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Alucinações científicas

por Tempos Modernos, em 16.05.16

"Numa sociedade cada vez mais estatizada [como a portuguesa]...", é o início de uma frase num artigo de propaganda da circular informativa digital da malta do Compromisso Portugal.

 

O autor é doutorado em Ciência Política pela Católica, o que não acrescenta grande coisa à imagem de qualidade e rigor que a Universidade tenta passar.

 

Ou o rapaz está a querer martelar uma ideia com intenções partidárias, ou então, depois de se especializar na análise social e política, foi acometido de esgotamento ou assim, perdendo discernimento e faculdades intelectuais.

 

 

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publicado às 12:05

Tem uma força invulgar o ataque dos colégios com contrato de associação. Não lhes faltam tenores nos jornais. São exactamente os mesmos que defenderam o fim de prestações sociais, de RSI, de pensões de reforma, dos subsídios de desemprego. 

 

No grupo há apoiantes e militantes do PSD, do CDS-PP  e muita gente da Igreja e das IPSS - uma roda que foi tropa de choque dos dois partidos no ataque ao poder em 2011 e nos anos de austeridade que se seguiram. E que ainda por cima é vendida como ideológica e partidariamente independente.

 

Aos publicistas do Viver acima das possibilidades não repugna o compadrio dos que vivem das rendas do estado e do dinheiro dos contribuintes.

 

Mas já vale dizer tudo quando se quer partir o pescoço dos que produzem riqueza, dos que pagam ou gostavam de pagar impostos e dos que querem poder viver do seu trabalho.

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publicado às 17:30

Uma corporação na crista da moda

por Tempos Modernos, em 08.12.15

farda.jpg

(fonte: publico.pt)

 

Em finais de 2011, a PSP estava a mudar de fardas. Dos velhinhos uniformes com barrete e camisas desfraldáveis, para esses que aí vemos agora, nas ruas, de boné e pólo.

 

Em 2014, nem três anos depois, repete-se, nem três anos depois, estava já previsto um novo plano de uniformes, o do azul "ciano" anunciado pelo ministro MIguel Macedo.

 

Já agora, duas questões, perante as dificuldades em encontrar fardas regulamentares: que sentido estratégico existe no encerramento de indústrias militares como as Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento e que inteligência e que eficiência decorrem de um certo discurso populista e demagógico contra a despesa pública?

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publicado às 11:33

Fumigar a 5 de Outubro

por Tempos Modernos, em 06.12.15

5out.jpg

(fonte: cm-lisboa.pt)

 

Aí para baixo, em tempos, escrevi como seria fácil corrigir a obra de Nuno Crato à frente do Ministério da Educação. Bastava um diploma onde se revogasse toda a legislação aprovada pela 5 de Outubro entre a entrada e a saída de funções do ministro.

 

Em resposta, alguém me dizia não se poder andar sempre a mudar tudo. A ideia, em abstracto, não repugna, mas pela ignorância da dimensão da catástrofe a minha interlocutora só podia ser votante da coisa. Em linhas gerais, e noutras circunstâncias, até concordaria com ela. O grosso dos ministros da Educação teriam ganhado em não querer fazer grandes mudanças ao trabalho dos antecessores e em, com acertos pontuais, deixar correr. Por isso mesmo, cauteloso, escrevera (admitindo que não seria tão fácil em todas as circunstâncias) como se torna tão fácil corrigir a obra de Crato. É fechar os buracos por onde a legislação pode escapar e fumigar tudo.

 

Os exames da 4ª classe já foram. Alguns falaram de aprendizagem, como se fazer exames equivalesse a rigor e exigência; como se, por se andar metade de um ano lectivo em preparação para o exame, se aprendesse muito mais do que respostas condicionais e automatismos instrumentais. Gente insuspeita, que em tempos também os fez, e que nem sequer tem mentalidade especialmente cavernícola, descobriu-lhes encantos. Achou-os um bom método de preparação dos pequeninos para a dureza da vida. É passar um atestado de estupidez aos mais novos. Acham realmente que nestes anos as crianças não repararam em como a vida é difícil?

