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Primeiro, a ideia de sortear automóveis entre os pedidores de facturas é pacóvia e só podia ter saído das cabecitas de patos bravos.
Depois, aumenta as importações, o que joga mal com uma muito auto-publictada aposta governamental.
Por fim, quem ganha com a coisa volta a ser a Alemanha que lá consegue vender em Portugal mais meia dúzia de unidades automóveis.
E nem sequer são carros que saiam da Auto-Europa.
Simbólico, mas ainda assim absolutamente revelador de um certo quadro de indigência mental.
Além da manifesta incompetência e da crença religiosa numa sociedade a tender para o escravocrática e sem direitos sociais, demonstram ter em fraca conta a criatividade e esforço que serão postos na sabotagem de medidas do género.
(Foto: theatlantic.com)
Martin Schaüble, ministro das Finanças alemão e um dos sobredotados que na passada semana inventou o sequestro da banca cipriota, acha que os críticos têm é "inveja" da Alemanha.
No Diário de Notícias dá-se guarida à ideia de que o CDS conseguiu fazer a diferença em relação ao Orçamento de Estado para 2013 diminuindo de 4% para 3,5% da sobretaxa no IRS. Ao fim e ao cabo como se esta não tivesse sido agora criada e já fosse aplicada em orçamentos anteriores.
O que o CDS consegue é uma subida de 3,5% nos impostos a pagar pelos portugueses através da criação de uma sobretaxa nova que não existia. Mas isso não ficava tão bem na fotografia do partidos dos contribuintes.
O Orçamento de Estado para 2013 propunha inicialmente criar uma sobretaxa de IRS no valor de quatro por cento.
Na semana passada, houve quem na comunicação social conseguisse noticiar (aqui e aqui, por exemplo) que a referida sobretaxa (que para já não existe) foi reduzida pelo Governo em meio ponto percentual.
Acreditar na patranha de que tirar 0,5 por cento ao valor de uma taxa que ainda se vai criar correponde a uma baixa de impostos assenta na bissectriz que separa os quadrantes da ingenuidade patológica dos da propaganda descarada.
Ontem, encheram-se notícias com a ideia gasparina de que a sexta avaliação da tróica a Portugal correu que foi uma maravilha. Ainda se está para ver que efeito positivo na economia terá mandar umas dezenas de milhares de funcionários públicos para o desemprego.
Dar de comer a quem tem fome é uma obra meritória. Isabel Jonet não está à altura dela. Não estava antes ao sugerir trabalho em troca do Rendimento Social de Inserção, de forma explícita ou implícita, não está quando desculpa a austeridade. Nem ontem quando voltou à carga na SIC-Notícias com propostas na mesma linha doutrinária.
Isabel Jonet é uma figura saturnina. Em ciclo vicioso, alimenta-se dos filhos que as suas ideias políticas criam e que difunde a partir do palanque legitimador do Banco Alimentar.
Em 1994, após uma temporada no sector financeiro, em Bruxelas, interrompeu o percurso profissional para regressar a Portugal com o marido e acompanhar os estudos dos filhos. De acordo com entrada enciclopédica, a que já ganhou direito, foi então, com mais tempo livre, que decidiu entrar como voluntária para o Banco Alimentar Contra a Fome, a cuja presidência chegou entretanto.
O acompanhamento que pôde e teve a possibilidade de dar aos próprios filhos nega-o aos filhos de outras mães. As suas concepções ideológicas empurram para o trabalho beneficiárias do rendimento social de inserção. Mães que, ao contrário de Isabel Jonet, não têm onde deixar os filhos nem meios para lhes pagar os infantários e as creches.
Um destes dias arrisca-se a deixar-se empurrar para uma candidatura a Belém, como já se leu em caixas de comentários online. É o tipo de figura, saído do fundamentalismo católico-caritativo-demagógico, que encontra fácil receptividade: cansei-me de a criticar sozinho na última redacção por onde passei. E, no entanto, quanto mais abre a boca mais seguro estou da minha razão.
Nota: Este post já estava escrito há vário meses mas perdera a oportunidade de publicação. Sabia-se que mais cedo que tarde viria a tornar-se útil. Regressa-se agora a ele ao notar pela blogosfera - aqui e aqui, por exemplo - que Isabel Jonet não larga o proselitismo.
* da 1ª Carta aos Coríntios, São Paulo. 1 Cor 13,4-6.
Durante as anteriores depressões mundiais, não existia internet, nem redes sociais.
A destruição de África nos pós-independências, acometida pela descida dos preços das matérias primas e forçada a assumir empréstimos esmagadores, não comoveu ninguém fora do humanitarismo pop dos Live Aid.
Os japoneses dos anos 1990 e os sul-americanos da década de 1980 sofreram dentro de fronteiras o seu próprio empobrecimento.
Em Portugal, a zanga tem trepado. Acabou o tempo dos encolheres de ombros conformados, crentes nas virtudes da austeridade cega e na fábula da cigara e da formiga. Não são já esses a maioria dos que se ouvem nos directos televisivos. Nenhum governante sai já à rua sozinho. Não tarda, comentadores irão pelo mesmo caminho.
Se, como tudo indica - a cupidez criminosa da Finança, do FMI e dos bancos centrais não dá para mais -, a crise europeia e norte-americana galgar os muros, não se espere que os povos voltem a sentir-se sozinhos. A rede tratará de unir os pontos, a aproximar as fomes, as misérias, as falências. E identificará seus autores e responsáveis. No Ocidente, o apagão digital dificilmente será consentido.
Duvida-se que a humanidade esperasse vir a viver tempos tão interessantes.
No Jornal i, Mira Amaral queixa-se dos impostos que têm de pagar os desgraçadinhos que ganham dez mil euros por mês. Mais à frente, declara pertencer à classe média. Ensaia também uns queixumes sobre a falta de respeito em relação aos universitários que vão para a política.
Ficam muitas dúvidas sobre se durante o tempo da entrevista ele e a jornalista estarão sintonizados em conceitos básicos.
Já sobre a falta de sintonia dos sobas nacionais com o país só há certezas. Isso explica muito as medidas tomadas pelo (seu) PSD que agora critica.
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