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Há escassas semanas o aumento do IVA na restauração provocou o alarme de cafés e restaurantes.
A subida de 10 por cento do valor a entregar ao Estado, em grande parte dos casos sem repercussão nos preços cobrados aos clientes, faz mossa.
O aumento afecta milhares e milhares de pequenos estabelecimentos, muitos de economia familiar, muitos praticando uma economia de quase subsistência, com pequeno número de empregados, subitamente confrontados com a crescente falta de clientes.
São restaurantes, cafés, snack-bares, pastelarias. Um sector que alimenta e dinamiza realmente a economia nacional. Tirando nas bebidas, nos produtos de limpeza, recorre em larga escala aos pequenos distribuidores, mercados e produtores locais. Garantem muitos milhares de postos de trabalho, em regra permanentes. Não deslocalizam lucros para a Holanda. Pagam cá os impostos.
Em tempos de crise, os jantares fora são das primeiras coisas a cortar. Imagina-se que se passará o mesmo com os pequenos-almoços na rua. Basta andar nos transportes públicos com olhos de ver para confirmar o aumento do número de passageiros transportando sacos térmicos, com refeições trazidas de casa.
Cada café, cada restaurante, cada snack-bar fechado é uma carga para o erário público, para o contribuinte, para a segurança social. Destrói postos de trabalho no café, no distribuidor e no produtor que abastecia a casa, até nas centrais cervejeiras e nas cafeeiras. Desempregados que receberão subsídio de desemprego. Empresas que deixam de pagar IVA e IRC. Gente que deixa de contribuir para a Segurança Social e de pagar IRS.
Parece da mais elementar racionalidade financeira que ao menos se repusesse o IVA nos 13 por cento, como aliás foi recentemente sugerido à esquerda, pelo PCP, com chumbo da maioria. O que se pouparia em prestações de desemprego e o que se ganharia em produção para o PIB não compensaria o corte?
Pode argumentar-se que não sei o impacto financeiro que teria a mexida no IVA. É verdade. Mas, por outro lado, Passos Coelho e Vítor Gaspar também não.
Anda aí muito cronista, comentador e bloguista preocupado com o desgaste de que Cavaco tem sido alvo e com a bondade e utilidade dos ataques sofridos pelo chefe de Estado.
Parece, no entanto, que a culpa não será de quem alegadamente o não deixa pousar: Ainda os jornalistas - sempre atrasados - lhe andam a fazer perguntas sobre a pensão do Banco de Portugal ou o impedimento de visitar a António Arroio e já Cavaco se enrola com o espanto dos números do desemprego.
No debate quinzenal, Seguro diz a Passos Coelho que este deveria ter trazido os dados do desemprego como tema a discutir.
O primeiro-ministro replica ser tentador "seguir a agenda mediática".
Por acaso, os dados ontem revelados pela comunicação social revelam cerca de 800 mil portugueses desempregados.
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