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Falar de intrigas politico-partidárias quando em cima da mesa estão a moção de censura do PS ao Governo e no dia em que Sócrates regressa de Paris para ser entrevistado pela RTP e se espera que responda aos críticos, coloca Cavaco de corpo inteiro dentro da intriga que diz desprezar e não criar emprego.
De um ponto de vista de esquerda, é desejável que António Costa vá a secretário-geral do PS, dirigindo a alternância no Executivo.
Entre ele e Seguro, muito provavelmente, a diferença na governação não será de grande substância.
Mas se ficar só ocupado com a Câmara é bem capaz de começar a pensar em Belém, dificultando a vida a Carvalho da Silva.
(Foto: SIC Notícias)
Num país com uma opinião pública mais informada e exigente, Vítor Bento não teria condições para ser conselheiro de Estado ou para, através da comunicação social, dar conselhos moralistas aos outros.
Mas é. E é um dos propostos por Cavaco, que só tem nomeado gente que pensa como ele, ao contrário de Mário Soares e Jorge Sampaio que procuraram o pluralismo no aconselhamento.
Vir agora um conselheiro de Estado defender a refundação do regime e revisão da constituição, na linha de Passos Coelho, lança confusão sobre o longo silêncio cavaquista, quebrado apenas num hotel de luxo.
Curioso quando até o FMI parece já ter percebido algumas coisinhas básicas e Cavaco fora de portas também. Caso não se tenha dado por isso, a refundação do país e a revisão da Constituição apenas visam promover o rumo que se tem seguido.
(Foto: Margarida Ramos/Global Imagens em jn.pt)
Marcelo Rebelo de Sousa é talvez o mais destacado defensor da teoria de que as manifestações pela demissão de Miguel Relvas estão condenadas ao fracasso.
Previsível. À direita concebe-se a política principalmente enquanto veículo de poder. Para um grande número dos seus militantes, e simpatizantes, Maquiavel é autor a seguir.
A contestação só faz sentido se mostrar resultados imediatos, se servir para obter ou manter o poder. Manifestações de cidadania, de participação, são, com sorte, remetidas para o campo das excentricidades, ou, o mais das vezes, da marginalidade.
Quando está na oposição, o PSD é um partido vocacionado para encher a comunicação social com indignação e ruído. Ainda se estudarão as diferenças de estados de alma das populações quando os laranjas são governo e quando aguardam a sua vez de alternar. Não se sabe se são os portugueses que são pacientes, se a esquerda que resiste melhor ao afastamento da governação.
Marcelo é um alto quadro do partido. Não se espere que comente de modo neutro enquanto prossegue a campanha pessoal para a presidência da República.
Medeiros Ferreira, que há tempos via em Cavaco um último reduto de razoabilidade contra a austeridade, já apregoa o homem como um Presidente "fraquinho".
Cavaco nem sabe o que lhe vai cair em cima por recusar receber os cartões postais em defesa da maternidade Alfredo da Costa.
Não acerta uma. Segue tão na mó de baixo que a sua saída de Belém arrisca-se a dar festas na rua. Com foguetes e tudo.
O artigo é chapa três e vem em todos os jornais online, take de agência noticiosa a partir de comunicado oficial.
Por lá se fica a saber que um tal Gonçalo Manuel Tavares, escritor, será condecorado no 10 de Junho.
Uma vez que na Presidência não sabiam, nos jornais podiam ter decifrado a personalidade do condecorado identificando-o com o nome com que assina as suas obras e pelo qual é publicamente (re)conhecido, ou não?
Fará em breve dez anos que, na secção de Política por onde então passava, e a propósito não sei de quê, tive de escrever sobre Santana Lopes, o autarca lisboeta.
Cito de cor, mas o que disse foi que por esta altura Santana seria já "um respeitável cinquentão" e que Belém lhe calharia bem. Curioso como certos políticos (eu diria todos) são tão previsíveis. É que foram os mesmos argumentos que o próprio agora usou alinhando-se para a corrida presidencial que se avizinha. É que já ninguém conta com Cavaco.
António Costa também aí anda. Mas merece um outro post. A quatro anos do fim de mandato do Presidente da República, estes esticares do pescoço para fora das carapaças mostram bem o estado em que Cavaco se encontra.
No Jugular, Fátima Rolo Duarte recupera 18 frases de Carvalho da Silva em entrevista à Única, no último sábado.
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N'O Tempo das Cerejas, Victor Dias matiza os elogios que Francisco Assis fez ao secretário-Geral da CGTP, em artigo de opinião publicado no Público.
Parece pois estar em andamento o processo que provavelmente levará Carvalho da Silva à Presidência da República, afastando durante dez anos candidatos como Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Santana Lopes, Guterres ou Sócrates.
No seu discurso, Carvalho da Silva atira à organização do trabalho na comunicação social:
“Diz-se que desapareceu o taylorismo, qual quê! As redacções dos jornais e televisões são cadeias de concepção taylorista e fordista à exaustão.”
A afirmação é fácil de de subscrever. No entanto, a experiência diz-me que nas redacções nem sempre se sabe muito bem o que fazer com a inteligência e muito menos com a expressão da revolta. A solidariedade é palavra vã e o egoísmo servido em roda livre.
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