 

Outra medida de Crato deverá seguir, agora, para o desejável balde do lixo, um outro retrocesso da governação de Passos e Portas - o do ensino vocacional do 5º ao 9º ano. Estas aventesmas não repararam na velocidade com que, quase de um ano para o outro, um curso superior de garantidas saídas profissionais, como o de engenharia civil, passou a formar tantos futuros desempregados. Não tarda, os engenheiros civis voltarão a fazer falta, mas esta gente não percebeu a velocidade com que mudam as necessidades do mundo. Em como é arriscado apostar num ensino-ferramenta, numa coisa instrumental, simplesmente aplicada, voltada para a resolução de problemas imediatos em rápida mutação de paradigma. E, ainda assim, Passos, Portas, Crato, num autêntico programa de genocídio educativo, acreditaram descobrir vocações com futuro em crianças de dez anos.

 

Mas se houve cortes e medidas insensatas, também houve quem no sector tivesse contra-partida. Vejam-se os aumentos nos apoios ao ensino privado e a promessa do cheque-ensino. Será destas medidas que sai tanto apoio do cardeal Clemente aos partidos de Passos e de Portas? O negócio católico dos colégios privados é bastante extenso. Na freguesia de Fátima, Ourém, não existe nenhum estabelecimento de ensino público entre o 5º e o 12º ano de escolaridade. Se faz sentido o Estado subsidiar escolas privadas em sítios onde não exista ensino público, fará sentido que não abra escolas em Fátima? A população em idade estudantil não o justificará? Ou é um favor aos bispos? Em 2011, Fátima contava com quase dois mil habitantes com menos de 14 anos.  Em tempos de vacas tão magras que sentido faz desviar verbas dao ensino público para subvencionar negócios privados e garantir-lhes rendas à custa dos contribuintes? Ou os papás de Fátima não têm direito à liberdade de escolha e devem ser obrigados a manter os filhos em escolas católicas?

 

Uma nota final. Vale a pena assinalar como tanta gente superiormente inteligente, Carlos Fiolhais, por exemplo, tiveram, em tempos, simpatia por Crato. Enganaram-se rotundamente mas não foi por não terem informação suficente. Bastava andarem atentos. Estava lá tudo, muito antes de ser ministro, não é? A visão de Crato das universidades e do seu papel é pouco mais do que troglodita. Houve demasiada gente, com responsabilidades cívicas, a confundir o autoritarismo cratiano de raiz maoísta com rigor, exigência e qualidade.

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publicado às 15:35

José Manuel Fernandes não tem o que o entusiasme

por Tempos Modernos, em 11.11.15

José Manuel Fernandes diz na RTP3 que o acordo das esquerdas "não é entusiasmante".

 

Percebe-se o enfado. Na juventude estróina do PREC andou ligado a bandos esquerdistas que a direita bombista e a maioria silenciosa combateram. Depois, no jornalismo, pôs gravata, mas não amansou. O hoje neo-con anda legatário da boa gente do Tea Party, ligado a malta do Compromisso Portugal. 

 

No passado recente, com o pretexto das armas de destruição maciça, esteve com as bombas sobre o Iraque, decididas também por Durão Barroso e Paulo Portas. As mesmas bombas que Blair, outro cúmplice, admite terem produzido o Estado Islâmico. Pouco depois, clamando sempre pela Liberdade de Imprensa, andou misturado no caso das escutas de Belém (aqui e aqui) - a despropósito, lembre-se como na amada América, Watergate levou à queda de um presidente republicano.

 

Habituado a partir para a guerra, entende-se que medidas contra a precariedade, o empobrecimento, pelo aumento do salário mínimo, pareçam a Fernandes tão demagógicas quanto sensaboronas. 

