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mesmo quando não lhes pedem que as digam.
Cavaco aprovou o código de Trabalho, uma oportunidade aproveitada pelo PSD e CDS para um ajuste de contas, com a cumplicidade ou pelo menos a permissividade do PS e da UGT.
Entre os argumentos para não enviar a lei ao Tribunal Constitucional, o Presidente da República refere os "apenas" 15 por cento de comunistas, bloquistas e verdes que votaram contra ela.
Esquece que mais de 50 por cento dos eleitores votaram em Cavaco para cumprir e fazer cumprir a Constituição, pese embora os seus baixos indíces de popularidade e de reconhecimento do trabalho feito.
Esquece ainda que são já 605 mil os que recebem o salário mínimo, mais do dobro que há quatro anos, e que se juntam ao mais de um milhão de desempregados.
Que as sucessivas reformas das leis laborais acompanharam o crescimento do desemprego e não a sua queda, ao contrário do que afirmam a direita, as centrais patronais e a tróica.
Ignoro se o novo código terá ou não elementos que violem a lei fundamental, mas o número de deputados que o viabilizaram não será de certeza um indicador da lisura constitucional do diploma. Que Cavaco ache que sim admira pouco, mas sossega ainda menos.
... vá contando com a necessidade de ter de trabalhar pelo menos mais uns dois anos depois de ter morrido.
João Proença dirá o que quiser sobre salários, como aliás tem dito de outras vezes, mas a assinatura responsável no acordo de concertação social contribui objectiva e directamente para a compressão salarial e para agravar desigualdades.
A administração do Banif prepara-se para fechar vários balcões da rede bancária.
Os despedimentos do Grupo fundado por Horácio Roque afectam também a seguradora Açoreana e embora os jornais refiram um máximo de 160 trabalhadores, serão pelo menos 400 os quadros, muitos deles médios, a quem foi comunicada a dispensa dos serviços, de acordo com informação apurada pelo Tempos Modernos.
Ainda de acordo com outra fonte, o grupo que ainda há pouco mais de dois anos adquiriu a seguradora Global e a sua carteira de clientes, tem estado, em simultâneo, a fazer contratações, com salários mais baixos, e a propôr a entrada a funcionários agora dispensados em companhias para outsorcing.
É impressão minha, ou não perguntaram a João Proença quem teriam sido os dirigentes da CGTP que incentivaram a UGT a negociar o acordo de concertação?
A RTP foi para a rua perguntar às pessoas o que achava do acordo de concertação social.
A julgar pela amostra transmitida, a maior parte não faz um pequena ideia acerca das alterações aprovadas pelo Governo, confederações patronais e UGT. Nem para dizer mal, nem para dizer bem.
De certa forma, ajudam a perceber os motivos que fazem com que o país seja aquilo que é. Não é apenas ignorância, é também demissão cívica. No fundo, não merecem mais do que o que têm.
Apesar de ter mandado alguns hipermercados fechar aos domingos, o antigo ministro da Economia de António Guterres rendeu-se entretanto ao modelo chinês.
Confesso que gostava de saber se o seu salário está alinhado com os níveis de competitividade portugueses.
Mas gostava ainda mais de saber que vantagens tira o país das convicções terceiro-mundistas de sucessivos governantes.
Boa parte dos eleitores do PS não se reconhecem nas medidas que o seu partido leva a cabo quando passa pelo Governo. Boa parte continua a votar nele por hábito, clubismo ou reiterada concessão do benefício da dúvida.
Não evita, no entanto, que uma ampla massa olhe com esperança para epifenómenos como o Alegre da primeira candidatura presidencial.
Embora previsivelmente não os faça mudar de campo na hora de votar, a assinatura pela UGT do novo acordo de concertação social aliena todos esses eleitores.
Torres Couto, o histórico sindicalista, volta a ser duríssimo com a postura da organização de que foi fundador e polémico secretário-geral. O acordo ontem bastamente elogiado rebenta literalmente nas mãos de que o assinou.
Com a contestação a endurecer também dentro da esquerda socialista, o Governo terá ainda menos espaço para fazer o que vem fazendo.
Nomeações como a de Catroga ou de Celeste Cardona, salários de nove mil contos acumulados com pensões de dois mil, deslocalização das empresas de opinion makers, acordos como o de ontem, criam condições para um novo espírito crítico.
A continuada higienização de pontos de vista levada a cabo pela opinião publicada tem cada vez menos espaço de manobra.
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