Institut sem paralelo em Portugal ou no Brasil. Affonso Romano de Sant'Anna, recentemente, em depoimento ao Jornal de Letras, declarava que, apesar dos 200 milhões de falantes, o português é um dialecto.

 

Nos últimos anos, numa opção pessoal que tem mais de emocional que de racional, milhares de portugueses têm aprofundado e certificado o seu conhecimento de espanhol, idioma quase gémeo, cuja leitura e compreensão oral se tornam quase imediatas com escasso convívio. Não são as ligeiras diferenças sintáticas e os falsos amigos que justificam a dimensão do investimento. Nos níveis iniciais, então, vale a pena comparar os ritmos de entendimento de um português e do falante de outro idioma, a mais que justificarem um regime de ensino diferenciado e com menos etapas.

 

No que toca a prémios, a entrega do Cervantes é aguardada com expectativa pelo mundo intelectual. A percepção do Camões - e da sua evidente utilidade - é tão reduzida que na comunicação social mainstream em português chega a ter mais impacto a entrega do PT Literatura. E o próprio nome da coisa não é consensual entre as entidades portuguesas e brasileiras que o financiam. No portal do Ministério da Cultura brasileiro chega mesmo a chamar-se-lhe mesmo Prémio Luís de Camões.

 

 

Mas que fazer quando são os próprios portugueses, alguns deles com evidentes responsabilidades de Estado, que insistem em mostrar os seus dotes para falar estrangeiro em qualquer sítio onde se encontrem? Sampaio, Cavaco, Guterres, Durão Barroso, Sócrates, Passos Coelho, chegam a sítios pejados de tradutores-intépretes e preferem expressar-se na língua dos outros ou numa língua terceira.

 

O caso da Guiné voltou a evidenciá-lo. Nas Nações Unidas, o habitualmente patriótico Paulo Portas optou pelo inglês. Declarações em português ficaram por conta de um angolano, representante de uma potência regional que parece já ter percebido melhor que os seus irmãos mais velhos a verdadeira importância de uma política de língua.

 

Nota: Pelos vistos, , no seu discurso, Paulo Portas ainda fez uma perninha em crioulo. O que quer dizer que percebe a importância do uso da língua.

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publicado às 11:42


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