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publicado às 08:40

Onde vota o PAN?

por Tempos Modernos, em 05.11.15

Vale o que vale, que as votações foram secretas e nada se pode concluir com rigor.

 

Na eleição para presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues foi eleito com 120 votos. Fernando Negrão, o candidato da coligação governamental, acabou derrotado obtendo 108 votos. Houve duas abstenções. Fazendo umas continhas sabe-se que a Esquerda tem 122 votos, 86 parlamentares do PS, 19 do BE, 17 da CDU. A Direita, 107. Ou seja, o candidato do PSD e do CDS-PP conseguiu mais um voto do que aquilo que estava, à partida, garantido. Admitindo a existência de grupos parlamentares relativamente disciplinados, e também de vasos comunicantes, de onde terá vindo o voto a mais na Direita?

 

Depois, houve a eleição dos vice-presidentes do parlamento. Vota-se aceitando ou rejeitando os candidatos. Jorge Lacão, candidato do PS somou 122 votos, nem mais um. Todos os outros candidatos, até José Manuel Pureza, do BE, tiveram votos de aceitação de deputados da Direita. Apenas Jorge Lacão não obteve mais votos do aqueles que lhe garantiria a soma aritmética dos votos da Esquerda coesa e unida.

 

Nos votos à justa de Lacão, onde não se insinua qualquer trânsfuga, e no voto a mais de Fernando Negrão, não andará a participação de André Silva, o eleito do PAN? Que novidades trará a apresentação do Governo Passos Coelho-Portas?

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publicado às 20:09

Um homem para os momentos

por Tempos Modernos, em 18.10.15

António Barreto disse ao Diário de Notícias preferir "os credores aos comunistas".

 

Para não recuar muito, nos últimos quatro anos, o muito, muito antigo ministro do PS preferiu sempre qualquer coisinha à constituição, à esquerda, aos comunistas, aos socialistas, aos fucnionários públicos, aos portugueses.

 

Nas ocasiões em que os interesses da comunicação social tiveram interesse em publicar coisas interessantes nas primeiras páginas, Barreto nunca lhes faltou.

 

Um bem haja de todos nós.

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publicado às 16:11

Uma publicação dirigida pelo antigo assessor de Durão Barroso e com as mãos de Alexandre Relvas e José Manuel Fernandes deve dar uma cena janota.

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publicado às 19:18

Espantoso espanto

por Tempos Modernos, em 09.09.12

 (foto: RTP)

 

 No dia a seguir à vitória de Passos Coelho, no Camões, falei sobre os resultados eleitorais com uma recém-licenciada em Direito, dessas pré-Bolonha, de aviário, que com três anos de formação acham saber tanto como com cinco e andam zangadas com a Ordem dos Advogados que as força a fazer exames de admissão.

 

Tinha votado no PSD e estava bastante esperançada no Governo que aí vinha. Eu e uma terceira interlocutora contámos da nossa completa falta de ilusões na coligação, que nem a boa notícia do afastamento de Sócrates temperava. Nem as promessas, nem prática, nem ideias, justificavam o optimismo.

 

Desde anteontem, não deixam de espantar as pessoas na rua, directos televisivos, comentadores encartados. Anda demasiada gente admirada com o aumento da taxa da segurança social: que ninguém estava à espera disto, que não foi para isto que votaram no Passos.

 

O estranho é que em paralelo não têm faltado previsões e alertas acertados acerca das consequências e objectivos das políticas do Executivo PSD/CDS-PP. Têm chegado de partidos mais à esquerda (aliás, há muitos anos), de sectores do PS, da blogosfera, das redes sociais e até de economistas.

 

Entre esta imensa maioria, o haver tanta gente a sentir-se traída evidencia mais a sua vontade de ser enganada, deixar que outros pensem por si e desleixo em procurar informação do que a falta de alternativas disponível.

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publicado às 21:03


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